José Valente Ferreira, ex-comandante dos Bombeiros Voluntários de Albergaria-a-Velha, e fotógrafo por paixão, confessa-se bafejado pela sorte: fotografou, na cidade de Albergaria-a-Velha, uma Escrevedeira rústica (Emberiza rustica), considerada, literalmente, uma ave rara, em registos fotográficos, e que, contando com esta, apenas foi avistada cinco vezes em Portugal. Os ornitologistas rejubilam e querem vir a Albergaria, tentar também a sua sorte. Porém, parece que a raridade já voou para outras paragens.
Fotógrafo nos tempos livres, não só de aves mas também de paisagens e outros animais, José Valente desconhecia, na altura em que fotografou o pássaro, que o seu feito iria causar tão grande entusiasmo entre os especialistas.
“Eu não sabia de que ave se tratava, não sou muito entendido no assunto, mas publiquei a foto na página do facebook do Grupo Ornitológico de Aveiro, onde foi logo identificada”, contou ao Jornal de Albergaria. Ficou então a saber que a sua fotografia era uma vitória invejável, por ser uma ave muito difícil de encontrar, e ainda mais difícil de fotografar, em Portugal.
A escrevedeira-rústica (Emberiza rustica) distribui-se principalmente pela Ásia, e na Europa – limite ocidental da sua área de distribuição – encontra-se sobretudo na Suécia e na Finlândia, migrando para Sul, mas não sendo nada habitual na região, segundo os especialistas.
Acontece que, dia 1 de dezembro, José Valente estava a tentar captar imagens junto à sede do Grupo Folclórico e Etnográfico de Albergaria, e avistou, nos quintais próximos, aquela ave de que desconhecia o nome, a proveniência e a importância científica. Achou-a bonita e captou-a com a sua máquina fotográfica, a uns 10 metros de distância, com o habitual cuidado para não fazer qualquer barulho que pudesse assustar o alvo.
A escrevedeira-rústica esteve pousada no ramo cerca de 30 segundos e depois voou, não voltando a ser avistada, segundo relata o fotógrafo. “Foi tempo suficiente para disparar várias vezes. Tirei várias fotos e aproveitei umas seis ou sete”.
José Valente afirma que ficou surpreendido com o sucesso alcançado pela fotografia, mas, pessoalmente, sente-se satisfeito, sobretudo, por ter conseguido uma bela imagem, com boa qualidade.