Entre bifanas e boa disposição, a Associação de Jovens Empreendedores (AJE) de Albergaria deu posse aos novos órgãos sociais, com a promessa de recuperar o dinamismo que a fez nascer, numa cerimónia simbolicamente marcada para a noite de 25 de Abril.
A Associação de Jovens Empreendedores (AJE) de Albergaria reuniu 97 pessoas, entre amigos da causa, família e representantes políticos locais, para a tomada de posse dos novos órgãos sociais, eleitos em fevereiro deste ano.
O antigo Quartel dos Bombeiros, no dia 25 de abril, simbolicamente escolhido, foi palco de um jantar descontraído em que os cerca de 60 membros da AJE, com a ajuda das mãos que criaram as famosas bifanas do Katanga, trataram de preparar a sala, servir às mesas e assumir o mandato para os dois anos seguintes.
“Queremos ajudar os novos empreendedores de Albergaria em candidaturas a apoios regionais, nacionais e europeus. Queremos ser esta ponte entre os jovens do concelho e as oportunidades que os esperam”, partilha Filipe Marques, atual presidente da AJE, com o Jornal de Albergaria (JA).
O presidente, como detalhou igualmente no discurso de tomada de posse, afirma que a AJE tem um plano de atividades estruturado até dezembro, com o objetivo principal de trazer conhecimento e financiamento para o concelho, com grande aposta em quatro áreas: transição digital, empreendedorismo ambiental, social e empresarial.
As Olimpíadas de Albergaria – com torneios de futebol, basquete, tênis e padel – um torneio de e-sports (desporto virtual), um passeio de motorizadas e o Balde Maior, uma tradição de Valmaior que os jovens contam trazer para Albergaria, são algumas das atividades que têm planeadas. Numa vertente educacional, a AJE conta realizar palestras sobre temas como educação fiscal, empreendedorismo ambiental e aplicação da tecnologia na agricultura.
“Um orgulho enorme”
Tiago Chará, fundador da AJE, criada em 2011, e primeiro presidente da Associação, conta ao JA, ter avançado com a ideia por sentir um afastamento dos jovens a Albergaria, especialmente quando seguiam para o Ensino Superior. “Eu tive a ideia, mas houve muita gente que acreditou no projeto. A AJE vai num bom caminho e dá-me um orgulho enorme saber que, 12 anos depois, ainda há pessoas que veem sentido nisto”, comenta.
O fundador recorda que um dos primeiros projetos da AJE era ir à Escola Secundária falar de empreendedorismo. O presidente da Câmara Municipal de Albergaria, António Loureiro, lembra-se deste projeto como uma “maneira diferente de entrar nas escolas, mais eficaz para chegar aos jovens”, acrescentando que a Câmara e a AJE sempre se apoiaram mutuamente. Outro exemplo desta cooperação, diz, foi o projeto municipal de apoio à criação de postos de trabalho, no qual um dos júris foi a Associação.
“Estamos focados em ajudar a dar uma nova vida à Associação, honrando sempre o trabalho das anteriores direções”, compromete-se António Loureiro, realçando a importância das carreiras profissionais de sucesso dos jovens da AJE “na criação de contactos e desenvolvimento de projetos, que sempre acompanham as tendências do mercado atual”.
Voltar às origens e olhar em frente
Os novos órgãos sociais começam a ser chamados por Diana Tavares, presidente da Assembleia Geral, que seguiu nomeando os colegas, entre os quais se encontra Tiago Chará como presidente do conselho Fiscal, um departamento responsável pelo Apoio ao Jovem e uma equipa de 20 vogais. O Tesoureiro, Pedro Santos, foi o primeiro membro da Direção a ser chamado, seguindo-se Maria Simões como Secretária-Geral que frisou ser “uma honra, como mulher, representar um cargo na direção da AJE”.
Guilherme Martins e Pedro Figueiredo assumiram, em conjunto, a vice-presidência. O primeiro lembrou a importância da efeméride celebrada naquela noite, o 25 de Abril, como “um dos dias mais importantes na história de Portugal”. O vice-presidente acrescenta que “integrar e dinamizar” dentro do empreendedorismo é a forma de excelência para “aproximar os jovens às empresas e sociedade em geral”, considerando central ouvir a “opinião da massa jovem de Albergaria”.
Pedro Figueiredo usa a própria pessoa para espelhar a pluralidade de backgrounds e espírito de superação que vê na AJE, sendo licenciado em engenharia automóvel e gestão de empresas e afirmando não estar à vontade para falar em público, algo que fez naquela noite. “O nosso grande objetivo é recuperar o esforço e ambição dos nossos fundadores”, continua, e termina com confiança e um desejo: “Vamos poder alcançar tudo, não há limites. Albergaria é grande parte da identidade da AJE e o nosso objetivo é que a AJE seja parte integral de Albergaria”.
Para o ano, querem o dobro
Filipe Marques começa por lamentar o atraso na cerimónia, “são dores de crescimento”, e agradecer a presença de António Loureiro “um bom exemplo de como não há distância entre ser empreendedor e ser-se pessoa”; Henrique Caetano, presidente da Junta de Freguesia de Ribeira de Fráguas e Carlos Coelho, presidente da Junta da Branca “que nunca, nos seus discursos, se esqueceu dos jovens”.
O presidente agradeceu igualmente às empresas presentes, ao professor Jorge Martins e a Rui Marques, seu pai, “que esteve presente em todos os dias da minha vida e não me esqueço disso”, diz, emocionado, por ser também este o seu primeiro discurso em Albergaria. O presidente reforça a confiança na equipa com quem tem “relações de confiança de há muito tempo” e espera que, para o ano, tenham duplicado o número de sócios e espectadores.
Por fim, Filipe Marques fala da importância do Associativismo para a AJE, onde “ninguém recebe salários e toda a gente recebe trabalho”. Para o presidente, o Associativismo é interação social e diversidade, como espelhado pelas diferentes profissões dos membros da AJE – economistas, gestores, operários, atletas, agricultores, entre outros – algo que lhes permite ter um melhor cenário do que é a realidade social do país e faz com que seja mais fácil “perceber as dificuldades de quem está ao nosso lado”.
Mensagens de força
Antes de passar a palavra, o presidente leu uma mensagem deixada por Artur Torres Pereira, médico e político português, de apoio à Associação, elogiando-a por “valorizar o coletivo e não o individual e premiar o mérito em vez do privilégio”. O antigo deputado do PSD louva os jovens por trocarem a “zona de conforto pelo Desassossego de que falava Fernando Pessoa”.
Tiago Chará e António Loureiro fecham a noite com palavras encorajadoras. “No dia da Liberdade, são livres para fazer da AJE o que vocês quiserem”, desafia o fundador, e agradece aos “patrocinadores, apoiantes e presenças assíduas” que ajudaram a AJE a arrancar, mencionando nomes como Pedro Martins Pereira da Larus e António Loureiro, à época empreendedor.
O presidente da Câmara devolve o elogio. “A AJE está hoje ativa e respeita sempre o seu passado. Quando estamos na vida e queremos que alguém faça algo melhor que nós é porque estamos de consciência tranquila”, diz, referindo-se a Tiago Chará. António Loureiro deixa alguns conselhos à nova equipa e as portas do Município abertas. “É sempre ir buscar alguém que saiba mais que nós. Sejam críticos, venham com ideias e, acima de tudo, não desistam. Não tenham medo de errar, é assim que se aprende”.