Estratégia da Região de Aveiro apresentada como indispensável “para ir a jogo”

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O Programa UNIR@RegiãodeAveiro, Estratégia Integrada e Plano de Ação da Região de Aveiro 2030 constituem instrumentos determinantes para o futuro, com a sustentabilidade e o ambiente na primeira linha de preocupações. Instrumentos que implicam capacidade de negociação e sintonia entre os 11 concelhos da Comunidade Intermunicipal de Região de Aveiro (CIRA). Tudo isto foi explicado, no final da tarde de ontem, na Biblioteca Municipal Albergaria, na 5.ª das 11 sessões que irão ser efetuadas percorrendo todos os municípios da CIRA.  

O encontro contou com sala cheia e teve por objetivo “partilhar informação, recolher contributos e esclarecer dúvidas”, como disse Ribau Esteves. O presidente da CIRA deixou claro que “para ir a jogo” é necessário planeamento e estratégia, e que “não há jantares de borla”, pois receber fundos comunitários também implica cumprir os objetivos definidos pela União Europeia.

Neste sentido, cada município deve saber o que quer para si, articular-se com os seus parceiros e ter uma visão alargada e de conjunto.

António Loureiro, presidente da Câmara, salientou o contributo que Albergaria tem dado para a estratégia integrada de desenvolvimento territorial, apresentou o seu plano de ação multissetorial, definido para a Albergaria 2030, e defendeu a junção de esforços no âmbito da CIRA, pois “um município sozinho não tem capacidade, nem massa crítica para defender um conjunto de valores territoriais”.

José Eduardo Matos, secretário Executivo da CIRA, considerou que o processo negocial “é como um Turco [biscoito típico de Albergaria], duro no início, mas doce no final”. Aproveitando a metáfora, António Loureiro declarou: “Faço questão de ser meio turco nas negociações”.

Em causa estão projetos estruturantes, “multifundo”, que ultrapassam o que os fundos comunitários poderão proporcionar. Contudo, estes têm capital importância. Dos 23 milhões de euros do Portugal 2030, 2.200 milhões serão para o Programa Regional do Centro e, deste valor, 900 milhões destinam-se às oito comunidades intermunicipais da Região Centro (100 municípios). Desse bolo, uma fatia irá para a Comunidade Intermunicipal de Região de Aveiro, que integra 11 municípios. O tamanho dessa fatia está por definir, mas será entre 90 e 140 milhões de euros. “Temos que ter uma estratégia integrada para podermos ir a jogo e conquistar a nossa fatia”, realçou Ribau Esteves.

Susana Loureiro, representante do consórcio (SPI/CPU/UA) que venceu o concurso público lançado pela CIRA, para elaborar o documento estratégico, explicou a metodologia utilizada, as fragilidades encontradas e o trabalho desenvolvido no terreno com cada um dos municípios. “Foi bom trabalhar convosco”, afirmou, acrescentando que a estratégia contempla muitos projetos que não passam pela CIRA, mas por empresas, associações e outros agentes de desenvolvimento que importa mobilizar.

O domínio ambiental, em especial a adaptação às alterações climáticas, é a preocupação prioritária, sem esquecer as áreas da educação, saúde, inclusão social, desenvolvimento económico e inovação.

Filipe Teles, pró-reitor da Universidade de Aveiro, responsável pela definição da estratégia, lembrou o anterior horizonte temporal 2014-2020, cuja “pedra de toque” foi dotar a Região de Aveiro de capacidade competitiva, apostando na inovação e conhecimento. “Já houve resultados, mas isso continua a ser uma prioridade, à qual acrescentamos um aspeto determinante, na agenda europeia, nacional e regional: a sustentabilidade ambiental”.

Todos sublinharam que o conjunto de projetos âncora ultrapassa muito o valor dos fundos comunitários, sendo necessário encontrar outras fontes de financiamento.

No período de debate, apesar da grande quantidade de cidadãos que encheu o auditório da biblioteca, as intervenções foram escassas, com apenas duas pessoas a intervir, da assistência. No final, um dos intervenientes aplaudiu a capacidade de “pensar o futuro de um modo integrado, sem ser cada um a pensar por si”.