Em campanha eleitoral para as Legislativas ’24, o Partido Socialista dedicou a manhã ao concelho de Albergaria, com o propósito de escutar o local para melhor decidir no nacional, como disse Susana Correia, deputada pelo círculo eleitoral de Aveiro. Em conversa com o JA, a eleita de Santa Maria da Feira reconhece falhas na descentralização e garante melhorias.
A campanha eleitoral do Partido Socialista (PS) começou no Mercado Municipal de Albergaria para medir o pulso ao comércio local. “Este vir ao terreno em várias áreas de um concelho tem sido mesmo o objetivo da campanha. Seja padeiro, produtor de leite, bombeiro, médico, enfermeiro, vendedora de fruta ou cuidadora, todos são precisos numa campanha eleitoral. Mais do que estar no conforto do Gabinete, vir ao terreno é essencial e enriquecedor”, disse, ao JA, Susana Correia, deputada na Assembleia, eleita pelo círculo eleitoral de Aveiro.
A comitiva seguiu para a Santa Casa da Misericórdia de Albergaria-a-Velha para escutar o setor social, que consideram aliado essencial à Saúde na resposta à população mais idosa, como mencionado por Pedro Nuno Santos, secretário-geral do PS e cabeça de lista pelo círculo eleitoral de Aveiro, ao longo dos debates televisivos – por exemplo, frente a Mariana Mortágua.
“As autarquias, setor social, área da Saúde e segurança social têm de trabalhar em articulação e a descentralização de competências foi a prova disso. O primeiro grande teste foi mesmo a pandemia, que demonstrou como se produzem bons e rápidos resultados quando se trabalha em articulação”, lembrou Susana Correia.
Descentralizar sem recuar
Ainda no tema da descentralização e face às críticas da oposição a nível local e nacional sobre a falta de envelope financeiro para a concretização plena das competências transferidas para órgãos locais, Susana Correia garantiu que o PS quer fazer melhor. “Não foi tudo perfeito, mas tínhamos de começar por algum lado. Os projetos-piloto servem para saber o que corrigir. Eu não acredito que alguém ache que num processo de descentralização desta dimensão nas áreas da Educação, Saúde e Ação Social, no dia seguinte, estivesse tudo perfeito. Não fazer seria pior”, defendeu.
Susana Correia assegurou que as reformulações necessárias têm vindo a ser feitas e vão continuar a ser. “O poder local é o que está mais próximo das dificuldades. Não podemos recuar neste processo. Seria ter um centralismo que não responde de igual forma à iniquidade nos vários territórios e reforçar o país a duas velocidades – por muito boa que seja uma política pública, ela não pode responder a todos de igual forma e o poder local tem esse papel de conhecer bem a população”, advogou.
A antiga presidente da Junta de Freguesia de Espargo (Santa Maria da Feira) exemplificou esta adaptabilidade de serviços, assegurada por uma descentralização plena, com a área da Saúde e as doenças mais incisivas em cada localidade. “Em Santa Maria da Feira vamos ter de apostar seriamente no rastreio ao cancro do pulmão por causa da indústria corticeira e isso difere de Ílhavo onde as pessoas trabalham mais na pesca. O diagnóstico diferenciado por áreas locais de Saúde vai fazer toda a diferença”, assegurou.
Dificuldades dos Bombeiros e uma estreia de campanha
Em despedida da freguesia, o grupo, onde estiveram Firmino Ruas Mendes, candidato de Albergaria pelo círculo eleitoral de Aveiro; e Jesus Vidinha, presidente da Assembleia Geral da CPC de Albergaria, seguiu para o Quartel dos Bombeiros do concelho. Susana Correia enumerou como principais preocupações transmitidas ao partido: criação de carreira na profissão, atração de novo pessoal e a penosidade da profissão, questões reforçadas na reunião que o PS teve com a Federação Distrital dos Bombeiros.
O JA questionou Susana Correia sobre a votação do PS contra a classificação da profissão como sendo de desgaste rápido e em relação à possibilidade de um subsídio de risco para estes profissionais. “Eu penso que, neste momento, a nível da Administração Interna, há uma conversação com a Liga dos Bombeiros para encontrar solução para estas questões, que não podemos dizer que não existem”, terminou.
No final da passagem por Albergaria, José Cândido e André Almeida, um dos fundadores e o gerente da Agroangejense, respetivamente, deram as boas-vindas aos candidatos socialistas. “Viemos para conhecer a realidade por dentro. Creio que é a primeira vez no distrito de Aveiro que o PS visita, em campanha, o setor da agropecuária. Estamos aqui para ouvir”, anunciou Jesus Vidinha. A falta de mão-de-obra e a dificuldade em rentabilizar face aos elevados custos de produção foram os grandes desafios enunciados pelos responsáveis do negócio familiar de Angeja.