Do sonho à realidade: deixar a vida urbana para trás e entrar em simbiose com a natureza. Trocar o stress do dia a dia por um ambiente tranquilo, sereno e acima de tudo seguro. Fazer uso dos nossos cinco sentidos, como se da primeira vez se tratasse, ao pousar o olhar sob o tesouro que se esconde para lá da montanha que dá pelo nome de QUINTA DO CAIMA.
Este empreendimento turístico, situado nas margens do Rio Caima (na Rua da Feiteira – freguesia da Branca) está “escondido” num vale e tem o verde das árvores envolventes como pano de fundo. Passeios e batismos a cavalo, quinta com animais (cavalos, lamas, burros, cabras anãs, coelhos, suricatas…), parque radical, alojamento em bungalows, passeios pelas margens do Caima (do moinho até aos açudes, passando pelas ruínas da antiga fábrica de papel), piscina e bar que serve refeições ligeiras são algumas das opções disponíveis para passar bons momentos com a família e amigos. O complexo turístico está disponível em vários sites de alojamentos na internet.
Mas, afinal, como surgiu este pequeno paraíso no meio da natureza? Pois bem, parece que tudo não passou de uma casualidade e, passo após passo, as coisas evoluíram até aquilo que são hoje. Luís Capela é o responsável pela criação da Quinta do Caima e explicou ao Jornal de Albergaria como tudo começou.
“Tenho uma empresa de construção de casas de madeira e, na altura, andava à procura de um pavilhão para me estabelecer e alargar empresa. Vim a saber que a antiga Fábrica do Caima estava em leilão. Eram 19 artigos e eu comprei-os todos com o meu pai”. Apesar da propriedade, que tem cerca de 50 hectares, estar licenciada para turismo, Luís Capela admite que quando comprou os lotes estava apenas focado em alargar a empresa. “Eu e o meu pai pensámos fazer algo em grande aqui, mas era algo que financeiramente não tinha pernas para andar”, conta. As circunstâncias da vida fizeram com que toda a parte edificada do espaço comprado ficasse a seu encargo. “Comecei lentamente a investir aqui, a fazer limpezas às silvas e a reconstruir algumas coisas. Na altura havia aqui muito vandalismo. Infelizmente, este espaço era considerado de toda a gente. A fábrica ficou a dever dinheiro aos trabalhadores e eles achavam-se no direito de entrar aqui e tirar os cabos elétricos, janelas… O ferro desapareceu todo, agora só se vê betão!”, explica o proprietário da Quinta do Caima.
E foi com o intuito de proteger a propriedade que Luís Capela, natural de Angola, e a esposa, Susana Capela, natural de Santo Tirso, acabaram por mudar a sua residência e ir viver para a antiga casa dos proprietários da fábrica do Caima. “A primeira coisa que fiz foi reconstruir a minha casa de habitação- mantive a traça original- e vim para aqui morar. Entretanto também comecei a colocar portões e placas a dizer que isto era propriedade privada”, conta Luís.
A Quinta do Caima abriu há 4 anos ao público. Começou a funcionar com piscina (capacidade para 40 pessoas) e bar (capacidade para 70 pessoas). Entretanto foi criado um parque radical para aqueles que são mais aventureiros. De forma semelhante, foram construídos bungalows para os que preferem relaxar. Luís Capela explica que se apercebeu que “havia uma zona de depósito de madeira da antiga fábrica… um espaço amplo e que tinha potencial. Comecei a colocar lá as casas de madeira e percebi que era interessante dinamizar a área para alojamento local”.
Mas se pensa que tudo isto fica por aqui engane-se! Está a ser desenvolvido um novo projeto que entrou recentemente na Câmara: a construção de aldeamento turístico que terá 10 casas de madeira. Neste momento existem 6 casas, que albergam no mínimo 30 pessoas.
A recuperação de moinho que existe no Carvalhal também é algo que se pretende para um futuro próximo. “É um moinho industrial de dimensão considerável. Tem 7 mós, 20 metro de cumprimento por 10 de largura! Era um moinho que era alugado a pessoas para virem moer. Agora está esquecido”, lamenta Luís Capela.
Susana Capela que se juntou à conversa, explicou também que uma das pretensões seria “fazer uma sessão fotográfica com o antes e depois, ou seja, mostrar à comunidade como o espaço era antes e como está agora”. Revelou ainda que um dos objetivos futuros é a criação de um lar de idosos. “Aparecem aqui muita pessoas que foram trabalhadoras na fábrica e gostamos de ouvir toda as histórias que eles no contam. Este é um espaço de memórias e gostávamos de perpetuar isso através dos mais idosos”, declara Susana Capela.
VALORES
– 7 euros os adultos
– Crianças até aos 4 anos não pagam
– A partir dos 4 até aos 10 anos pagam 5 euros
– Horários: todos os dias das 11:00h às 19:00h
Alojamento
“T1” com capacidade para 4 pessoas, 50€/ noite. (Apenas em Julho)
OFERTAS DISPONÍVEIS
– alojamento em bungalow
– piscina (reservar através de contacto telefónico ou pela página do facebook da Qinta do Caima)
– bar com refeições ligeiras (sandes e saladas)
– quinta pedagógica (mediante reserva)
– baptismo e/ou passeios a cavalo (mediante reserva)
– parque aventura ( mediante reserva)
– aluguer de espaço para festas de aniversário em espaço fechado ou ar livre
-organização de Campos de férias (mediante reservas)
– organização de passeios pelas margens do Caima (mediante reserva)
Reservas através dos seguintes contatos:
926 579 698 ou 916 819 599
A história da Quinta do Caima
De albergaria (1888-1993) a Constância (1960 até ao momento)
Aquilo que é hoje a Quinta do Caima, esconde uma longínqua história com mais de 130 anos. A Fábrica no concelho de Albergaria é a “fábrica-mãe”, local onde se pensou o que viria a ser a Fábrica de Constância. De forma mais ou menos resumida, contamos todo esse percurso!
A Quinta do Caima foi o local escolhido para instalar a primeira unidade fabril de celulose do Caima, a “The Caima Timber Estate & Wood Pulp Company, Limited”. Em 1888 uma família anglo-sueca Bergvist, residente no Porto, funda a empresa. No ano seguinte a empresa adquire a quinta do Carvalhal, que pertencia ao director das Minas do Palhal, William Cruikshank. O objectivo inicial seria montar uma fábrica de fiação de tecidos e outra de moagem de madeira para o fabrico de pasta de papel.
As instalações da fábrica de celulose seriam abertas pelo engenheiro químico Erik Daniel Bergvist, edificando assim a primeira fábrica de produção de pasta química em Portugal. A “Fábrica do Caima”, como era popularmente conhecida, viria a tornar-se na mais importante produtora de pasta de papel do nosso país, sendo durante dezenas de anos a maior fonte de rendimento de centenas de famílias da Branca e Ribeira de Fráguas, quer como entidade empregadora, quer como compradora de matéria-prima.
No dia 19 de Abril de 1922 a empresa, sociedade por quotas, reduz o seu nome para “Caima Pulp Company, Limited”. Depois de implementarem a plantação de eucaliptos, iniciaram em 1925 a comercialização da pasta dessa matéria-prima, que, substituindo pouco a pouco o pinheiro, transformar-se-ia na fábrica de pasta de papel de eucalipto mais antiga da Europa. Em meados do séc. XX a multinacional anglo-americana Hibstock Jhonson Breaks compra cerca de 500 acções na bolsa de Londres, adquirindo assim a Caima Pulp Company, Limited. Na década de 1960 construiu-se a segunda fábrica, em Constância, tornando-se pioneira, a nível mundial, no processo de branqueamento de pasta de papel sem cloro.
Por escritura lavrada a 29 de Junho de 1973, a empresa adapta a sua designação para Companhia de Celulose do Caima, S.A.R.L. e, em 1981, abre o respectivo capital à subscrição pública.
No dia 9 de Julho de 1993 a fábrica do Carvalhal, ainda pertencente à multinacional Hibstock Jhonson, deixa de laborar. A crise internacional (descida do preço da pasta celulósica e diminuição drástica do preço da madeira), a poluição do rio Caima, o atraso na instalação de equipamentos de depuração dos efluentes e a administração do uso de transportes, foram algumas das razões apontadas para o seu desmantelamento. Toda a actividade da empresa ficaria concentrada na fábrica de Constância Sul.
Em 1994, as antigas instalações do Carvalhal são adquiridas pela papeleira REFICEL – Sociedade e Recuperação de Fibras Celulósicas. No entanto, o arranque da atividade industrial só aconteceria 5 anos mais tarde.
Em 1998 o Grupo Cofina adquire uma participação minoritária no capital da Companhia de Celulose do Caima, S.A.. Em Dezembro de 2000, na sequência de uma oferta pública de aquisição (OPA) a Cofina passa a deter uma posição de controlo da empresa, garantindo a grande maioria do capital social.
Em 1999, a REFICEL receberia finalmente o financiamento para o projecto industrial associado à compra da fábrica do Carvalhal, no entanto, a sociedade acabaria por falir pouco tempo depois . Após falência , em 2001, as instalações da Fábrica do Carvalhal passam para os respectivos bancos credores.
No início de 2002 dá-se um processo de reestruturação do Grupo Caima, nesta altura composto por três fábricas de pasta de papel e uma fábrica de papel. A “Companhia de Celulose do Caima, S.A.” é convertida em sociedade gestora de participações sociais (“Celulose do Caima, S.G.P.S., S.A.”) e é constituída a “Caima – Industria de Celulose, S.A.”, para a qual foram transferidos todos os activos e passivos afectos à actividade operacional de fabrico e comercialização de pasta de papel.
Em 2005 dá-se um projecto de separação de negócios do grupo COFINA, criando a ALTRI, S.G.P.S., S.A. para integrar os activos industriais, nomeadamente a Caima, na produção de pasta de papel e exploração florestal de produção de energia a partir de recursos renováveis. Em 2008, a ALTRI já detinha a totalidade do capital social da Celulose do Caima.
A Altri é um produtor europeu de referência no sector de pasta de papel. Atualmente a Altri tem três fábricas de pasta de eucalipto branqueado – a Caima, a Celbi e a Celtejo – com uma capacidade anual nominal superior a 1 milhão de toneladas. A gestão florestal desempenha um papel central na atividade da Altri. Em Portugal, gere cerca de 84 mil hectares de floresta certificada, o que que garante uma autossuficiência florestal da ordem dos 25%. Fonte: PRAVE