Participar, ser racional e não ligar o “complicómetro”. Foi o que pediu António Loureiro aos presentes na terceira sessão de esclarecimento sobre o impacto da Linha Ferroviária de Alta Velocidade, que decorreu, hoje, na Junta de Freguesia da Branca. Para minorar os prejuízos que aí vêm, o Município sugeriu às Infraestruturas de Portugal a construção de um “bypass”, ou seja, uma interligação por meio de um viaduto, que poupará uma série de moradias, no lugar do Soutelo.
Caso avance a hipótese de traçado a nascente da autoestrada (solução A), que se afigura como a mais provável, serão afetadas várias casas em Soutelo, na freguesia da Branca. Se o traçado passar a poente (solução B), a freguesia será poupada. Contudo, esta hipótese parece perder força, pois é a que tem impacto mais negativo no concelho de Albergaria e também no de Estarreja, onde a linha irá causar estragos bem maiores. “Em Canelas, estão a protestar e preferem a solução A”, informou Delfim Bismarck.
A palavra “bypass” já se tornou familiar entre os populares, cada vez mais esclarecidos sobre um tema que lhes diz respeito diretamente. A construção de uma interligação por meio de um viaduto que passará por cima de várias casas é apresentada como a alternativa “menos má”.
“Toda a Branca deverá tentar ‘empurrar’ para a solução A, com o ‘bypass’, mas temos que estar conscientes de que poderá não ser aceite”, salientou o presidente da Junta de Freguesia, Carlos Coelho.
“Temos que ser racionais e objetivos. Todos vamos sofrer com o impacto sonoro e visual, mas temos que fazer opções, pois se quisermos tudo, perdemos tudo”, defendeu, por sua vez, o presidente do Município.
António Loureiro, tal como nas sessões anteriores, pediu às pessoas cujas casas podem vir a ser afetadas, para, até terça-feira, se dirigirem à Câmara, onde há um conjunto de técnicos destacadas para ajudarem a preencher a participação na plataforma Participa.pt.
“Qualquer cidadão pode intervir, mas não vamos ligar o complicómetro”, realçou o edil, perante uma assistência constituída maioritariamente por rostos preocupados.
“Tenho 50 anos, não quero voltar para casa dos meus pais”, comentou uma moradora de Soutelo, que vê a sua casa ameaçada pela ferrovia.
Muitos dos presentes manifestaram a sua apreensão e colocaram perguntas, muitas delas sem resposta, pois há aspetos que a Infraestruturas de Portugal (IP) ainda não clarificou. É o caso das indemnizações. Eduardo Ferreira, arquiteto municipal, lembrou que, na sessão realizada em Ovar, a IP foi questionada sobre o assunto, mas não prestou os esclarecimentos devidos, pois, embora o valor base conste na plataforma, “há muitas dúvidas” sobre os procedimentos. “Na minha opinião, eles próprios não sabem, ainda”, conclui.
António Loureiro fez notar que a Câmara pediu insistentemente, desde 15 de setembro de 2022, uma reunião com a IP, sem ver o seu pedido atendido.
Coube ao vice-presidente da Câmara falar sobre as razões pelas quais o Governo vai avançar com a LAV Porto-Lisboa, e explicar as várias fases de construção. Entre 2025 e 2028, avançará o troço Porto-Soure, em fase de discussão pública até 16 de junho; seguir-se-á o troço Soure-Carregado e, por fim, Carregado-Lisboa, previsto para 2035. A descarbonização e o uso da ferrovia pelo maior número de pessoas são os principais objetivos.
“Tudo isso é muito giro, mas quem sai prejudicado são sempre os mesmos!”, atirou uma voz crítica, em alta velocidade.





