Milhares de alunos formam laço contra maus-tratos na infância

0
648

Os alunos dos Agrupamentos de Escolas de Albergaria e da Branca deram as mãos para formar um laço azul, símbolo da luta contra os maus-tratos nas crianças e jovens. O momento foi o culminar de uma campanha dinamizada pela Comissão de Proteção de Crianças e Jovens de Albergaria (CPCJ) que, este ano, atingiu uma adesão superior ao normal.

“O trabalho junto da Escola é muito importante porque crianças informadas estão mais protegidas, conhecem melhor os seus direitos e sabem identificar situações de maus-tratos”, comenta Filomena Bastos, presidente da CPCJ local, com o Jornal de Albergaria, antes de se juntar aos alunos reunidos na Escola Básica de Albergaria.

A campanha de sensibilização “Serei o que me deres… que seja amor”, com ações ao longo do mês de abril, dinamizadas pela CPCJ de Albergaria, culminou na construção de um laço humano, formado pelos alunos dos Agrupamentos de Escolas de Albergaria (AEAAV) e da Branca, em várias instituições de ensino do concelho, juntando, esta manhã, um total de mais de mil estudantes.

Maria Ramalheira, responsável do Programa de Educação para a Saúde da AEAAV, explica que a corrente humana, para além do simbolismo do laço azul, cor do vestuário dos estudantes, tem um significado acrescido. “Vamos formar um cordão de alunos mais velhos à volta dos mais novos para ilustrar a importância da proteção das crianças pela comunidade”, detalha.

A cantiga é uma arma

Após a logística requerida para organizar os 680 alunos presentes na EB Albergaria, estava formado o símbolo contra os maus-tratos na infância. “Serei o que me deres…”, diziam quatro alunas ao microfone, “que seja amor”, respondiam os colegas, em coro. Antes de todos levantarem as mãos e largarem um grito de parabéns à campanha e permanente alerta para a temática, fez-se um minuto de silêncio pelas vítimas.

Na Branca, os cerca de 500 alunos cantaram um hino original, criado e interpretado pelos próprios, que conta a história da origem do laço azul – a da avó norte-americana Bonnie Finney que, em 1989, pendurou uma fita azul na antena do carro, após o neto ter sofrido de maus-tratos, como forma de despertar a curiosidade das pessoas e poder sensibilizá-las para as crianças em situações de abuso e negligência. O azul foi escolhido para representar as nódoas negras resultantes dos maus-tratos.

“Continua a ser pertinente falar dos direitos das crianças, sobretudo no sentido de as proteger da violência. O impacto desta campanha foi muito grande. Foi o ano em que tivemos mais perguntas sobre os laços, sobre o que significavam e como poderiam aderir; isto significa mais pessoas sensibilizadas”, partilha Catarina Mendes, vereadora da Educação e Ação Social, com o JA.

Na manhã do agrupamento albergariense participaram na formação do laço Sónia Valente, chefe de divisão de Educação e Ação Social do Município; Rúben Coelho em representação do Sport Clube Alba e como ponte entre as Associações do concelho e a CPCJ; o enfermeiro António Miranda a vestir a camisola do setor da Saúde e a professora Anabela Ferreira da Associação de Infância e da Natureza – Casa da Criança.

Gerações unidas

“Queremos que sejam os alunos a preparar a sua própria proteção. Somos todos responsáveis, mas é importante que exista esta sensibilização”, conta-nos a professora Isabel Santos, enquanto apresenta a coleção de postais ilustrados com frases e desenhos criados pelas crianças, a apelar à não-violência na educação em casa. “A violência não é solução”, “Violência não é força é fraqueza” e “Bater não é educar” são alguns dos motes transformados em postal.

Do desenho para a fotografia, a professora Anabela Resgate folheia os retratos dos jovens do 5º ano da EB Albergaria juntos aos avós, utentes da Misericórdia de Albergaria, entrelaçados num laço azul, numa alusão à história de origem do símbolo, a história de uma avó e do seu neto. A exposição passará por vários pontos do concelho e o ponto de partida será a EB de Albergaria, já para a semana (com data certa a definir).