Centenas de ex-paraquedistas vaiaram e pediram a demissão do ministro da Defesa, João Gomes Cravinho, e do Chefe do Estado Maior do Exército, José Nunes da Fonseca, durante as cerimónias comemorativas do Dia do Exército, que tiveram lugar no dia de ontem na cidade de Aveiro.
A indignação e protestos dos ex-paraquedistas, a que se juntaram antigos comandos, baseou-se na suposta proibição dos militares no ativo de cantarem o hino dos paraquedistas, ‘Pátria Mãe’, durante o desfile militar.
Na sua chegada, João Gomes Cravinho foi recebido por um coro de assobios que se prolongaram durante os discursos. Também durante toda a cerimónia ouviram-se gritos de “rua”, “demissão”, “deixa os homens cantar” e “palhaço”, protestos que iam sendo intervalados com cânticos e brado dos paraquedistas.
“Viemos dar um grande apoio à força militar que desfilou aqui, porque proibiram os paraquedistas que marcharam de fazer o cântico, que é a praxe das tropas paraquedistas que é o Pátria Mãe, e proibiram também o marchar à paraquedista porque temos um tipo de marchar especial“, disse à Lusa Joaquim Mesquita, paraquedista de 1972.
Outro paraquedista, Carlos Barbosa, representante da associação de paraquedistas de Vale d`Este, de Barcelos, explicava que nas paradas, “toda a gente adorava ver os paraquedistas pelos cânticos e pela forma de marchar“, lamentando que, agora, tenham retirado isso. “Não podem estar a fazer isto às tropas. Estão a acabar com os paraquedistas aos bocadinhos“, disse este ex-paraquedista à Lusa.
A cerimónia terminou com a PSP a identificar vários antigos militares que se encontravam no protesto. Questionado pelos jornalistas, João Gomes Cravinho, optou por não comentar o protesto.
Marcelo diz não ter havido “proibição” mas sim uma “orientação”
Segundo o Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, “não houve proibição nenhuma” de cânticos nas celebrações mas sim “uma orientação” para que não acontecesse por motivos sanitários.
“Não houve proibição nenhuma, continuará a haver os cânticos, o que houve foi por razões meramente de medida sanitária nesta cerimónia dada uma orientação para que não existisse. Mas foi nesta cerimónia, não como regra geral, que eu acharia estranho, não faria sentido e felizmente não ocorreu“, disse Marcelo Rebelo de Sousa aos jornalistas.