Conversas animadas, boa-disposição, cânticos religiosos, suor e muita motivação são carregados pelos vários grupos de coletes refletores amarelos que enchem a EN1, na zona de Albergaria, com a missão de chegar a Fátima a tempo das celebrações de 13 de maio.
A sinalética na estrada a alertar para a presença de peregrinos na berma faz adivinhar as centenas de caminhantes que passam pelo concelho de Albergaria-a-Velha, na Estrada Nacional 1, rumo a Fátima, a maioria movidos por promessas feitas para os próprios ou para a família e outros como homenagem a falecidos ou voluntariado na prestação de apoio aos fiéis.
“Viemos aqui para apoiar em tudo o que for preciso. Temos águas, dois fisioterapeutas, uma médica, uma enfermeira e dois assistentes. Vamos passar aqui a noite e acompanhar o grupo até Fátima”, conta o grupo da Paróquia de Espinho da Nossa Sra. da Ajuda, ao Jornal de Albergaria (JA), nesta que é a 19ª peregrinação que auxiliam.
Com partida mais a Norte, Maria Nunes, Juliana Abreu e Daniela Meireles; as três de Penafiel, e Elisabete Coelho de Paços de Ferreira, partiram de Paredes e estreiam-se todas nesta aventura, movidas pela resposta de Nossa Senhora às promessas que fizeram pelas famílias e pela saúde das próprias. Vinda de Santo Tirso, com motivação semelhante, fala, ao JA, Gracinda Coelho: “Senti um chamamento, não foi nenhuma promessa que fiz, vim apenas agradecer por tudo”, conta-nos.
Motivos diferentes, caminho comum
Em frente ao Pingo Doce, junto de um aviso onde se lê “Mais perto… Mais seguro! Para Fátima em Segurança”, está Adão Silva, voluntário na peregrinação há 16 anos, a indicar caminho ao grupo da OCDP – Obra de Caridade ao Doente e ao Paralítico de Paredes, que leva mais de 400 peregrinos ao Santuário de Fátima, uma iniciativa da Associação há mais de duas décadas. Mónica Vaz Pinto, voluntária e peregrina há cinco anos, louva a organização da OCDP, não só pela eficácia e preço simbólico da participação, mas por “ser tudo feito com amor, carinho e dedicação”.
O Grupo Sagrado de Coração de Jesus, que partiu de Arco de Baúlhe, Cabeceiras de Basto, no dia 4, descansa as pernas e aquece a voz antes de seguir caminho. Entre cânticos e alongamentos, contam ao JA que esta é uma tradição que cumprem há mais de 20 anos.
Hélder Guimarães veste, literalmente, a camisola do “Por Ti”, nome do grupo familiar de homenagem a José Manuel Magalhães. “Era meu sogro. Ele gostava muito de fazer a peregrinação e partia sempre de Lisboa, desde pequeno. Como nunca fez o caminho a partir da sua terra natal, estamos nós a fazer em sua homenagem”, conta-nos.
O grupo veio de Lisboa e começou a caminhada a partir da Igreja de Santa Senhorinha, em Cabeceiras de Basto, onde nasceu José Manuel Magalhães, por quem hoje caminham o sogro, a filha, o filho, o neto e um amigo.
Fotografias: Beatriz Ribeiro e Francisco Amaral