A noite ficou marcada pela vontade expressa de revitalizar o partido, tendo o distrito de Aveiro como exemplo nacional. A tomada de posse da distrital e concelhias, que contou com a intervenção de Henrique Caetano, novo representante por Albergaria, fez-se igualmente de discursos de políticos locais e do presidente Nuno Melo, pautados pelas críticas ao Governo de António Costa.
O jantar de tomada de posse da distrital e concelhias do CDS-PP teve palco em Albergaria-a-Velha, no Pavilhão de Angeja, sexta-feira, dia 5, onde estiveram presentes cerca de 500 pessoas. Henrique Caetano, atual presidente da Junta de Freguesia de Ribeira de Fráguas, agarrou o testemunho albergariense, juntamente com as restantes 10 concelhias do distrito de Aveiro.
As bandeiras azuis e brancas ergueram-se para receber os rostos nacionais e regionais do partido – entre eles: Nuno Melo, presidente do CDS-PP, José Ribau Esteves, presidente da Câmara Municipal de Aveiro; João Almeida, ex-deputado; e António Loureiro, presidente da Câmara de Albergaria-a-Velha.
“Albergaria é CDS e vai continuar CDS. Um bem-haja a todos”, lançou António Loureiro, anfitrião da noite, num breve discurso de boas-vindas e agradecimento a todos pela presença. O executivo albergariense fez-se representar por Delfim Bismarck, vice-presidente; vereadoras Catarina Mendes e Sandra Almeida e vereador José António Souto. O presidente da Junta de Freguesia de Alquerubim, António Duarte; o presidente da Branca, Carlos Coelho; o presidente da Assembleia de Freguesia de Albergaria-a-Velha e Valmaior, Fernando Chalo; e a presidente da Junta de Freguesia de São João de Loure e Frossos, Ana Maria Bastos, estiveram igualmente presentes.
Distrito pulmão
Nuno Melo, no discurso que marcou a noite, começa por agradecer aos presidentes dos Municípios que, ao contrário da tendência nacional, mantêm o CDS-PP no poder: António Loureiro em Albergaria, Duarte Novo em Oliveira do Bairro e José Pinheiro em Vale de Cambra.
“A recuperação do CDS vai, em muito, passar por Aveiro. O distrito é o pulmão do partido. Aveiro é como Portugal devia ser, com o CDS a disputar Câmaras com o PSD. Quem diz por aí que o CDS acabou, basta olhar para esta sala”, elogia, afirmando ser “uma honra” ter tantos representantes no distrito, desde presidentes da Câmara a apoiantes e simpatizantes, passando pelas concelhias e Juventude Popular.
Nas palavras de Nuno Melo não faltaram críticas ao atual Governo. “As palavras do Presidente da República ainda ecoam nos meus ouvidos. Foram fortes e sem deixar margem para segundas interpretações”, continua, referindo-se ao discurso de Marcelo Rebelo de Sousa relativo à polémica com o ministro das Infraestruturas, João Galamba, que, para o líder do CDS, “é mais um lastro, um estorvo” para o Governo e que “ainda não percebeu que já não é ministro”.
Nuno Melo insiste na importância da responsabilidade política transposta para o ato de demissão “por tudo o que o cargo representa e não por uma questão de responsabilidade direta” e acusa o PS de colocar o partido à frente do país, detalhando ocasiões como “a TAP nacionalizada por ideologia pura” e “a ministra da Agricultura estar de costas voltadas para o setor”.
O presidente termina com a convicção de que o CDS é um partido único e com futuro, numa afirmação de distanciamento entre os novos partidos Chega e Iniciativa Liberal (IL), a quem os eleitores “emprestaram o voto”. Nuno Melo acusa a IL de ser “mais próxima do Bloco de Esquerda do que qualquer partido de centro-esquerda” e o Chega de não ter sentido de Estado, ser “buçal” e “passear junto de amigos de Putin”.
Luís Montenegro mereceu um elogio pela linha vermelha que traçou com o Chega, uma ação que o presidente do CDS afirma ter tornado o voto no Chega num “voto inútil”, uma vez que em nada contribuirá para formar um Governo à direita.
Respeitar o passado e preparar o Futuro
A nova presidente da Comissão Política distrital, Maria do Céu Marques, tomou posse com a certeza de que o CDS é “um partido insubstituível” e agradece ao antecessor “pelo esforço que fez para manter o partido ativo”.
Henrique Caetano, em representação de Albergaria e assumindo o cargo de presidente da Concelhia do CDS, começa por agradecer a António Loureiro, “um amigo e uma referência incontornável”.
“Na minha infância e adolescência, o CDS nem sempre foi a causa dominante na família, mas foi nessa casa que ganhei os valores que fizeram de mim CDS. Quando ao meus 27 anos me quis aventurar no CDS, tive total apoio. O partido ganhou um militante e mais três votos”, partilha o novo presidente da concelhia, no momento de agradecer aos pais.
O “agradece inevitável à esposa” veio com uma curiosidade – a mãe e o pai da cônjuge foram presidentes de Junta do CDS e, nas palavras de Henrique Caetano, “ainda teve de levar com um marido presidente da Junta do CDS”
Para terminar, falou aos militares dos três grandes pilares desta concelhia: respeitar e honrar o Passado, aproveitar o Presente e preparar o Futuro. Os novos órgãos comprometem-se a respeitar os históricos do partido e a anterior equipa, referindo nomes como José António Souto, anterior presidente da concelhia, e Rui Marques que “soube o que foi ser autarca quando não era maioria”.
O Presente aproveita-se honrando a rara maioria CDS-PP em Albergaria, uma prova de que “se pode fazer um bom trabalho com maioria absoluta, ao contrário do que acontece noutros locais”, rematou, recebendo uma leva de aplausos.
Henrique Caetano aproveita o momento para lançar o desafio ao partido para que siga apostando nas estruturas locais como forma de promover e preservar a proximidade aos eleitores. “As Juntas de Freguesia são quem melhor conhece os seus territórios. São quem resolve, diariamente, os pequenos mais reais problemas das pessoas”, afirma. Para o recém-eleito, o Futuro tem chave no slogan do CDS-PP local: “Unidos por Albergaria”, apelando à união entre membros do partido e junto dos eleitores.
Criar novos palcos
A Juventude Popular (JP) encarregou-se de fechar a noite, com dois discursos em que se colocavam como peça central no renascimento do partido. Nas palavras de Tomás Petiz, presidente da JP Distrital, afirma que enfrentam “um tempo de demandas sem precedentes” e a JP é essencial na forma como tira proveito das redes sociais e organiza eventos espontâneos de rua, que juntem jovens e captem mais votos e apoiantes. “Se não nos dão palco, criamos o nosso próprio palco”, finda.
O presidente da JP nacional, Francisco Camacho, reforçou as declarações do colega e oferece como exemplo destas ações de rua a intervenção da Juventude, naquela tarde, na principal estação de comboios de Aveiro, em protesto contra a CP, uma rede ferroviária que consideram não corresponder às necessidades do país. “A mudança de que o país necessita precisa necessariamente do CDS”, afirma e deixa o público com um excerto do hino do partido que diz resumir o que precisam de recuperar – “O orgulho de nascer português,
a vontade de vencer outra vez”.
A noite termina com todos os dirigentes distritais e concelhios, juntamente com alguns rostos nacionais, a subir ao palco para cantar o hino do CDS e o hino nacional, com bandeiras em riste e público a acompanhar.