A CDU levou ao Mercado Municipal ‘A Praça’ preocupações sobre o estado nacional da Saúde, na primeira ação de campanha no concelho para as Europeias 2024, marcadas para 9 de junho. Isabel Cristina Tavares, candidata CDU ao Parlamento lá fora, teceu críticas à canalização de fundos para os privados e explicou a ligação do tema à Europa.
Joana Dias, mandatária da CDU – Coligação Democrática Unitária (PCP/PEV) do distrito de Aveiro e Adelino Nunes, membro albergariense do partido, apresentaram a Sessão Pública dedicada à Saúde, encabeçada por Isabel Cristina Tavares, candidata única do distrito pela CDU ao Parlamento Europeu.
“O tema tem tudo a ver com as Europeias. O Orçamento de Estado português está sempre na bitola europeia, tem de ser por eles aprovado antes de cá chegar e cumprir com critérios de défice e dívida. Para alinhar com essas exigências, a Saúde é das primeiras áreas a ser afetada”, explicou Isabel Cristina Tavares, ao Jornal de Albergaria, antes do início da apresentação.
Joana Dias abriu a Sessão Pública com críticas à ação de Governos passados na área da Saúde, em particular em relação ao Serviço Nacional de Saúde. “O SNS tem sido saqueado e colocado num ponto de desrespeito”, afirmou, reforçando que, na sua ótica, esta culpa é partilhada com a União Europeia, “superstrutura política de interesse capitalista que tem empurrado o país para estratégias decididas à cruz que não servem as necessidades reais das pessoas e especificas de cada Estado-membro”, como disse.
A mandatária distrital apelou ao “voto em consciência” nas Eleições marcadas para 9 de junho, garantindo que a CDU será uma voz na Europa em defesa da “Saúde como um direito de acesso público e universal” e que não seguirá as políticas que acusa de priorizarem “os cofres cheios em vez de investirem na vida das pessoas”.
Problemas locais
As longas esperas, horários de funcionamento insuficientes e condições precárias das Unidades de Saúde locais foram apontadas como principais consequências das falhas do SNS no concelho, como explanou Adelino Nunes, que as sente na pele. O membro da CDU lembrou a importância do SNS durante a pandemia e em tratamento de casos reencaminhados pelo Privado quando o seguro de Saúde se esgota.
José Freitas, também do partido, interveio como membro da audiência com um alerta sobre a “falta de médicos, enfermeiros e pessoal técnico” no concelho e a sugestão de criação “de uma estrutura de saúde preventiva, focada em análises e exames de radiologia” destinada ao vasto número de trabalhadores na Zona Industrial.
“Está um autêntico caos na Branca e aqui em Albergaria é igual. O Centro de Saúde foi reabilitado com obras de um milhão e com esse dinheiro podiam ter resolvido todos os problemas do Centro. Isto tem a ver com o Governo e com a Câmara Municipal que, como sabem, assumiu a responsabilidade pelo Centro de Saúde em causa”, sintetizou José Freitas.
Em relação à descentralização de competências na área da Saúde, Isabel Cristina Tavares chamou à atenção para a falta de verbas entregues aos municípios para as cumprir. Sobre o papel local da CDU relativo ao Centro de Saúde, Adelino Nunes lembrou “a mobilização feita pelo partido quando chovia lá dentro” que motivou o protesto de populares. O munícipe apontou ainda como luta futura da CDU a abertura de um “Centro de Atendimento Permanente no concelho para dar resposta a feridos ligeiros dos tão frequentes acidentes rodoviários, e outras mazelas menos graves, para melhor servir e aliviar as Urgências dos grandes Hospitais aqui à volta”.
“Não há falta de médicos”
Carla Martins, também da CDU, usou da palavra como membro do público para esclarecer o que considera serem frequentes mal-entendidos. “É preciso lembrar que o Privado é pago por nós – sempre que o Público nos reencaminha para fazer análises ou exames numa clínica privada, é o Estado que paga”, afirmou, acrescentando que “não há falta de médicos em Portugal, estão é muitos a sair do SNS por falta de condições de trabalho”.
Isabel Cristina Tavares terminou a Sessão com um alerta para o impacto dos “ritmos de trabalho acelerados, horários desregulados e salários baixos” na saúde mental das pessoas e frisou a necessidade de “mais investimento no Público, regular as relações entre o Estado e as empresas privadas encarregues da Saúde e fixar os profissionais que se formam na nossa Escola Pública”, listou, recorrendo à lista de medidas propostas pela força partidária.
Em 2019, a CDU elegeu dois deputados para o Parlamento Europeu, inserido na família europeia Grupo Confederal da Esquerda Unitária Europeia/Esquerda Nórdica Verde. Esta foi a primeira ação de campanha para as Eleições Europeias ’24 em Albergaria. O JA, à semelhança das Legislativas, acompanhará os momentos de campanha eleitoral que passem pelo concelho.