Manuel Pizarro, ministro da Saúde, louvou o renovado Centro de Saúde de Albergaria como exemplo “do que o PRR significa para a vida das pessoas” e “um dos méritos da descentralização”. O investimento serviu para resolver problemas urgentes de fundo e apontamentos que tornam o equipamento mais acolhedor e acessível. A 3ª fase de intervenção está “para breve”.
Infiltrações, inundações, iluminação deficiente e isolamento precário são problemas que desde a primeira fase de obras, em 2021, o Centro de Saúde de Albergaria quer deixar para trás. Esta manhã, quarta-feira, dia 27, assinalou-se a conclusão da 2ª fase de obras, com a presença de Manuel Pizarro, ministro da Saúde.
O investimento total no espaço ronda os 960€ mil, provenientes do PRR – Plano de Recuperação e Resiliência. Para a terceira fase de trabalhos estima-se que serão necessários cerca de mais 300€-400€ mil, segundo informa Catarina Mendes, vereadora da Saúde e Ação Social, em declarações à comunicação social.
“Esta requalificação permite servir com qualidade os utentes e proporcionar aos profissionais de Saúde condições de trabalho dignas. Vamos abrir um concurso para mais e melhores médicos em Albergaria e é essencial criar condições para os captar e manter”, disse António Loureiro, presidente da Câmara Municipal de Albergaria, após a bênção do edifício pelo padre Manuel Dinis e descerramento da placa de inauguração.
O edil aproveitou a ocasião para informar que os trabalhos na Unidade de Saúde Familiar (USF) do Beira Vouga, em Angeja, “estão a decorrer como planeado” e que a localização num meio bucólico e “com uma qualidade de vida enorme a nível ambiental, educacional e de infraestruturas” será a receita perfeita para captar profissionais para o concelho e mantê-los no SNS.
“Até eu me candidatava, fiquei encantado”, brincou Manuel Pizarro, que colocou a primeira pedra na Unidade em Angeja. O ministro elogiou o “programa muito bonito que tem vindo a ser feito na rede de Saúde primária” e parabenizou o executivo municipal por “abraçar este desafio que apresenta manifestos bons resultados”.
“Estado gastava menos do que devia”
António Loureiro lembrou as dificuldades e virtudes da descentralização iniciada com Manuel Pizarrro à frente do Ministério da Saúde, reconhecendo que, apesar de estar “tudo equilibrado na Educação, na Saúde a situação está menos equilibrada”, evidenciado a necessidade de “mais financiamento para acompanhar o estar mais perto, mais presente e melhor para a população”.
O ministro, por sua vez, vê o Centro de Saúde de Albergaria como bom exemplo do processo de descentralização. “Por muito dedicada que seja uma Administração Regional de Saúde (ARS), as necessidades locais vão ficar muito mais bem entregues às Câmaras. A ideia da descentralização era que os encargos do Estado se mantivessem. O que percebemos foi que o Estado gastava menos do que devia”, reconheceu.
Manuel Pizarro insistiu no papel essencial da proximidade na resolução mais célere de problemas específicos de cada local, retirando pressão ao SNS em geral, sobretudo através do reforço da rede de cuidados primários e aposta na medicina preventiva, com ações de sensibilização para um estilo de vida mais saudável e continuação do bom trabalho feito na área da vacinação. O ministro viu na obra a materialização “do que o PRR significa realmente para a vida das pessoas” e elogiou a União Europeia por “ter aprendido com a crise de 2008 e agir de forma diferente no pós-pandemia, sabendo que não se resolve uma crise com mais crise”.
Pizarro celebrou o “aumento de 13 anos da esperança média de vida em 50 anos de 25 de Abril e mais de 40 do SNS” e lamentou o retrocesso, que ainda pesa na qualidade de Saúde dos portugueses, “das condições muito austeras sob as quais se viva na ditadura fascista”. Para continuar o trabalho até então realizado, Pizarro enfatizou a necessidade de “criar condições de atratividade para o SNS para que possa continuar com a causa mais nobre que há: servir o outros”.
3ª fase à vista
Há cerca de três anos, a prioridade foi resolver os problemas urgentes do Centro de Saúde, que chegaram a levar ao breve encerramento do equipamento em 2019, o que resultou numa obra focada em “três grandes áreas – a intervenção na cobertura, com a substituição dos materiais existentes e a colocação de novo isolamento térmico e hidráulico; a reconstrução de todo o sistema de águas pluviais; e o tratamento das paredes exteriores, de acordo com as patologias apresentadas, refechando e reparando todos os paramentos exteriores”, como se lê no website municipal.
Na segunda fase, hoje oficialmente finalizada, “partiu-se para uma intervenção no interior e acessibilidades no exterior, de forma a permitir uma re-funcionalização do Centro de Saúde – por exemplo, havia espaços ocupados com material que já não era utilizado, havia necessidade criar gabinetes, espaços de trabalho, acessibilidades internas e requalificar o que existia. Esse foi o objetivo da segunda fase”, detalhou Catarina Mendes.
A próxima etapa, a começar “muito em breve”, será focada “em completar todo o processo de dotar o edifício de eficiência energética, o que implica substituir toda a caixilharia exterior e responder a necessidades que possam vir a ser identificadas pelas Unidades”, explicou. O Município pretende que o financiamento para esta nova fase possa igualmente vir do PRR, caso contrário, irão averiguar “qualquer candidatura que esteja aberta e seja adequada ao projeto”.
Catarina Mendes destacou o “impacto diminuto” que a intervenção faseada teve no funcionamento regular do equipamento de Saúde “salvaguardando-se as consultas e os tratamentos”. “É um Centro de Saúde que não é novo. Sabíamos que não iria haver financiamento para construir um novo e apostámos na requalificação. Para quem é de cá e conhece o Centro é visível a transformação. Há uma grande melhoria nas acessibilidade e as Unidades de Saúde precisam dessa fluidez nos acessos”, disse.
Falta de pessoal
Em relação à falta de médicos, a vereadora assegurou que “Albergaria-Centro está estável, e a zona mais a Sul (Angeja, São João de Loure e Frossos e Alquerubim) também”, onde decorrem obras na USF Beira-Vouga que seguem “com os condicionamentos naturais de prestar serviços em contentores, mas a dar uma resposta de muito boa qualidade”.
A zona Norte do concelho é a que “requer efetivamente mais médicos para se reorganizar e crescer, para dar uma resposta cabal à população, considerando que o Centro de Saúde da Branca dá resposta também à freguesia de Ribeira de Fráguas”, explicou. Mais do que a falta de médicos, Catarina Mendes alertou para a “a falta de pessoal auxiliar, assistentes operacionais e técnicos de Saúde”. “Este edifício tem capacidade para crescer, mas precisamos de pessoal. É um trabalho que estamos a fazer”, afirmou.
Na inauguração do Centro de Saúde reabilitado estiveram presentes, para além dos nomes já citados: Eduardo Leal, adjunto do ministro da Saúde; Mário Ruivo, presidente do Conselho Diretivo da ARS Centro; Margarida França e Rosa Tomaz em representação do Conselho Diretivo da Unidade de Saúde da Região de Aveiro; Luís Bernardes, arquiteto da ARS Centro e as empresas construtoras ASO e CONWAY.
Em representação de entidades do concelho, para além do executivo municipal, presenciaram a inauguração: Mário Branco, presidente da Assembleia Municipal de Albergaria; presidentes das Juntas de Freguesia, diretores dos Agrupamentos de Escolas, representantes dos Bombeiros de Albergaria e Forças de Segurança, entidades e associações locais.
Jorge Almeida, presidente da Câmara Municipal de Águeda, visitou o equipamento antes de partir para a inauguração do Serviço de Urgência Básica do Hospital de Águeda, acompanhado pelo ministro. A Urgência aguedense totalizou um investimento de 1 641 000€: 522.750,00€ do FEDER – Fundo Europeu de Desenvolvimento Regional; 600.850€ de fundos camarários e 517.280€ do CHBV (ULSRA – Unidade Local de Saúde da Região de Aveiro), segundo valores apresentados em comunicado de imprensa.