CDU ouve trabalhadores da Zona Industrial de Albergaria

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A Coligação Democrática Unitária, em campanha eleitoral para as Legislativas ’24, passou por Albergaria para ouvir os problemas e preocupações dos trabalhadores. Joana Dias, cabeça de lista pelo círculo eleitoral de Aveiro, conversou com o JA sobre a descentralização e a falta de mobilidade fora dos grandes centros.

Fotografias: Beatriz Quaresma

A CDU – Coligação Democrática Unitária (PCP/PEV) passou, esta tarde, pela Zona Industrial de Albergaria, em contexto de campanha eleitoral para as Legislativas ’24, para ouvir os trabalhadores e apresentar as propostas da força política. No início da manhã, a comitiva esteve nos Armazéns Municipais e, no início do mês, no Mercado Municipal de Albergaria.

“Só temos noção das necessidades das pessoas no contacto com a população. Se não houver nenhum problema, não somos nós que o vamos levantar. Os temas que levamos a Assembleia e outros fóruns são as reais preocupações das pessoas”, dizia Joana Dias, cabeça de lista da CDU pelo círculo eleitoral de Aveiro, que acompanhou a primeira ação na GROHE, ao Jornal de Albergaria (JA).

A candidata pelo distrito deu como exemplo destes momentos de proximidade aos trabalhadores a ação da CDU em grandes superfícies comerciais, onde têm apelado à “regulamentação do horário de trabalho para que os profissionais consigam usufruir do descanso e das suas famílias”, ou a passagem pela Feira de Espinho, na qual escutaram insatisfações sobre a determinação de folga aos feriados ser feita pelas autarquias “o que é muito incerto, um ano podem ter aquele feriado livre e no outro não”.

A ação de campanha contou com a participação de elementos albergarienses da CDU: Andreia Mortágua, membro da Comissão Concelhia de Albergaria e direção e executivo da Organização Regional de Aveiro do PCP; e Adelino Nunes, mandatário da lista pelo distrito e membro da direção da Organização Regional de Aveiro e do Comité Central do PCP. A comitiva seguiu para a Durit pelas 17h.

Chegar a todos

“O que nós sentimos é uma indignação muito grande. As pessoas sentem que o voto que fizeram há dois anos foi uma opção defraudada, tinham uma perspetiva diferente porque vinham de um período de melhoria, de 2015-2019. O que mais ouvimos falar é dos salários baixos. Nós estamos, maioritariamente, a viver num cenário de salário mínimo nacional (SMN). Os trabalhadores têm de ser valorizados e não o têm sido”, advogou Joana Dias, em declarações ao JA, lembrando a medida da CDU de aumento do SMN para 1000€ já em 2024 e o aumento geral dos salários num mínimo de 15% e não inferior a 150€.

Num distrito com pouco voto à esquerda, Joana Dias recusa a narrativa do voto útil, lembrando ocasiões em que “medidas antigas” da CDU foram em frente no Parlamento, como os manuais escolares gratuitos e o passe social. No entanto, a nível local, há trabalho a fazer para que as propostas enumeradas tenham impacto fora dos grandes centros urbanos, sobretudo as associadas à mobilidade.

“A população mais envelhecida, o que nos transmite é a falta de acesso a cuidados de Saúde, postos dos correios, serviços de Segurança Social… Apesar de termos conseguido reduzir o valor do passe social, faltam transportes e horários feitos à medida das necessidade das pessoas. As nossas propostas não são feitas avulso, tudo se interliga”, detalhou Joana Dias.

No sentido de combater a desertificação, a candidata lembrou a proposta da CDU para eliminar as SCUTS, advogando vantagens para as pessoas e economia. “As empresas não vão querer gerar trabalho em locais de difícil acesso ou que lhes acarretem gastos. As SCUTS serem pagas foi desmobilizador para a mudança de algumas empresas para o nosso distrito, até para a zona mais interior. É uma medida nossa desde sempre e voltou a ser apresentada em dezembro e o PS e PSD votaram contra. Isto reflete muito a política que temos vivido nos últimos anos. A CDU tem tido uma política de ataque, mas coerente, de palavra e honestidade. A informação é muito importante e nem sempre chega às pessoas. É importante ir ver de onde vêm as propostas e quem as defende”, rematou.  

Descentralizar sem desresponsabilizar

No campo da descentralização, o JA questionou se a CDU acompanha o PS e a AD na proposta de integrar o setor social como aliado do SNS para reforçar a resposta local à população mais idosa. “O que nós temos visto é uma desresponsabilização do Estado Central. A Saúde e Educação devem ser da responsabilidade do Estado Central, que tem feito a passagem destas valências para as autarquias. Não pode só passar o problema, tem de assegurar os meios físicos e humanos para concretizar essa descentralização”, respondeu.

Na área da Saúde, Joana Dias lembrou os hospitais que existem com boas condições físicas, mas sem médicos e enfermeiros, bem como a “bandeira antiga da CDU” para a reabertura da Urgência cirúrgica no Hospital de São João da Madeira e a conquista “junto com a população” de impedir o fecho do Hospital de Águeda.

Joana Dias defendeu, no entanto, que as autarquias sejam ouvidas em processos de descentralização e não só. “O Governo não precisa de passar as suas competências para as autarquias, precisa de auscultar as populações. Uma das vossas perguntas era sobre a Linha de Alta Velocidade – foi um tema em que a discussão não envolveu as pessoas. Houve até obras e casas que foram adjudicadas para terrenos onde se sabia que passaria a linha. Há uma falta muito grande de coerência e transparência”, criticou.