Quase 200 crimes de burla registados pelo comando distrital aveirense

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Foram 189 crimes de burla registados no Comando Distrital de Aveiro, um aumento de 7%. A nível nacional, representam 17,44% de toda a criminalidade denunciada na área de responsabilidade da PSP. Idosos continuam a ser os mais afetados.

Foto: PSP

O Comando Distrital de Aveiro – que inclui os concelhos de Aveiro, Espinho, São João da Madeira, Ovar e Santa Maria da Feira – registou, no primeiro semestre do ano, 189 crimes de burla, um aumento de cerca de 7%, face ao ano anterior. Os atos são praticados através da utilização de meios informáticos (e-mails) e telemóveis (mensagens e redes sociais) e investigados pela Polícia Judiciária.

“As burlas constituem um fenómeno criminal em crescendo e que continua a preocupar a Polícia de Segurança Pública (PSP). Apesar de existir um maior acesso à informação e uma população mais informada, o célebre “conto do vigário” continua a ser uma forma eficaz de obtenção ilegítima de valor patrimonial alheio”, alerta a PSP, em comunicado de imprensa 

Os idosos continuam a ser as vítimas preferenciais quando o crime se realiza de forma presencial. Nos últimos anos, e acompanhando a evolução tecnológica e as potencialidades do mundo digital, os suspeitos têm atingido também vítimas cujas idades são transversais a todas as faixas etárias.

Crime em crescimento

O Relatório Anual de Segurança Interna 2023 aponta para um aumento de 46.836 em 2022 para 61.916 ocorrências relacionadas com burlas no ano seguinte, uma subida de 24,3%.

As burlas são as grandes responsáveis pelo aumento da criminalidade geral denunciada em 2023, representando 17,44% de toda a criminalidade denunciada na área de responsabilidade da PSP. Em 2023 as burlas foram responsáveis por um prejuízo de valor patrimonial superior a 110.339.200 €, triplicando o valor do prejuízo verificado em 2022 (34.989.992 €).

Apesar do elevado número de denúncias, a taxa de detenções é diminuta, tendo em conta a dificuldade em detetar o suspeito em flagrante e a complexidade da investigação, ao que acresce o facto de a PSP não deter a total competência de investigação de burlas, conforme determina a Lei de Organização da Investigação Criminal.

Conselhos práticos

A PSP afirma que a “forma mais eficaz para se evitar ser vítima de um crime de burla é apostar na prevenção” e deixa algumas dicas:

  • Não faça qualquer tipo de transferência de dinheiro para pessoas que anunciam na Internet, sem que esteja certo que o anunciante é legítimo;
  • Guarde todas as trocas de e-mails, fotos e mensagens, caso o arrendamento não corra como acordado ou tenha sido vítima de burla e denuncie de imediato o crime às autoridades;
  • Após efetuar o pagamento, se o anunciante informar que não recebeu qualquer valor ou que existem problemas no seu processamento, solicitando um novo pagamento, contacte imediatamente o banco tentando perceber a veracidade da situação. Caso se verifique a existência de fraude cancele, imediatamente o pagamento já efetuado;
  • Não aceda a endereços enviados através de e-mails de outas plataformas para efetuar o negócio, pois poderá estar a ser enviada uma página falsa;
  • Solicite referências ou dados adicionais sobre os produtos à venda, os imóveis a arrendar ou genericamente o objeto do contrato (exemplos de outras fotos, em perspetivas específicas, entre outros);
  • Pesquise os dados e contactos do anunciante, pois poderá haver referências a burlas anteriores, especialmente em fóruns ou blogues temáticos;
  • Desconfie dos anúncios em que os preços são claramente abaixo do valor de mercado, ainda que tal preço tenha por base, alegadamente, um motivo válido;
  • Anúncios que perdurem no tempo têm maior probabilidade de ser verdadeiros pois, após as primeiras denúncias, a maioria dos servidores elimina os anúncios e os anunciantes;
  • Pesquise as imagens apresentadas do anúncio a fim de verificar se são verdadeiras ou retiradas de outras plataformas;
  • Desconfie dos proprietários que não disponibilizam um contacto telefónico no anúncio, que o número seja estrangeiro ou que nunca se consiga estabelecer contacto;
  • Desconfie quando o anúncio é mal redigido, ou na troca de e-mails existam erros gramaticais, de pontuação ou tempos verbais incorretos, indicativos de que foram utilizados tradutores;
  • Incoerência entre o idioma do proprietário, nacionalidade, número de telefone, país de residência e origem do IBAN, é indiciário de burla;
  • Não efetue transferências para contas bancárias estrangeiras, pois normalmente são utilizadas em esquemas fraudulentos.

Caso o tentem burlar de modo presencial, a PSP recomenda:

  • Se detetar algum movimento estranho no seu prédio ou bairro, contacte de imediato a PSP;
  • Fale com os Polícias do policiamento de proximidade e transmita-lhes todos os pormenores que possam parecer suspeitos, como pessoas e viaturas “novas” na sua rua, anotando características e matrículas. Tenha os contactos de emergência e da Esquadra da área sempre em local de fácil acesso;
  • Se baterem à sua porta para pedir informações, não a abra. Oiça o recado e registe em papel. Se abrir a porta, mantenha sempre a corrente de segurança e não permita que estranhos entrem na sua residência;
  • Não faculte os seus dados pessoais, nem responda a questionários sobre si, sem saber se é fidedigno e a que empresa pertence. Pode ligar para a empresa em questão e confirmar a existência desse inquérito ou levantamento de dados;
  • Não receba nenhuma encomenda que não tenha solicitado ou que não venha em seu nome;
  • Não diga a ninguém se possuir objetos valiosos na sua casa e não comente hábitos ou rotinas da família com outras pessoas. Não tenha grandes quantias de dinheiro em casa e guarde os objetos de valor em cofres;
  • Não se deixe enganar com a presença de crianças.