Estudantes albergarienses no pódio de competição nacional de programação

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Com o jogo ‘O Reconquistador’, que incentiva a explorar o mundo à caravela portuguesa, ao alunos Henrique Marcos, Martim de Oliveira e Ricardo Perdigão conquistaram o 2.º lugar da Game Jam: Fab Games, no final de fevereiro. Os colegas Guilherme Matos, Dinis Neves e Guilherme Resende foram igualmente à final, fazendo parte de 14 selecionados entre as quase 50 equipas de todo o país.

Imaginar, delinear, programar e finalizar um jogo lúdico e didático, subordinado a um tema escolhido por terceiros, tudo em apenas 48 horas, foi o desafio lançado às duas equipas do Agrupamento de Escolas de Albergaria-a-Velha que passaram à fase final do Game Jam: Fab Games, juntamente com 14 grupos de outros estabelecimentos de ensino. O evento é anualmente organizado pela ANPRI – Associação Nacional de Professores de Informática.

Henrique Marcos, Martim de Oliveira e Ricardo Perdigão; estudantes do 10.º ano do Curso Profissional de Técnico de Gestão e Programação de Sistemas Informáticos (TGPSI) venceram o segundo lugar da competição, que decorreu nos dias 27 e 28 de fevereiro, na Escola Secundária Sá da Bandeira, em Santarém.

Sob o tema “Pelos 7 mares: Camões, Vasco da Gama e o futuro dos oceanos”, que só descobriram no próprio dia, os jovens criaram um universo no qual o jogador veste a pele de um explorador, a navegar por mar, à boleia de uma caravela portuguesa, enfrentando desafios adaptados a cada um dos lugares, numa narrativa inspirada n’Os Lusíadas de Luís de Camões, poeta com quem o utilizador conversa ao longo da viagem.

A este jogo, chamaram-lhe ‘O Reconquistador’, por passar por terras que já fizeram parte do território nacional. “É um jogo longo, com pesquisa de História e Geografia, que nos valeu o segundo lugar”, sintetizou Ricardo Perdigão.

O grupo ‘Os D’, nome “de amizade” dos jovens cuja génese preferem manter em mistério, sonha com um futuro na área da programação. Henrique Marcos e Ricardo Perdigão gostariam de criar, cada um, a sua própria empresa, ter um horário flexível e gerar emprego. Martim de Oliveira gostava de começar por trabalhar numa pequena firma e, um dia, criar de raiz um jogo idealizado e executado por si.

Todos vencedores

Os colegas Guilherme Matos, Dinis Neves e Guilherme Resende – nome de grupo: “Telhadela Power” – passaram igualmente à final, após etapas realizadas em contexto escolar nacional, feitas através do Zoom, num universo de 48 equipas, fora as desistências iniciais.

“Os alunos trabalharam muito bem em equipa, tanto um grupo como outro, com muito respeito, união e cumplicidade. Isso é cada vez mais importante, o trabalhar em equipa. Foram impecáveis. Estão-se a preparar para o futuro”, elogiou a professora Paula Freitas, que acompanhou os alunos nesta aventura, juntamente com a colega Ana Esteves.

Em ‘Mares de Glória’, jogo criado pelos três jovens residentes em Telhadela, o utilizador era convidado a explorar por terra e mar inúmeros territórios desconhecidos, com objetivos em cada um deles. “Ficámos muito felizes com o resultado do jogo. Só participar já foi uma experiência única. Foi a nossa primeira vez e acho que é para repetir. Eu gostava de voltar”, disse Guilherme Matos.

Para melhor gerir o tempo, os seis alunos levaram a base RPG (Role Playing-Game) já pronta – isto é, um sistema de comandos que funcione para todos os jogos em que, como o nome sugere, o utilizador veste a pele de um personagem e vai avançando na narrativa à medida que completa tarefas e desafios.

Para o futuro, Dinis Neves gostaria de criar o seu próprio jogo e trabalhar para uma pequena empresa. Guilherme Resende quer juntar o útil ao agradável e começar a aperfeiçoar o jeito que tem para desenhar no papel com o propósito de converter a técnica para a criação de jogos e personagens, uma arte que a mãe sempre incentivou. Guilherme Matos ambiciona ser desenvolvedor de videojogos e “com duas ou três pessoas de confiança”, que espera encontrar até terminar a escola, construir uma equipa para desenvolver esse sonho.  

Sem deixar que tal desejo ofusque o orgulho que sentem pelos alunos, as professoras gostariam de ver mais estudantes a participar nestes desafios e atribuem a falta de motivação à sobrecarga do horário escolar conjugada com as inúmeras atividades extracurriculares. Nem sempre dá para tudo. Para além disso, como disseram, nem todos os alunos têm os mesmos objetivos.

‘Jogar’ o local

Para chegar até aqui, os jovens passaram por uma primeira fase da competição na qual foram desafiados a criar, em duas semanas, um jogo destinado a promover a localidade. ‘Os D’ criaram um cenário em que o coração de Albergaria, a zona dos Paços do Concelho, estava sob ameaça.

Os jovens recriaram pontos centrais do território, como a Biblioteca Municipal e o Torreão, bem como personagens associadas a grandes eventos concelhios – como um arqueiro para o Dos Modos Nascem Coisas e um representante do Festival Pão de Portugal. Estas figuras ajudavam o autarca, em representação da Câmara Municipal, a defender a cidade. Assim, à medida que os heróis tentavam salvar o território, o jogador ficava a conhecê-lo.

Os colegas do ‘Telhadela Power’ criaram uma espécie de passeio virtual gamificado por quatro freguesias do concelho – “infelizmente, não fizemos todas porque não tivemos tempo”, explicaram – com passagem por partes históricas ou emblemáticas do presente de cada um dos locais. Por exemplo, as vacarias de Angeja e o Grupo Recreativo e Cultural de Telhadela em Ribeira de Fráguas. Em cada sítio, bastava um clique para abrir uma pequena carta explicativa.  

Guilherme Resende, um dos membros do grupo de trabalho, chegou do Brasil há cerca de um mês e afirma que o jogo é uma boa forma de ficar a saber mais sobre o território albergariense.

As professoras não são estreantes no concurso e afirmam notar uma melhoria dos trabalhos apresentados nas diversas edições e aumento do foco dos alunos. Pelo que, é um desafio crescente para os alunos obterem as melhores classificações. “A dinâmica entre professores também foi muito boa. Trouxemos muitas ideias para cá. Os nossos colegas, e subscrevemos, diziam que os alunos estavam mesmo muito focados no que queriam desenvolver, sobretudo porque o tempo era pouco. Foram, realmente, fazer o que gostam”, fez notar a professora Ana Esteves.

Todos os jogos apresentados em competição ficam disponíveis no arquivo online da ANPRI – que pode consultar aqui. De momento, estão apenas carregados os resultados das edições de 2021 e 2022.