18 de dezembro de 2022. Esta data indica que falta exatamente uma semana para o Natal, e significa também a data da melhor final de sempre de campeonatos do mundo de futebol. Ou seja, na gíria futebolística, o Natal chegou mais cedo.
A Argentina chegava à segunda final em oito anos, depois de perder com a Alemanha em 2014, e a França alcançava a segunda final consecutiva, podendo tornar-se a terceira seleção no mundo a conquistar duas vezes seguidas a competição, depois de Itália em 1934 e 1938 e Brasil em 1958 e 1962.
Os argentinos entraram com tudo e dominaram os 90 minutos quase todos. Messi marcou de penalti e começou a lenda que o viria a consagrar ainda mais no panteão da modalidade, e dez minutos mais tarde, Di Maria colocava uma mão na taça, quando ainda se estava na primeira parte. Os franceses, esses ficaram no balneário durante os primeiros 45 minutos e também se recusaram a sair de lá nos primeiros vinte e cinco da segunda parte. Teve de ser Mbappé a arregaçar as mangas e, quando já se previa uma vitória incontestável da Argentina, tal era o domínio, aconteceu futebol. Em dois minutos, a Argentina foi do céu ao inferno, com dois golos de Mbappé, que se atreveu a desafiar o destino dos prediletos (com 23 anos, poderia igualar Pelé e conquistar duas taças mundiais).
No prolongamento a Argentina voltou a ser melhor, mas só na segunda parte as redes voltariam a mexer, novamente com muita emoção à mistura. Após uma excelente coletiva, Messi aproveitou a defesa incompleta de Lloris para colocar a albiceleste no céu, novamente. A três minutos dos 120’, Mondiel pôs mão à bola em zona proibida, e Mbappé voltou a marcar e completou o hattrick na final do mundial e igualou a marca de Geoff Hurst que em 1966 fez o mesmo contra a Alemanha na final.
A decisão deste mundial teria mesmo de ser através dos penaltis, não é muito comum, mas também não é inédito, a mais recente decisão do campeão do mundo aconteceu em 2006 com a Itália a vencer a França. O destino francês foi o mesmo de dessa vez, apenas Mbappé e Kolo Muani (que teve a derradeira chance no último lance do prolongamento) converteram com sucesso as grandes penalidades, enquanto os argentinos converteram todos e conquistaram, com justiça, o terceiro título mundial.
A Argentina guardou a melhor exibição para o fim que final foi esta, sempre cheia de emoção, mesmo que os argentinos tenham dominado quase por completo o jogo. Mbappé voltou a mostrar querer pegar o manto de prodígio e fez a sua marca nesta final, ainda que três golos tenham sido insuficientes para levantar a taça. Messi é, finalmente, coroado com a taça que lhe faltava, e numa competição que reinou de início ao fim, naquela que foi a sua última dança em mundiais de futebol.
O futuro é incerto, mas risonho. Ainda assim, este mundial assistiu aos últimos espetáculos dos grandes do futebol da atualidade: Cristiano Ronaldo, Lionel Messi, Luka Modric, para nomear alguns.
Esta Caderneta de Cromos despede-se, assim, do mundial do Qatar. Um campeonato do mundo envolto em polémica, mesmo enquanto decorria, mas, sem dúvida, um dos melhores de sempre, com várias surpresas e epopeias épicas: Marrocos foi a equipa de toda a gente durante todo o torneio, numa caminhada verdadeiramente fantástica que ficou para a história como a melhor equipa africana em mundiais. Durante grande parte da competição, esta rubrica revisitou também todos os campeonatos do mundo que antecederam este, contando e recordando grandes histórias.