Biblioteca Municipal, Alameda 5 de Outubro, Piscina Municipal e Centro Coordenador de Transportes são os pontos pelos quais se distribuem as duas dezenas de bicicletas elétricas ao dispor da população de forma livre e gratuita, a partir de 1 de janeiro de 2025. Para saber como usufruir deste novo serviço, siga as instruções disponíveis em cada um dos pontos de recolha.
A inauguração simbólica do e-MOB.A, mais recente funcionalidade do projeto municipal MOB.A – Mobilidade Operacional Bicicleta Albergaria-a-Velha, contou com a presença de Sofia Bento, em representação do IMT – Instituto da Mobilidade e dos Transportes, entidade que financiou os equipamentos e a sinalização horizontal e vertical que tantas questões suscitaram nos conterrâneos.
As linhas verdes pintadas no centro das faixas, intercaladas pelo sinal de proibição de circular a mais de 30km/h, estendem-se por 10 km do território. “No Facebook houve muitas críticas e podemos agora explicar que esta é a única alternativa para os locais onde não podem ser construídas ciclovias”, detalhou António Loureiro, presidente da Câmara Municipal de Albergaria.
O pedido de esclarecimento sobre as regras de circulação nestes novos espaços foi feito pelo Jornal de Albergaria ao Município em setembro. Sandra Almeida, vereadora do Ambiente, clarificou que estas seguem “o funcionamento do Código da Estrada” – pelo que, as ultrapassagens não são permitidas nas vias partilhadas que incluam um traço contínuo, existe a obrigatoriedade de manutenção de 1,5m de distância lateral da bicicleta e, no caso das vias desenhadas até então, não sendo possível circular à direita conservando das bermas ou passeios distância suficiente para evitar acidentes, as bicicletas devem circular no centro da via.
“Revolução” parte das crianças
Antes da experimentação das novas bicicletas, autarcas locais e técnicos municipais assistiram à apresentação de Rui Lopes, chefe da divisão de Educação, Ação Social, Cultura e Desporto; sobre a evolução e principais marcos do MOB.A. O programa arrancou com a distribuição de dezenas de bicicletas para crianças do pré-escolar ao 1º ciclo, em 2018.
“Percebemos que era através das escolas que podíamos fazer esta mudança cultural. Queríamos devolver aos pais a segurança que lhes permitia deixar os filhos andar de bicicleta. É uma revolução feita através da escola”, acrescenta António Loureiro. Foram já 1374 as crianças que beneficiaram do projeto.
No ano seguinte, vieram as cargo-bikes, que permitem transportar, de forma confortável, uma quantidade significativa de carga. O papel social do projeto financiado pela APA – Agência Portuguesa do Ambiente sentiu-se durante a pandemia, quando os veículos serviram para levar bens alimentar à população mais vulnerável.
Já a génese do sistema de partilha de bicicletas, em 2019, com a box onde estão disponíveis os veículos para uso situada na Incubadora de Empresas, cresceu 25%-30% de 2021 a 2024, com uma adesão média mensal de 273 utilizadores em 2023, um número em crescendo se não se considerar o período pandémico e pós-pandémico. No total, a autarquia tem disponíveis 375 bicicletas, em diferentes modalidades, parte delas cedidas pela Junta de Freguesia de Albergaria-a-Velha e Valmaior.
“Mobilidade dá votos”
Para o futuro, no campo das deslocações amigas do Ambiente, a autarquia quer avançar com a concretização do troço da ciclovia que liga Frossos a Loure; e um outra que une Senhora do Socorro a Fradelos. A criação de mais vias partilhadas e a inclusão das empresas locais no novo sistema de partilha estão também no horizonte. António Loureiro frisou a transversalidade destas políticas a todas as áreas da autarquia e lembrou o exemplo dado pelos próprios técnicos municipais que se deslocam de bicicleta.
Sofia Bento expressou desejo de regressar a Albergaria para verificar os frutos do investimento, frisando a importância de “ir aos sítios” no momento de desenhar políticas apropriadas a contextos geográficos e culturais locais e distintos entre si. A representante do IMT lamentou que existam autarcas interessados na mudança, mas que recuem por receio de impopularidade das medidas.
“Temos de criar políticas com o peão no centro. As políticas públicas devem ser primeiro pensadas para as pessoas e não para os carros. A nossa prioridade é criar condições para andar a pé e de bicicleta. Isto é bom para a descarbonização, promove a qualidade de vida, melhora a Saúde e alivia o SNS. Esta política é muito mais que pintar uma faixa, exige mudança na forma como pensamos na mobilidade. A mobilidade dá votos: as pessoas gostam de poder viver o espaço que habitam”, advogou a também responsável pela Estratégia Nacional para a Mobilidade Ativa.