Cerca de 50 funcionários da Maiólica – Fabrico E Comércio De Louça, Lda, empresa situada na zona industrial de Albergaria-a-Velha (Arruamento D) foram surpreendidos durante a manhã do passado dia 14 de fevereiro quando se apresentaram ao trabalho e não encontraram condições para laborar.
Segundo o que apuramos, a falta de pagamento levou ao corte de gás e as máquinas não estavam a funcionar.
Ao Jornal de Albergaria, Clara Cravo, sócia-gerente afirma que neste momento não há dinheiro para pagar aos funcionários nem aos fornecedores, pelo que empresa tem que pedir um processo de insolvência. “Foram vários os fatores que nos levaram a esta situação. Ao longo dos 20 anos de existência nunca tivemos uma situação económica muito estável. O ano passado foi um ano em que perdemos mais de 300 mil euros em faturação, tínhamos dois financiamentos na banca por termos resultados negativos no final de 2018 e a banca não os renovou os plafonds. Isto tornou a situação muito difícil e entramos num período crítico”, disse.
Alguns trabalhadores explicam que “nunca faltou trabalho” e “há muitas encomendas”, pelo que nada fazia prever esta situação. Contudo, sabe-se que o salário do passado mês de janeiro estava em atraso. Os funcionários ficaram concentrados junto à entrada da empresa à espera de respostas.
Alguns partidos políticos manifestaram solidariedade aos trabalhadores que ficaram agora sem emprego. O Bloco de Esquerda questionou inclusive o Governo sobre a situação da fábrica. Numa pergunta dirigida à ministra do Trabalho, Solidariedade e Segurança Social, os deputados bloquistas eleitos pelo distrito de Aveiro, Moisés Ferreira e Nelson Peralta, questionam se esta empresa tem sido alvo de acompanhamento por parte da Autoridade para as Condições do Trabalho, solicitando o envio dos relatórios dos resultados dessas ações inspetivas. Os bloquistas querem ainda saber se no caso do encerramento desta empresa, o Governo tem programado algum plano para responder a esta emergência social.
Noite de vigília
Nesse mesmo dia, durante a noite, os trabalhadores estiveram em vigília à porta da empresa para “impedir a retirada de material”.Em conversa com alguns funcionários, foi afirmado ao Jornal de Albergaria a existência de “fortes suspeitas de que o material possa ser levantado do interior da fábrica”, o que os impossibilitava de reaver “os salários de janeiro em atraso e ainda parte do mês de fevereiro”. A vigília foi feita de forma organizada.
Os trabalhadores estiveram frente ao portão em contato permanente com os restantes. “Caso apareça algum camião avisámos de imediato os nossos colegas de trabalho”. Na altura, adiantaram ainda que trancaram a “passagem do portão com paletes a fim de impedir qualquer tentativa de remoção de maquinaria”.