Mais de 30 anos de trabalho foram tomados pelo fogo em minutos, deixando um rasto de 200 mil euros de prejuízo. Dois meses depois do incêndio, a DL Car mantém o stand inalterado como lembrança do que as chamas significaram para o setor empresarial albergariense. No concelho, são quase 60 as empresas sinalizadas como potenciais beneficiárias dos apoios anunciados pelo Estado, com base legal para atuação lançada no início de novembro.
Foram 200 mil euros de prejuízo, dez viaturas completamente queimadas, o escritório em escombros e a totalidade dos 30 veículos danificados pelas chamas. Numa questão de minutos foram-se mais de três décadas de trabalho. É o relato da gerência da DL Car, deixado ao JA, dois meses após a destruição provocada pelas chamas no stand automóvel albergariense, na manhã de 16 de setembro. Esta é apenas uma das quase 60 empresas afetadas pelo grande incêndio.
“Há uma grande desmotivação em voltar aos sítios. Custa-me ir ao stand. Aquilo que nos aconteceu, aqui em Albergaria, nós não temos culpa nenhuma. O Estado serve para se chegar à frente nestes momentos. A Câmara tem ajudado no preenchimento de candidaturas aos apoios, mas não podem andar à frente do Governo”, partilha a gerência, com o JA.
O espaço mantém-se quase inalterado desde que o fogo lá passou, como lembrança do impacto das chamas na vida empresarial local e por falta de fundos para mandar rebocar ou recolher os escombros. A DL Car continua com os veículos intactos – com danos leves – disponíveis para venda, a funcionar com o contacto disponível à entrada, inscrito numa placa onde se lê “não desistimos”.
“Não podemos estar à espera”
A Portaria n.º 284/2024/1 que regula os apoios, anunciados no Decreto-Lei n.º 59-A, saiu no dia 4 de novembro. Sem seguro e sem alguma vez esperar que o fogo chegasse à oficina, a DL Car continua à espera. “Todo o tempo que passa é prejuízo. Continuam as despesas fixas – água, luz, impostos de selo… – e não há faturação. Nós organizamos a vida em função dos rendimentos que temos e sentimos agora uma grande perda. Não podemos estar à espera”, desabafa.
António Loureiro, presidente da Câmara Municipal de Albergaria, em declarações ao JA feitas na segunda-feira, 18 de novembro, informou que a autarquia tem identificadas 59 empresas como potenciais beneficiárias dos apoios do Estado – duas ligadas ao turismo, 10 à indústria, 23 ao comércio e 24 a serviços.
O real efeito dos apoios para os negócios lesados pelo fogo será tema de futuras edições do JA. Esta quinta-feira, dia 21, estará nas bancas um balanço inicial dos primeiros apoios a abrir candidaturas, direcionados à Agricultura e Habitação.