Orgulho no passado, consciência das dificuldades e confiança no futuro marcaram a cerimónia de celebração dos 100 anos da Misericórdia de Albergaria-a-Velha, ontem, dia 18 de abril, no Salão Nobre da instituição.
A data de aniversário mereceu a presença do presidente da União das Misericórdias Portuguesas (UMP), Manuel Lemos, que juntamente com António Loureiro, presidente da Câmara Municipal, e José Pedro, provedor da Misericórdia de Albergaria, descerrou uma placa alusiva à efeméride, num momento que terminou com uma salva de palmas.
Seguiu-se a sessão solene que encheu por completo o salão nobre, contando-se, entre os presentes, os provedores das Misericórdias de Aveiro, Vale de Cambra, Águeda e Vagos, sendo que este último, Paulo Gravato, é também coordenador distrital do secretariado regional da UMP. Estiveram, também, várias entidades locais, vereadores, eleitos municipais, o presidente da junta de freguesia de Albergaria e Valmaior, Jorge Lemos, bem como, mesários, funcionários e utentes. A Segurança Social de Aveiro fez-se representar por Benjamim Bastos. Entre os beneméritos, encontrava-se Pedro Martins Pereira, bisneto do comendador Augusto Martins Pereira e filho de António Augusto Martins Pereira, figuras incontornável da história da Misericórdia de Albergaria.
História, essa, lembrada pelo atual provedor, que disse ser “uma saborosa responsabilidade” estar ao leme da instituição no ano em que completa um século de existência.
“Tarefa ciclópica”
José Pedro lembrou o tempo em que o Estado esquecia os mais necessitados, para considerar que, hoje, “apesar das dificuldades e das inúmeras carências e promessas não cumpridas, o Estado mudou, está socialmente preocupado, a sociedade civil está mais solidária, as instituições em geral, incluindo as autarquias e Segurança Social, são recetivas e colaborantes”. O provedor desejou que o espírito de colaboração se mantenha e aumente, a favor de “uma cada vez maior parte da população” que “merece uma velhice digna, mais solidária e humanizada”. Disse ainda que a organização das Misericórdias tem uma “tarefa ciclópica pela frente”, mas afirmou a convicção de que lhe serão dadas “boas condições de funcionamento e otimização da sua intervenção social”. Neste sentido, frisou: “Seremos sempre insatisfeitos e reivindicativos”. José Pedro terminou com palavras de reconhecimento aos que, no passado, geriram a Misericórdia, e de agradecimento a todos os colaboradores, cerca de 108, que zelam diariamente por perto de 150 utentes.
“Parceiro fundamental”
Mário Branco, presidente da Assembleia Municipal, convidado a usar da palavra, improvisou um discurso em que salientou a capacidade de ultrapassar problemas que a Misericórdia tem revelado ao longo da sua existência. “Tendemos para uma população envelhecida, em que o Estado se esquece dos que fizeram a História de Portugal, que são os mais velhos”, disse.
O presidente da Câmara realçou o papel relevante da aniversariante, lembrando os serviços prestados, primeiro, como hospital e sopa dos pobres e, mais tarde, como lar de idosos, referindo que a Misericórdia “é também um dos principais empregadores do concelho, o que faz com que, para além do importante papel de assistência social, seja uma forte dinamizadora da economia local” e “um parceiro fundamental do município, que muitas vezes chega aonde não conseguimos”.
Num apontamento mais pessoal, António Loureiro disse ter nascido no antigo hospital, como grande parte das pessoas presentes na cerimónia.
“Tempos duros”
Manuel Lemos começou por dizer que “celebrar o passado é uma forma de partir para o futuro” e recordou o princípio fundador, “Ajudar quem precisa”, que continua a nortear as Misericórdias Portuguesas. “Não vivemos tempos fáceis e os tempos vão continuar a ser duros, sobretudo, para quem gasta do seu tempo para cuidar dos outros”, afirmou. “Só ultrapassaremos as dificuldades todos juntos”, sublinhou, reforçando a sua total disponibilidade para continuar ao serviço desta causa, “com força e com coragem”. O presidente da UMP presenteou a aniversariante com uma peça em louça, pintada com a imagem da Senhora da Misericórdia.
O programa do dia começou com uma missa em memória dos fundadores, dirigentes e beneméritos, utentes e funcionários já falecidos, celebrada pelo pároco de Albergaria, padre Manuel Dinis. A finalizar o programa do dia, teve lugar um jantar-convívio, onde não faltou o bolo de aniversário.
Outras iniciativas irão assinalar o centenário da Misericórdia, ao longo do ano, como um espetáculo de dança, dia 18 de junho, e uma noite de gala, a 17 de setembro, entre outras, a divulgar oportunamente.