Uma sessão de quatro horas apresentou diferentes pontos de vista daquele que foi descrito como “o maior e mais trágico incêndio” do concelho. Entre motivos de ordem meteorológica à organização da floresta, passando pela cronologia do incêndio e medidas preventivas, no centro de todas as soluções esteve um denominador comum: a ação da população local – a maior falta sentida na plateia do Congresso.
A noite desejava-se de “escuta, partilha e mobilização”, na consciência de que são “sobretudo as pessoas, como agentes de Proteção Civil” o maior trunfo no combate às chamas através da prevenção e preparação para uma luta consciente contra o fogo.
O 1º Congresso dos Bombeiros de Albergaria-a-Velha arrancou, na sexta-feira, dia 30, com uma sessão dirigida à população afetada pelos incêndios de setembro de 2024, para apresentar causas e aprendizagens, mas, essencialmente, para que as indignações da comunidade pudessem ser apresentadas e respondidas em fórum público e não nas redes sociais, como frisou Albano Ferreira, comandante dos Bombeiros de Albergaria.
A conferência começou uma hora depois do previsto, por atraso do moderador do painel, António Loureiro, presidente da Câmara Municipal, com a certeza de que os soldados da paz albergarienses fizeram tudo o que estava ao seu alcance naqueles fatídicos dias.
“Os Bombeiros foram indevidamente atacados. Não havia meios suficientes e os sistemas colapsaram. Foi um incêndio completamente atípico. O fogo andou mais depressa que nós. Tínhamos as cartografias e estávamos preparados e, mesmo assim, o fogo andou à nossa frente”, admitiu António Loureiro, que começou por dar os parabéns aos Bombeiros pelo centenário e pelo Congresso; e por lamentar o atraso, o mais longo dos seus 12 anos de presidência, como referiu.
Coube a Albano Ferreira abrir o palco. O comandante dos Bombeiros de Albergaria não poupou nas palavras – a catástrofe de setembro foi “o maior e o mais trágico incêndio” de que há registo no concelho. “Deu para ver o quão somos pequenos perante um incêndio desta magnitude. Não basta ter bons meios e muitos meios”, afirmou.
Linha do tempo
Foi no domingo, 15 de setembro, que as chamas chegaram ao concelho. Mas, para os Bombeiros de Albergaria, o combate já havia começado há um dia, com a mobilização de meios para incêndios limítrofes e pontuais focos no concelho. A 14 de setembro, mobilizaram: 5 operacionais e 1 veículo para Seia às 02:20; 16 operacionais e 5 veículos para São João de Loure às 08:07; às 15:54 foram para Ribeira de Fráguas 14 operacionais e 4 veículos, às 16:27 mobilizam-se 5 operacionais e um veículo para Albergaria e às 16:42 foram para o incêndio de Oliveira de Azeméis-Ossela 9 operacionais e 3 veículos.
Na madrugada seguinte, dia 15, às 02:25, os Bombeiros de Albergaria foram mobilizados para um incêndio em Sever do Vouga, na Foz, “uma zona propícia à propagação por ser um vale encaixado”, explicou o comandante, para onde enviaram 14 operacionais e 4 veículos. Durante a manhã, os bombeiros locais são mobilizados para Oliveira de Azeméis (Santiais), Sever do Vouga (Nevolide) e Aveiro (bombas Galp).
Na tarde de domingo, o grande incêndio de Águeda, em Serém de Cima, fica extinto passadas quatro horas. Mas, pela mesma altura, no final da tarde, o incêndio que deflagrava desde dia 14 a norte de Albergaria, no concelho de Oliveira de Azeméis, estava a aproximar-se. Foram mobilizadas quatro viaturas dos Bombeiros locais e 4 operacionais para Telhadela (Ribeira de Fráguas), às 19:08, apoiados por duas brigadas externas, de Coimbra e Leiria.
Às 20:42, ainda de dia 15, Oliveira de Azeméis continua a arder e são mobilizados 15 operacionais dos Bombeiros de Albergaria, apoiados por cinco veículos. “Era um incêndio de grande dimensão e quase inevitável de entrar no nosso concelho”. Em Sever do Vouga, o incêndio de Pessegueiro estende-se até à foz do Rio Mau, que chegou a estar controlado, mas reacendeu numa altura em que o de Oliveira de Azeméis progredia com muita intensidade, entrando no Norte do concelho.
Casas a arder e civis cercados
No dia 16, às 6:46, há um alerta para a entrada do incêndio da Foz do Rio Mau no concelho e o comandante ordena o reforço de meios. Ficam no terreno 29 veículos e 63 operacionais dos Bombeiros de Albergaria. “É importante dizer que os meios existem e estavam todos no terreno”, reforçou Albano Ferreira. Às 6h foram deslocados meios de Oliveira de Azeméis para a Branca.
O fogo chega ao centro de Albergaria, passando primeiro por Vila Nova de Fusos e Mouquim, vindo de Carvoeiro (Águeda). Às 8h, já não há acesso a Vila Nova de Fusos. Pelas 9h, o fogo vai entrando para Sobreiro, Açores, Albergaria, Frossos, Angeja e Fontão. As estradas A1, A25, IC2 ficam interditas. Há relatos de pessoas cercadas pelas chamas em Mouquim.
O primeiro carro enviado para o centro do concelho passa por Carvoeiro e depara-se com “o caos” de pessoas desesperadas para abandonar o local. O chefe de viatura decide resgatar quem está preso nas habitações em chamas e levar todos para um lugar seguro – sendo que, as estradas à volta também ardiam. “Todas as viaturas foram chefiadas por gente extremamente experiente e competente. Tenho a certeza de que tomaram a decisão mais acertada com base na informação que tinham”, reforçou Albano Ferreira, argumentando que a fuga poderia ter resultado numa tragédia semelhante àquela que ficou conhecida como ‘a estrada da morte’ em Pedrógão Grande.
Pelas 10h, já há fogo em várias habitações no concelho, procede-se à evacuação de idosos para locais seguros e monta-se um Posto de Comando em Albergaria. Uma hora depois, os meios de reforço pedidos para o concelho deparam-se com dificuldade em chegar, devido ao corte da EN16, IC2, A25, A29 e A1. “Nesta fase, os operacionais não se conseguiam repartir em diferentes tarefas. A prioridade eram as vidas humanas e, com recursos escassos, os bombeiros não podiam estar a ajudar na retirada de bens”, acrescentou o comandante.
Por toda a parte
“Perdeu-se a noção de que o concelho estava todo a arder porque, naturalmente, toda a gente estava preocupada com a sua rua e freguesia. No dia 16, das sete da manhã às sete da tarde recebemos cerca de 400 chamadas”, disse Albano Ferreira. Na tarde de 16, às 15h, é construída a primeira Zona de Concentração e Apoio à População (ZCAP), em Valmaior. Pelas 16h, as chamas atingem São Marcos e Telhadela; às 17h os pontos mais preocupantes eram Frossos, Ribeira de Fráguas e Valmaior. Uma hora depois, Frossos, Telhadela, Carvalhal e Fradelos foram afetados e procedeu-se à evacuação de acamados, salvamento de animais sempre que possível e vinham a caminho meios de Lisboa.
São João de Loure, Telhadela, Ribeira de Fráguas, Nobrijo e Senhora do Socorro estavam afetados pelo fogo, pelas 19h. Durante a noite (21h), Branca, Soutelo, Casaldima, Frossos, Alquerubim, Senhora do Socorro, Valmaior, Vale da Sapa e Ribeira de Fráguas sofrem com as chamas. O fogo de Oliveira de Azeméis volta a entrar na zona norte. São evacuados idosos de Vilarinho de São Roque e há incêndios em várias casas e anexos de arrumos. Às 22h, o fogo continua a afetar Palhal, Telhadela, Assilhó, Nobrijo, Casaldima, Carvalhal e Vila Nova de Fusos.
Na madrugada seguinte, já no dia 17, a zona Norte continua a ser severamente afetada, com necessidade de evacuação de vítimas. Às 2h da manhã, o fogo chega à Zona Industrial, a nascente. Pelas 3h, a zona Norte continua crítica e há civis retidos em habitações em Fradelos.
Às 6 da manhã, o incêndio de Águeda entra a Sul do concelho. Paus e Fial, em Alquerubim, são afetados. Há relatos de civis com dificuldades respiratórias e veículos cercados pelo fogo em São João de Loure. Ao meio-dia, a segunda frente do incêndio de Sever do Vouga entra em Ribeira de Fráguas. Os momentos seguintes são de forte combate e intenso rescaldo, com o conjunto de incêndios vindos de concelhos vizinhos a ser dado como dominado no dia 18 de setembro, pela manhã.
“O termo ‘dominado’ significa que o incêndio não vai atingir mais do que aquilo que já atingiu. ‘Extinto’ é quando não há qualquer tipo de chama ativa – o que não é o caso”, sintetizava, na altura, João Oliveira, coordenador municipal da Proteção Civil, em declarações ao JA.
Números enganadores
Uma das grandes revoltas da população que se viu sozinha no combate às chamas, muitos sem água e/ou eletricidade, foi o contraste entre o número de meios anunciados no terreno e a aparente ausência de bombeiros. Albano Ferreira explicou que o número de operacionais e veículos no terreno começa a ser contabilizado em plataformas online como fogos.pt e Ocorrências Activas a partir do momento em que são acionados.
Mas, os valores demoram a tornar-se reais, sobretudo com meios vindos de praticamente todo o país e com estradas cortadas. Por exemplo, quando uma corporação de Lisboa é mobilizada para Albergaria, somam-se dezenas de operacionais ao terreno que, na realidade, estão ainda a 300km.
O comandante dos Bombeiros apresentou os valores reais de meios mobilizados de segunda a quarta-feira: dia 16 às 12h estavam no terreno 239 operacionais e 431 às 20h; no dia 17 às 12h foram 333 bombeiros e 323 às 20h; no dia 18 estiveram pelo concelho 286 bombeiros e 155 às 20h.
No momento de intervenção do público, um grupo de cidadãos de Vilarinho de São Roque queixou-se de ter tido bombeiros no terreno, mas “completamente parados”. “Tínhamos meios, mas sentimo-nos sozinhos. Diziam-nos ‘saiam de casa que a vossa já está na lista para arder’. Não é assim que se diz uma coisa destas”, desabafou um dos conterrâneos. Albano Ferreira explicou que a zona estava sob comando do incêndio de Oliveira de Azeméis e os operacionais no terreno não receberam ordens de Albergaria, por ter sido esse o ponto de partida do incêndio, antes de entrar na freguesia de Ribeira de Fráguas, a que pertence Vilarinho. Albano Ferreira reforçou estar apenas a informar e não a desresponsabilizar-se como comandante.
Medidas de prevenção
João Oliveira, coordenador municipal da Proteção Civil, focou-se no programa ‘Aldeia Segura, Pessoas Seguras’, iniciativa nacional criada após os incêndios de Pedrógão Grande, com o propósito de evitar situações que resultem na morte de civis por tentativa de escapar às chamas. Para tal, o programa estabelece zonas de ponto de encontro e de refúgio em caso de incêndio e promove ações de sensibilização junto da população, que incluem simulacros e sessões informativas sobre temas como limpeza de terrenos e cuidados a ter com os materiais armazenados nas redondezas das habitações.
No concelho de Albergaria existem quatro ‘Aldeias Seguras’: Carvalhal, Vilarinho de São Roque, Vila Nova de Fusos e Fontão. Gavião e Porto de Riba estão agora a começar a implementar o programa. A iniciativa incluiu ainda o mapeamento das zonas de risco de cada uma das aldeias, com o intuito de projetar cenários que permitam antecipar a mobilização de meios e as indicações dadas à população.
Em Vila Nova de Fusos, registou-se a primeira vítima grave dos incêndios, que acabou por se tornar numa das quatro vítimas mortais provocadas pela catástrofe. “Esta pessoa morreu a tentar salvar o seu veículo. A mãe estava acamada em casa, na parede ao lado, e ficou ilesa. São situações que nos marcam”, afirmou João Oliveira, reforçando a importância de ações de sensibilização sobre como agir em caso de incêndio, priorizando a vida e só depois os bens.
De forma mais ampla, João Oliveira lembrou o trabalho feito pelo Município de Albergaria, em parceria com a Proteção Civil, antes dos incêndios. Por exemplo, a gestão da faixa de combustível em 30 hectares, incluindo 5km de execuções coercivas, com pagamento suportado pela autarquia; a reabilitação de 5 hectares de linhas de água e a abertura de caminhos florestais. Nesta última, o coordenador municipal criticou a população por pedir a abertura destes caminhos para casos de catástrofe, mas acabar por fechá-los quando consideram que existe demasiada gente a utilizá-los.
Escolas e abrigos
O dia 16 de setembro coincidiu com o início do período escolar. Com as chamas a chegar a algumas escolas do concelho, os alunos foram enviados para casa. No entanto, as crianças e jovens que se tinham deslocado de transporte público, estavam sem forma de regressar à casa.
Deste modo, foi criada no Cineteatro Alba uma zona de acolhimento para os alunos, por ser considerada a área mais segura na cidade. No dia 18 de setembro, reabriram as escolas. “Fomos criticados por fechar quando fechámos e por abrir quando abrimos. A decisão de voltar à Escola o mais rápido possível foi tomada em conjunto e com medidas de segurança garantidas: as crianças ficavam dentro da sala de aula sempre que possível e foram distribuídas máscaras para proteger do fumo. Os Bombeiros, GNR e outros membros da Proteção Civil também têm filhos. Para além disso, para muitas crianças a única e melhor refeição quente que têm é na escola”, justificou João Oliveira.
Os técnicos municipais sem tarefa atribuída ficaram encarregues de conduzir a população que andava pelas ruas para o Cineteatro. Foi criada uma segunda zona de acolhimento para quem ficou sem habitação, bem como para 17 crianças da APPACDM e 35 utentes acamados. O Centro de Saúde da Albergaria funcionou durante 24 horas.
No pós-incêndio, João Oliveira lembrou o trabalho feito pela Proteção Civil na demolição de casas fragilizadas que tinham de ser destruídas por perigo de derrocada e na estabilização de caminhos, essencial perante a previsão de chuva. Sobre a madeira utilizada para estabilizar caminhos, João Oliveira lamentou o facto de ter sido levada por sujeitos que não identificou, para usufruto próprio.
Vegetação boa, vegetação má
Miguel Almeida, do Centro de Estudos de Incêndios Florestais da Universidade de Coimbra, apresentou ‘Segurança e Resiliência das Comunidades Locais perante Incêndios Rurais’, uma exposição com uma grande certeza: “a peça central na prevenção e combate a incêndios são as pessoas; ou a população está preparada para agir ou é uma catástrofe, por muito boas e resilientes que sejam as equipas de bombeiros”, afirmou o académico.
O investigador chamou à atenção para o facto de a maioria das casas afetadas em incêndios começar a arder por fogo iniciado por fagulhas – como aconteceu a 61% das habitações em Pedrógão Grande. Pelo que, Miguel Almeida alertou para a importância do cumprimento das distâncias recomendadas na gestão de vegetação junto a casas e para a escolha de árvores pouco inflamáveis – como as de fruto – em detrimento de espécies como o medronho, sumagre ou o loureiro. Sobreiro e carvalho são as espécies que mais fagulhas libertam a curta distância.
A inflamabilidade da espécie escolhida deve ser igualmente considerada na construção de casas rodeadas por sebes feitas de vegetação. Quando são cortadas, as sebes tendem a criar rebentos que, abertos pelo corte, secam e resultam em matéria altamente inflamável. Para reforçar a segurança das habitações, Miguel Almeida sugeriu ainda a aplicação de telas ignífugas nas janelas e/ou paredes da casa.
Juntos para crescer
De 1931 a 2022, 24.9% das mortes por incêndio decorreu de tentativas de fuga. Defensor de programas de combate às chamas que venham do seio das comunidades e não de autoridades superiores, o académico da Universidade de Coimbra frisou que nunca se deve tentar fugir de um incêndio. “Quando isso acontece, é porque algo correu mal. A palavra ‘fuga’ implica uma pressa que não deveria fazer parte dos planos. As evacuações são para ser feitas com tempo”, reforçou Miguel Almeida.
No campo da prevenção, Luís Sarabando, da Associação Florestal do Baixo Vouga, defendeu aquela que é a grande bandeira da entidade: áreas de floresta agrupadas, onde vários proprietários de minifúndios se juntam para gerir uma área total comum, com custos e benefícios partilhados, “para fazer o que não seria possível numa pequena propriedade”.
Apesar de reconhecer que, a partir de um certo nível de descontrolo, o fogo deixa de querer saber da gestão florestal, Luís Sarabando reforçou a importância de cuidar da floresta como um todo e olhá-la como o recurso produtivo que é, essencial igualmente para a descarbonização.
Esta união entre proprietários, como defendeu, é também “uma forma de criar boa vizinhança” e de atenuar a amargura sentida pelos que perdem terreno para o fogo por falta de limpeza dos terrenos envolventes, pertencentes a terceiros. “Quando se gere a floresta como um mosaico vivo, numa lógica de gestão partilhada, torna-se mais rentável, abrem-se portas a benefícios como apoios comunitários e todos os envolvidos cuidam dela”, sintetizou.
84% de fogo posto
Joana Carinhas, do ICNF – Instituto de Conservação da Natureza e Florestas, alertou para o simultâneo aumento da violência dos incêndios e diminuição no número de ocorrências, uma tendência verificada na Região de Aveiro e em particular no concelho de Albergaria-a-Velha.
A representante do ICNF informou que uma análise da cartografia desde os anos 70 permite saber como se propaga o fogo no concelho. O mais comum são incêndios vindos de Águeda e Sever do Vouga, trazidos por ventos do Leste. A oeste da freguesia da Branca, os incêndios são denominados “incêndios de nortada”, com ventos a soprar de Norte para Sul, formando as chamadas “línguas de fogo”.
Sobre as causas, uma análise da última década concluiu que diminuíram os fogos provocados por negligência e aumentaram os casos de incendiarismo. Em Albergaria-a-Velha, em 2024, 84% das causas de incêndio foram registadas como “imputáveis – incendiários”.
“Nó na garganta”
Fábio Silva, da empresa de formação e consultoria Greenflame, chamou à atenção para alteração da realidade dos incêndios, essencialmente motivada pelo aumento das ondas de calor e períodos de seca prolongados, defendendo como solução central uma melhor capacitação de recursos humanos no sentido de aprofundar conhecimento sobre estes conceitos.
O investigador falou igualmente de um conceito pouco ouvido que pode informar sobre a evolução do fogo de forma significativa, segundo explicou: a camada limite planetária (PBL). Quando esta camada sobe, a intensidade do fogo pode aumentar subitamente com o aumento do oxigénio. A coluna de fumo pode aumentar e subir, ganhando velocidade de deslocação. Fábio Silva acrescentou que quando a PBL desce, a humidade relativa aumenta, criando uma janela de oportunidade para combate ao fogo.
“Um incêndio como o de setembro, em algumas frentes, simplesmente não podia ser combatido. Isso é taxativo. Investir em camiões e infraestruturas e não em inteligência e conhecimento só vai gerar problemas logísticos e não soluções”, sintetizou Fábio Silva.
A fechar o primeiro dia de Congresso, António Loureiro reforçou a importância de esclarecer a população em fóruns próprios e louvou os conterrâneos pela forma como agiram durante o incêndio. “Os bombeiros andavam com um nó na garganta pela necessidade que tinham de se explicar e hoje serviu para isso. Vocês que aqui estão, e a população em geral, foram todos heróis. Houve um espírito de solidariedade entre vizinhos que é de louvar”, agradeceu o edil.
O segundo e último dia de Congresso, 31 de maio, destinou-se às forças de prestação de socorro, com apresentações em comum com a noite anterior e outras mais técnicas, contando com um painel elogiado por António Loureiro por “juntar conhecimento científico, poder autárquico e o saber da gestão florestal”.