Orçamento focado em recuperação de incêndios e grandes obras de parceria

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Ribeira de Fráguas aprovou o plano de 362 mil euros para 2025 com empreitadas em vista como os últimos acrescentos ao edifício da Junta, a continuação da Casa do Padre a cargo da Paróquia e a conclusão do Largo da Capela com investimento municipal. Para preparar um futuro mais resiliente, foram criados grupos de trabalho de prevenção a incêndios nos vários lugares do território.

Foto: Junta de Freguesia de Ribeira de Fráguas

A última Assembleia de Freguesia de Ribeira de Fráguas do ano aprovou o Orçamento e Plano de Atividades para 2025 com votos da maioria CDS-PP e abstenção do membro único do PSD, Marta Ribeiro. A social-democrata apresentou críticas e questões ao orçamento no Estatuto de Direito à Oposição. Marta Ribeiro acrescentou que irá manter a postura de crítica construtiva e foco no balanço de promessas inscritas em Orçamento.

O pacote de 362 mil euros prevê uma aposta significativa na recuperação pós-incêndios, “com a criação de seis grupos de trabalho, distribuídos por todos os lugares da freguesia, focados em mitigar incêndios futuros através de formação que permita à população saber como agir num momento de resposta imediata”, detalhou, ao JA, Henrique Caetano, presidente da Junta.

A iniciativa da Junta de Freguesia visa igualmente apostar na prevenção, nomeadamente, como explicou Henrique Caetano, com um reforço na sensibilização para a importância da limpeza de terrenos e ordenamento do exterior das habitações – por exemplo, evitar a acumulação de lenha ou materiais inflamáveis em anexos. Numa maior escala, a freguesia tem pela frente o ordenamento e gestão de uma floresta totalmente destruída pelas chamas.

O plano será implementado em articulação com os Bombeiros de Albergaria e Proteção Civil Municipal, revisitando mecanismos já existentes como o programa nacional ‘Aldeias Seguras, Pessoas Seguras’ que engloba quatro locais no concelho; sendo dois deles na freguesia de Ribeira de Fráguas: Vilarinho de São Roque e Carvalhal.

O programa ‘Aldeias Seguras’ foi alvo de críticas por parte da população e os responsáveis locais pela sua implementação reconheceram a dificuldade em deslocar as pessoas para os pontos de encontro assinalados como seguros quando as casas dos lesados se encontravam em chamas.

Trilhos a recuperar

O incêndio de setembro deixou também um forte rasto de destruição pelos PR – Percursos Pedestres Registados e Homologados. Dos quatro existentes em todo o concelho, dois encontram-se na freguesia: PR 1 – Trilho do Linho e PR 2 – Trilho dos Três Rios. Perdeu-se parte da fauna, flora, sinalética e dos próprios corredores pedonais construídos em madeira.  

“O nosso património natural é, sem dúvida, o cartão de visita da freguesia e a principal forma que temos de o divulgar turisticamente”, disse Henrique Caetano. O presidente explicou, em resposta a Marta Ribeiro sobre a reabilitação dos trilhos, que o financiamento está inscrito num pacote de danos e prejuízos que o Município de Albergaria apresentou como necessitados de ajuda a um fundo de emergência.

A social-democrata deu nota de melhorias que, a seu ver, beneficiariam os percursos, já necessárias antes dos incêndios, como a sinalização de zonas mais perigosas e a parte que incluiu uma escadaria muito íngreme. Henrique Caetano respondeu que, após a reconstrução, os trilhos terão de ser novamente homologados e esta poderá ser uma oportunidade para implementar as sugestões.

Reconstruir sem descaracterizar

A Casa do Padre, com obra a cargo da Comissão Fabriqueira da Igreja de Ribeira de Fráguas, está igualmente prevista nos planos para 2025, com o valor do apoio a atribuir por parte da Junta ainda por definir. As obras arrancaram em maio de 2023 e passaram por um período conturbado de trabalhos, com empresas a recusar concursos pelo valor proposto e falência da entidade vencedora. A firma que ficou em segundo lugar no concurso ficou com a obra mas pediu um aumento de orçamento. Esta noite, dia 18, às 21h, a Comissão reúne-se para discutir o futuro da empreitada.

O projeto implica um investimento de 296 mil euros + IVA, com um apoio de 176€ mil da União Europeia – 80% dos 220€ mil inicialmente apresentados como orçamento total. O restante valor terá de ser angariado pela Paróquia, com a ajuda da comunidade, e com um máximo de 88 mil euros de apoio municipal.

A candidatura compromete a que o espaço fique um mínimo de cinco anos ao serviço da comunidade. Henrique Caetano explicou, como já noticiado, que a Casa do Padre irá preservar a fachada original e a funcionalidade histórica de residência do pároco, se assim for necessário. Numa outra vertente, o espaço visa trazer à freguesia um centro de cultura e convívio onde se podem realizar espetáculos, workshops, apresentações de livro, conversas, formações, etc…

Ainda no centro de freguesia, o campo de futebol recentemente construído será dotado de balneário; e o Largo da Capela entra em fase final de obras, com financiamento municipal; tal como o espaço envolvente à Capela de Santa Ana, em Telhadela. A requalificação do Jardim Central, junto à ponte do Fílveda; e a segunda fase da empreitada do edifício da Junta – que inclui a criação de uma copa para colaboradores e o salão polivalente para as associações locais – estão igualmente nos planos para 2025.

Zona de banhos para o futuro

No Carvalhal, o antigo campo de futebol foi adquirido pela Junta de Freguesia para “evitar a descaracterização do local” e face à oportunidade de compra financeiramente viável. “A ideia é devolver identidade ao espaço, considerando a importância histórica que tem e a sua centralidade”, indicou Henrique Caetano, esclarecendo que a população do lugar será ouvida e que está fora de questão voltar a construir ali um campo de futebol.

O Largo da Capela do Carvalhal será alargado “de acordo com o que tem sido feito pela freguesia, na aposta em espaços de centralidade destinados a convívio e lazer”, explicou. O presidente informou que o maior desafio da transformação está a ser a aquisição de terrenos a particulares e que a falta de estacionamento no lugar será igualmente considerada na intervenção.

Na área das despesas habituais, estão “os custos de manutenção dos serviços básicos da freguesia, como assegurar transporte escolar e continuar com o apoio a associações, feito a cada evento e não por subsídio anual”, explicou o presidente da Junta. Para o futuro, Henrique Caetano quer definir o local para a zona de banhos – uma espécie de ‘praia fluvial’ – da freguesia, prevista para a área envolvente à zona do Açude Novo, onde passa o rio Caima, junto à Ponte do Pinto, como é conhecida, em Telhadela; um local que terá de ser reconsiderado pelo impacto dos incêndios. O sítio integrava o Trilho dos Açudes, que estava em preparativos finais para ser homologado como PR5, na semana seguinte àquela que trouxe o grande incêndio de setembro.