Gripe das Aves: Como proteger os galinheiros, medidas de segurança e sinais de alerta

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Conheça as medidas decretadas nas zonas de proteção e zonas de vigilância. Angeja e São João de Loure e Frossos estão sob proteção e as freguesias de Albergaria-a-Velha e Valmaior, Alquerubim, Branca e Ribeira de Fráguas estão de vigilância.

Foto: DR

A gripe aviária é uma doença infeciosa viral que atinge aves selvagens, de capoeira e outras aves mantidas em cativeiro. As infeções por vírus da gripe aviária apresentam-se em duas formas: baixa patogenicidade e alta patogenicidade.

No primeiro caso, os vírus provocam sinais ligeiros de doença. Na alta patogenicidade provocam mortalidade muito elevada, especialmente nas aves de capoeira, com um impacto importante na saúde das aves domésticas e selvagens.

Nos casos de produção avícola, a alta patogenicidade constitui motivo de suspensão da comercialização de aves vivas e seus produtos nas zonas afetadas e pode ser motivo de impedimento de exportação de aves e produtos a nível nacional.

Medidas em vigor

Desde o início do outono de 2024 foram detetados em Portugal 3 casos de infeção por vírus da GAAP em aves selvagens e desde o início de janeiro de 2025 foram confirmados quatro focos desta doença em aves domésticas.

Dois dos casos em estabelecimentos em Assafora, freguesia de São João das Lampas e Terrugem (Sintra) e dois em detenções caseiras de aves, uma das quais situada na freguesia de Tornada e Salir do Porto, Caldas da Rainha sendo a outra localizada na freguesia de Angeja, concelho de Albergaria-a-Velha. Nas Caldas da Rainha foi igualmente detetado um foco em aves em cativeiro mantidas num parque urbano.

Assim, foram definidas zonas de restrição sanitária de acordo com o disposto na legislação em vigor: uma zona de proteção e uma zona de vigilância, abrangendo, respetivamente, raios de 3 e 10 km centrados no estabelecimento afetado.

A DGAV – Diretora-Geral de Alimentação e Veterinária decreta que as aves de capoeira e aves em cativeiro detidas em estabelecimentos, incluindo detenções caseiras, localizadas no território de Portugal Continental, deverão ser confinadas aos respetivos alojamentos de modo a impedir o seu contacto com aves selvagens.

Angeja e São João de Loure e Frossos estão sob proteção e as freguesias de Albergaria-a-Velha e Valmaior, Alquerubim, Branca e Ribeira de Fráguas estão de vigilância. Nas zonas de proteção e vigilância, são proibidas as seguintes atividades:

  • Circulação de aves detidas a partir de estabelecimentos aí localizados
  • Repovoamento de aves de espécies cinegéticas
  • Feiras, mercados, exposições e outros ajuntamentos de aves detidas
  • Circulação de carne fresca, incluindo miudezas, e de produtos à base de carne de aves detidas e selvagens a partir de matadouros ou estabelecimentos de manipulação de caça aí localizados
  • Circulação de ovos para incubação a partir de estabelecimentos aí localizados
  • Circulação de ovos para consumo humano a partir de estabelecimentos aí localizados
  • Circulação de subprodutos animais obtidos de aves detidas a partir de estabelecimentos aí localizados.

Em todas as circunstâncias, os detentores de aves de capoeira ficam obrigados a remeter as Informações Relativas à Cadeia Alimentar aos operadores de matadouros onde as mesmas serão abatidas, pelo menos 24 horas antes da chegada de animais no matadouro.

Consulte aqui as exceções aos pontos listados acima.

Sinais de alerta

Antes de saber como manter segura a sua capoeira, a DGAV explica o que pode estar na origem de um surto. O vírus poderá entrar nas capoeiras de várias maneiras:

  • Por aves selvagens que podem contagiar aves domésticas através de contacto direto ou por contaminação do ambiente com fezes
  • Pela entrada de aves domésticas ou de outros animais provenientes de explorações contaminadas
  • Por pessoas que entrem na capoeira depois de terem contactado com aves infetadas, e que podem transportar o vírus nas roupas, nos sapatos, nas botas ou nas rodas dos carros
  • Quando as aves domésticas procuram alimento fora do galinheiro em locais contaminados por aves afetadas
  • Pelo contacto das aves com água e estrume contaminados
  • Por vetores mecânicos como moscas, mosquitos, ratos.

A morte repentina de várias aves saudáveis, em menos de 24h; e/ou a morte repentina, durante vários dias, de várias aves – por exemplo, num grupo de 50 galinhas, no 1.º dia morrem 3 aves, no 2.º dia morrem mais 3, no 3.º dia morrem outras 4 aves… – são sinais de alerta para a presença do vírus.

• Cabeça inchada, crista e barbilhões azulados
• Respiração difícil/falta de ar
• Plumagem eriçada
• Diarreia
• Sintomas neurológicos como paralisias, andar em
círculos, torcicolo
• Prostração e diminuição do apetite
• Redução da produção de ovos
• Hemorragias nas patas
• Mortes súbitas e em elevado número.

Qualquer suspeita deve ser comunicada aos Serviços Regionais da DGAV ou ao Serviço Veterinário Municipal. Num caso de gripe aviária colabore com as entidades oficiais e atue de acordo com as suas indicações.

Proteger os capoeiros

A DGAV recomenda que siga estas medidas de biossegurança como forma de manter uma capoeira livre de doenças:

  • Mantenha as aves em boas condições, com acesso a água e a alimentos adequados
  • Certifique-se de que as instalações estão em bom estado de conservação e que são limpas regularmente
  • As aves devem ser guardadas numa zona vedada à entrada de pássaros ou outras aves vivas
  • Separe as aves por espécie, por exemplo, as galinhas devem estar separadas dos patos, dos cisnes e dos gansos
  • Coloque cal em pó à volta do galinheiro
  • Não permita a entrada de estranhos na capoeira
  • É conveniente que seja sempre a mesma pessoa a tratar das aves
  • Mantenha um balde com água e sabão à entrada da capoeira para lavar as mãos e as solas do calçado
  • Lave sempre as mãos com água e sabão, antes e depois de cuidar das aves
  • Evite a entrada de carros no terreno
  • Se tiver de comprar aves, mantenha-as num lugar à parte durante uma semana, antes de as pôr na capoeira.

RISCOS PARA HUMANOS

A transmissão do vírus da gripe aviária (H5N1) para humanos é um evento raro, registando-se apenas em casos esporádicos a nível global, de acordo com o Serviço Nacional de Saúde (SNS). Os seres humanos infetados contraíram a doença, na grande maioria dos casos, através do contacto direto com animais contaminados.

O período de incubação do vírus varia entre 2 a 5 dias após a última exposição a aves infetadas, podendo prolongar-se até sete dias. A transmissão ocorre principalmente em contextos de exposição profissional, ou seja, quando há contacto próximo com aves infetadas (vivas ou mortas) ou com ambientes contaminados ou com dejetos.

O SNS esclarece que não há evidências de que o H5N1 possa ser transmitido aos seres humanos através do consumo da carne ou ovos. Embora a gripe aviária seja altamente contagiosa entre as aves e apresente uma elevada taxa de mortalidade nas espécies afetadas, o risco para a população geral é muito baixo.

Sintomas e diagnóstico

Os primeiros sinais da doença no Homem incluem: febre alta – acima de 38ºC, rinite aguda, conjuntivite, faringite e pneumonia. Em alguns casos, podem também ocorrer sintomas como diarreia, vómitos, dores abdominais, sangramento nasal e encefalite. A evolução da doença pode levar a falhas respiratórias progressivas, podendo resultar em morte.

O diagnóstico é geralmente feito pelo médico de clínica geral, com base na avaliação dos sintomas e no histórico de contacto com aves.

Tratamento e cuidados a ter

O tratamento deve ser iniciado o mais rapidamente possível e pode incluir medicamentos para aliviar os sintomas, antivirais para combater o vírus e oxigenoterapia para pacientes com baixos níveis de oxigénio no sangue.

As autoridades de saúde recomendam que os profissionais que trabalham com aves adotem medidas preventivas, como o uso de equipamentos de proteção individual, para minimizar o risco de exposição ao vírus.