Navigator com produção parada na fábrica de Aveiro

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A escassez de madeira nacional foi o principal motivo da histórica suspensão. A empresa afirma que as restrições à plantação do eucalipto representam “um entrave à competitividade do setor”.

The Navigator Company, uma das maiores empresas da região de Aveiro em volume de faturação e número de trabalhadores, suspendeu temporariamente, pela primeira vez na história, a produção de pas­ta na fábrica de Aveiro, devido à escassez de madeira nacional, informou o Jornal de Ne­gócios.

A paragem da produção decorreu inicialmente por dez dias e deverá prolongar-se até amanhã, totalizando 11 dias de interrupção. A suspensão resulta do preço de venda da celulose no mercado “spot” – preço no momento, em tempo real – e a escassez de matéria-prima nacional.

Segundo a empresa, “a suspensão deveria durar mais de um mês”. No entanto, o incêndio que atingiu a fábrica de Setúbal, em julho deste ano, levou à suspensão temporária dessas instalações, reduzindo a necessidade de madeira marginal. “Desta forma, a paragem na fábrica de Aveiro limita-se apenas a 11 dias”, explicou fonte oficial ao órgão de comunicação social.

Produção continua

A produção de papel doméstico e sanitário, também localizada em Aveiro, não foi afetada. A unidade continua a ser abastecida por “stocks” de pasta seca em fardos e pela integração com a pasta de mercado proveniente do complexo industrial da Figueira da Foz. Se necessário, poderá ainda recorrer a pasta adquirida nos mercados internacionais, que registam um maior volume de oferta.

Os clientes contratuais de celulose de Aveiro também não foram afetados, uma vez que foram fornecidos a partir dos “stocks” existentes ou da produ­ção na Figueira da Foz.
Em 2023, apenas 13% das necessidades de madeira do gru­po foram asseguradas por autoabastecimento provenien­te de património próprio e arrendamentos. A empresa recorda que, em 2021, 65% da madeira utilizada era nacional, 10% vinha de Espanha e 25% era importada de fora da Península Ibérica.

Escassez de madeira

Para enfrentar a escassez, a Navigator tem vindo a diversificar as suas fontes de matéria-prima, adquirindo madeira não só na Galiza e em Moçambique, mas também em Cantábria, Andaluzia e Estremadura, além de países como Uruguai e Brasil. “Esta diversidade de origens faz parte da estratégia da Navigator, centrada na diversificação geográfica dos fornecedores e na otimização da cadeia de abastecimento”, indicou a empresa, citada pelo Diário de Aveiro.

Ainda assim, sublinhou que, devido às restrições legais à plantação de novas áreas florestais, “o recurso à importação será sempre uma necessidade não evitável no curto, médio e longo prazo”, destaca a empre­sa, e aponta que estas restrições à plantação do eucalipto representam “um entrave à competitividade do setor”, citada igualmente pelo Diário de Aveiro.

Fontes: Jornal de Notícias, Diário de Aveiro, Jornal de Negócios