A jornada empresarial de Albergaria, no âmbito do projeto INOV@IERA, levou Pedro Martins Pereira, CEO da Larus, herdeira da centenária Alba, à Incubadora de Empresas, para falar a futuros empreendedores e curiosos sobre a importância social de uma marca
A Jornada Empresarial de Albergaria-a-Velha, no âmbito do projeto INOV@IERA e integrada na Semana de Empreendedorismo do Município de Albergaria-a-Velha, iniciou com um breve discurso de saudação por parte do presidente da Câmara e do vice-presidente, com palavras encorajadoras para a tarde que se viria a desenrolar.
Cerca de 20 pessoas ouviram Lurdes Morais, da CH Bussiness Consulting SA, que abriu a sessão com a apresentação do INOV@IERA, uma parceria com a AIDA – Câmara de Comércio e Indústria de Aveiro, CIRA – Comunidade Intermunicipal da Região de Aveiro e Universidade de Aveiro (UA). A oradora manifestou a importância da inovação e empreendedorismo, materializada neste tipo de eventos, afirmando que “todos nós somos empreendedores até certo ponto”.
Lurdes Morais apresentou à plateia de empresários, estudantes e curiosos, as 14 ideias de negócio resultantes do estudo ao tecido empresarial do distrito, com o propósito de assinalar as principais dificuldades dos comerciantes. A falta de programadores e de sistemas robotizados deram o mote para as duas primeiras ideias: a Academia de Programação e a Automação e Robotização. Outro dos maiores défices prende-se com a eficiência dos recursos materiais e energéticos, simultaneamente, uma oportunidade para apostar nas energias renováveis e a descarbonização.
A importância de um estudo direcionado especificamente para o lançamento de novos produtos e a economia de partilha, onde “o princípio não é comprar, é partilhar, tornado o negócio mais inteligente, mais barato e mais ecológico”, explica, dando como exemplo a Uber Freight, um sistema de boleias de transporte de carga, pensado para otimizar o trabalho em frotas.
Sustentabilidade, tecnologia que vise o conhecimento e modernização foram as palavras de ordem transmitidas aos futuros empreendedores, como centrais para o sucesso de qualquer negócio.
Humanizar a marca
Pedro Martins Pereira, CEO da Larus, atual representante da histórica Alba, “uma herança de excelência a que faz jus”, como apresenta Catarina Mendes, vereadora da Ação Social, foi o convidado da tarde de Jornada. “A Larus é uma empresa exemplo por não se focar apenas no produto final, mas sim no ambiente social, no património e nas pessoas”.
O empresário, bisneto do fundador da Alba, começa pelo início para ensinar a primeira lição “criar uma empresa não tem de ser caro”. Pedro Martins Pereira recorda que, quando saiu da Alba, não tinha fundos para fazer nascer um negócio e decidiu candidatar-se a um programa que acabou por vencer, com o projeto de um quiosque para Aveiro, inspirado nos montes de sal e movimento das águas da Ria.
“É essencial criar de modo a respeitar os fatores culturais e históricos dos locais. Quando estamos a fazer um produto, ele não é para nós”, advoga. Os exemplos da Larus nesta vertente, entre muitos outros, vão desde as escolas reabilitadas em Alquerubim “de maneira a respeitar o ambiente rural” às folhas de palmeira que inspiram os quiosques de gelados no Dubai, passando pelos bancos de rua em Angola que têm como modelo o embondeiro, árvore caraterística do país.
O Banco Alba, em frente ao Cineteatro, é outra materialização da adaptabilidade da Larus, feito em ferro fundido para recordar os tempos áureos da Fundição. Pedro Martins Pereira fala da marca centenária como exemplo de “responsabilidade social, memória coletiva – por estar presente por toda a cidade – qualidade e criatividade”, com peças emblemáticas como o banco nº1 Alba e a boca de incêndio, já apelidado de “Martins Pereira sem braços”, recorda, entre risos.
Cibermuseu Alba
A importância da Marca foi o ponto central da mensagem do empresário. “Um estudo concluiu que 80% das marcas na Europa não valiam nada. Para criar uma marca com valor é preciso coerência entre colaboradores, distribuidores, cultura, produtos e o Ambiente. A marca é uma extensão da nossa personalidade”, defende.
Para o futuro, o empresário revela que a Larus tem planeada a criação do Cibermuseu Alba, um espaço museológico virtual e interativo, para conhecer e eternizar a história e o legado da marca. A ideia nasceu da tese de Mestrado de Carla Tavares Silva, uma exemplo de outra lição deixada por Pedro Martins Pereira – a aposta na colaboração e interação entre Academia e empresas, sempre que viável.
Quando questionado pela audiência por um albergariense que trabalhou na Fundição Alba, à semelhança de toda a sua família, para quando estava previsto um Museu da Alba que ocupasse espaço físico, o CEO responde que “a Câmara está a pensar nisso, já falou com o arquiteto Souto Moura, e não deixou de pensar nisso”, assegurando que o espaço virtual era um primeiro passo importante na preservação desse legado.
As últimas palavras da tarde foram prova de que a Alba de outros tempos continua viva, mesmo nos mais pequenos. “A Alba não era só uma Fábrica. Teve um grande papel social, formou muita gente, de carpinteiros a engenheiros, e fez nascer centenas de empresa. Hoje, sempre que vamos passear em família, a primeira coisa que os meus filhos fazem, como jogo, é procurar a Alba pelo sítio – nos bancos, nas tampas de água…”, termina Sandra Figueiredo, técnica municipal, relembrando que a Semana de Empreendedorismo continua (ver programa na galeria).
Texto por: Beatriz Ribeiro e João Pimenta