A fórmula para ser um bom pai não existe, mas a tomada de consciência sobre o exercício da parentalidade será o primeiro passo para lá chegar. “O Homem Pai”, de Ricardo Pinhão, pretende ajudar a percorrer esse caminho, assumindo as dúvidas e procurando respostas, sem desistir das intenções genuínas de cada um. O livro, lançado em 2021, serviu de mote para mais uma conversa do ciclo “Encontros com Letras” que teve ontem lugar na Biblioteca Municipal de Albergaria-a-Velha.
Além do autor, a sessão contou com a participação de Catarina Mendes, vereadora com o pelouro da Educação, Mário Branco, médico pediatra, e César Ferreira, mentor de autores e especialista em biblioterapia. A conversa estendeu-se para o público, constituído em grande parte por familiares, amigos e demais elementos do Executivo Municipal. Curiosamente, da assistência, houve apenas intervenções femininas.
Coube à vereadora falar sobre o autor, definindo-o como “uma pessoa participativa, ligada à capacitação dos outros, que nos faz ter consciência da família e da pessoa humana na sua plenitude”. Sobre o livro, Catarina Mendes disse que teve o prazer de o ler, e abriu um pouco o véu sobre as suas páginas: “Representa a viagem de uma criança que cedo assumiu o papel de homem da casa até se tornar um pai consciente. Uma criança que cresceu com muitas ‘máscaras masculinas’, só as reconhecendo na sua primeira chamada para o papel de pai”.
O livro revela, pois, “a insegurança e a incompreensão de ser pai e também a vontade e os desafios para estar pai”, temática na qual se reveem muitos homens das novas gerações. Um dos motivos por que Ricardo Pinhão resolveu escrever sobre o assunto foi ter constatado que existia pouca informação, segundo o próprio.
O livro não tem a pretensão de tudo ensinar, mas sim de levar o leitor “a refletir sobre a parentalidade que pratica, ou pretende praticar, com base em vários estudos científicos, teorias de vários autores e experiências pessoais”. Neste sentido, “genuíno” foi a palavra mais vezes repetida por Ricardo Pinhão, pois defende que é o que um pai deve tentar ser.
Mário Branco reportou-se à sua experiência como pediatra para dizer que “há cada vez mais homens a mudar fraldas”. Na sua óptica, a parentalidade é, atualmente, mais tardia, tendencialmente menos instintiva e acompanhada da preocupação de “nada falhar” nos cuidados e na educação dos filhos. “Segurança e carinho são o melhor que os pais podem oferecer às suas crianças”, realçou. O médico elogiou a escrita fácil e cativante do livro que “ajuda a tranquilizar os pais”, dando “dicas úteis sobre a parentalidade”.
César Ferreira, por seu lado, considerou que ler «O Homem Pai» é “crucial para mudar a sociedade”, porque ajuda as famílias a serem mais felizes, contribuindo, nessa medida, para um mundo melhor.
O mentor do livro e o seu autor recordaram alguns momentos da construção da obra, cuja escrita se desenvolveu e encontrou o rumo certo durante o confinamento provocado pela pandemia.
Por fim, o autor agradeceu a seus pais, bem como à irmã, que foi a sua “primeira experiência de pai”.
Natural de Albergaria-a-Velha, Ricardo Pinhão é coach, palestrante e facilitador de parentalidade consciente. Nesta área, tem publicado muitos artigos e outros livros. Comunicativo e empático, promove também workshops sobre o método Wim Hof (desafiar a mente para controlar o corpo, aumentar o rendimento e diminuir o stress), de que é um dos primeiros instrutores certificados no país, tendo sido treinado pelo próprio Wim Hof (também conhecido por “The Iceman”), como o Jornal de Albergaria divulgou na revista comemorativa do 111.º aniversário deste quinzenário.
Redigido por Sofia Meneses