Trazer mais investimento camarário para a freguesia, bem como o regresso do Motocross e de espetáculos equestres à Quinta do Agro, estão entre as prioridades do Chega para São João de Loure e Frossos. Henrique Silva, cabeça de lista pelo partido e ainda membro da atual Assembleia de Freguesia do CDS-PP, apresenta-se disponível para ouvir e foi elogiado pela “vontade, genuinidade e pureza” com que se chegou à frente, nas palavras da deputada Maria José de Aguiar.
Num ambiente de convívio, com febras e bebidas a anteceder a sessão ao ar livre, no Parque do Agro, o partido Chega fez, na tarde de domingo, dia 7, a apresentação de candidatos à freguesia de São João de Loure e Frossos.
Henrique Silva, candidato à presidência da Junta de Freguesia, começou por afirmar ter encontrado no terreno, em relação ao Chega, “um partido com muitos apoiantes, que ainda sentem que têm de esconder a cara”, tendo este sido um dos motivos que o fez avançar. A confiança para apresentar a candidatura foi reforçada, como acrescentou, pelo número de votos que o partido reuniu nas últimas eleições – 446 votos nas legislativas de 2025.
O candidato apresentou-se como filho da terra, criado junto do irmão pela mãe, a quem agradeceu a presença e elogiou por ter criado “dois matulões” em condições adversas. Henrique Silva referiu ainda ter “feito a tropa” e ter estado nos Comandos durante um par de anos. “Servi o nosso país com muito orgulho”, afirmou.
Esteve na Suíça durante 33 anos, um país que elogiou por “receber os emigrantes de braços abertos” e por ser referência europeia de crescimento e desenvolvimento. “Fui para lá tirar leite às vacas e não tenho vergonha de o assumir. Fui para lá ser o homem do povo que sou cá”, afirmou. Mais tarde, formou-se, também na Suíça, em Contabilidade, com especialização em Seguros – área na qual criou uma firma que se distinguia das restantes por apoiar os portugueses a viver na Suíça com questões relacionadas ao âmbito de atuação da empresa.
Mais investimento
“Não sou burro, mas também não é preciso ser muito esperto para ser político. O que foi feito por esses doutores e engenheiros, ao longo do tempo em que estive fora, deu numa freguesia pouco dinâmica e com a população a decrescer”, criticou.
Para Henrique Silva, “após ter controlado os orçamentos da Câmara”, o grande problema de S. J. de Loure e Frossos está na falta de investimento na freguesia por parte do Município de Albergaria-a-Velha, que acusou de concentrar o investimento a norte do concelho – na Branca e em Ribeira de Fráguas.
Pelo que, a primeira medida que anunciou para a freguesia foi a captação de “mais receitas de capital”. Para concretizar este objetivo, afirmou ter um grande trunfo: tempo livre. Henrique Silva assegurou que a freguesia terá mais investimento se vencer as eleições, “nem que tenha que dormir à porta da Câmara Municipal”, frisou.
“Nenhum candidato a este posto deveria fazer outra coisa. Temos de estar disponíveis para fazer frente à Câmara Municipal, independentemente da cor política. Não podemos pagar tantos impostos e vê-los guardar o dinheiro todo. A freguesia não pode continuar com orçamentos de 270 mil euros por ano”, advogou Henrique Silva.
Desilusão com a base
Apesar de se orgulhar de ter uma equipa formada por pessoas que nunca estiveram na política, Henrique Silva faz atualmente parte da Assembleia de Freguesia de S. J. de Loure e Frossos, integrando a lista que venceu as eleições em 2021, do CDS-PP, partido no poder em cinco das seis Juntas de Freguesia.
Aos eleitores, Henrique Silva explicou que foi convidado pela atual presidente da Junta, Ana Maria Bastos, para integrar a lista, mas, com o tempo, revelou ter-se desiludido com o projeto político que aceitou. “Eram pessoas em quem eu tinha muita confiança e pensei que fossem fazer algo pela freguesia. Rapidamente me apercebi que era o tipo de política que não era para mim”, disse, referindo-se a António Loureiro, presidente da Câmara Municipal, e Ana Maria Bastos.
“Era uma política que não era de diálogo, em que achavam que a maioria absoluta lhes dava o direito de chamar estúpidas às ideias dos outros. Cometi um erro. Aliás, não posso chamar-lhe um erro por ter confiado nas pessoas”, acrescentou o candidato.
Medidas apresentadas
Henrique Silva apresentou igualmente planos para criar habitação na freguesia, “para que as pessoas se mantenham cá”. O candidato quer aproveitar edifícios que estejam abandonados e oferecer às pessoas apoios para que os possam reconstruir, “sem dar casa a ninguém, não é habitação social, é dar condições às pessoas para que possam construir a sua própria casa”, indicou.
Como exemplo de edifício que se propõe a reabilitar, Henrique Silva identificou a antiga Escola Primária “que está fechada e a acumular lixo, por dentro e por fora”, como disse o candidato, que quer transformar o espaço numa creche para crianças com menos de três anos.
Para a Quinta do Agro, onde decorreu a sessão, Henrique Silva apontou como prioridade, a curto prazo, o regresso do Motocross à antiga pista que ali existia, bem como a utilização da mesma área para espetáculos equestres; na certeza de que ambos levarão mais dinâmica à economia da freguesia. O candidato quer trazer de volta ao Agro provas nacionais de Motocross, no único espaço da freguesia que considera “um grande pavilhão a céu aberto”.
O candidato afirmou querer reabrir as WCs públicas que se encontram fechadas desde a última vez que foram vandalizadas, com intenção de “responsabilizar” quem danificar o material, através da instalação de câmaras de vigilância. “Quer tenham dinheiro ou não, vão ter de pagar o que estragaram”, defendeu.
O Parque será igualmente espaço para “grandes eventos, para que o povo se divirta”, nas palavras de Henrique Silva, e de forma a que as associações locais possam dinamizar bancas/tasquinhas e criar receita própria. “Não vamos dar nada a ninguém, vamos apoiar as associações ao dar-lhe a oportunidade para criarem esse valor”, afirmou o candidato.
Sobre a praia fluvial, presente no programa eleitoral de alguns partidos, o candidato defendeu antes a criação de uma zona de banho simples, “com acesso pelo Parque dos Plátanos, através de uma ponte móvel”, um pequeno areal, bar e WC. “Será o suficiente. Não vale a pena ter uma praia 5 estrelas, porque o inverno, no período de cheias, irá destruir toda a praia. Está na nossa lista, mas não será o cavalo de batalha da campanha. Temos outras prioridades”, afirmou Henrique Silva.
Público tem a palavra
Nos planos da candidatura está igualmente a criação de “acessos dignos a todas as casas e iluminação nas ruas”, em particular nas zonas de Frossos e Pinheiro, onde o candidato prometeu estar durante a campanha, com o intuito de “ouvir as pessoas”. Henrique afirmou ainda que irá eliminar “o problema da lixeira de Frossos”.
Durante a apresentação, um elemento do público questionou que soluções apresentava o candidato para os passeios na ponte de São João de Loure. Henrique Silva afirmou que, apesar de considerar um problema da responsabilidade de Aveiro, a Câmara Municipal da Albergaria e a autarquia de Aveiro se encontravam a acertar uma solução. Segundo Henrique Silva, o Município de Albergaria apresentou a Aveiro uma proposta demasiado elevada e avançou, mais recentemente, com um projeto estimado para menos de metade do inicialmente indicado.
O mesmo eleitor questionou que planos tinha Henrique Silva para reparar os caminhos dos campos. O candidato respondeu que eles “são reparados todos os anos pela Junta de Freguesia” e alertou ser insustentável a permanente qualidade dos troços face ao peso dos veículos dos agricultores “50, 60 ou, às vezes, 100 toneladas”, pelo dano que causam nos caminhos e mesmo nas estradas da freguesia.
Ao ataque
Sandra Damas, candidata do Chega à Câmara Municipal da Albergaria e à Junta de Freguesia da Branca, apresentou-se como empresária de 38 anos, antiga bombeira voluntária e residente na Branca. A candidata lamentou ter sido vítima de atitudes sexistas por parte do partido que está no poder e criticou o concelho por “tal como a Branca, estar em declínio; quando já esteve lá em cima”, afirmou.
“Só conseguimos ser uma cidade se formos as seis freguesias unidas”, reforçou Sandra Damas, comparando o concelho, por exemplo, a Oliveira de Azeméis, “onde têm um hotel e uma piscina pública”, detalhou. A candidata apresentou-se igualmente como ex-emigrante na Alemanha, país que elogiou por “haver respeito pelas regras”, caraterística que não atribui a Portugal.
Como lema de campanha, afirmou que “descortinar” seria palavra de ordem. “Não nos vamos calar, não vou passar panos quentes em coisas que, para mim, não fazem sentido”, disse, lembrando a candidatura de António Loureiro à Assembleia Municipal, sendo um dos arguidos da operação ‘Ajuste Secreto’, a ser julgado por um crime de corrupção e outro de falsificação de documento.
Apesar de ser ainda desconhecido o desfecho, Sandra Damas afirmou que a acusação basta para que não tenha condições para “fiscalizar a ação do candidato à Câmara Municipal” e acusou ainda a candidatura de António Loureiro de ser “uma forma de pagamento de favores”.
O candidato à Assembleia Municipal, Pedro Correia, formado em Economia por Aveiro e em Finanças pela Universidade do Porto, apresentou-se como “bastante dedicado aos seus estudos” e atual funcionário de um banco na área da engenharia de dados.
“Estamos fartos de ver as mesmas caras de sempre a governar as nossas freguesias, o nosso concelho e o nosso país”, afirmou o jovem, como um dos motivos para a candidatura. Pedro Correia acusou o atual executivo camarário de apenas fazer obras na Escola Secundária por eleitoralismo, afirmando que estas já precisavam de intervenção há muito, apesar de a obra já aparecer inscrita no orçamento municipal de 2018. O candidato afirmou que “uma escola sem condições leva os jovens a estudar fora do concelho” e desincentiva o regresso.
Distrital presente
A deputada na Assembleia da República, Maria José de Aguiar, eleita pelo círculo eleitoral de Aveiro, elogiou a “vontade, genuinidade e pureza” demonstradas por Henrique Silva, características que afirmou honrarem o partido que representa, que, nas palavras da própria, é feito de “pessoas que vêm do nosso dia-a-dia, do trabalho, e que se disponibilizam para dar de si”, disse.
Natural de Vale de Cambra, a professora de profissão afirmou ter vindo para Albergaria-a-Velha pelas boas ligações rodoviárias aos vários pontos do país e por “estar perto da cidade, mas com a tranquilidade de estar afastada o suficiente”, um “encanto” que defendeu estar a perder-se e ser “preciso trazer de volta às freguesias”.
Maria José elogiou o trabalho da distrital na preparação das eleições autárquicas, admitindo que tem “não é fácil movimentar pessoas” para integrar listas. A deputada defendeu ser “importante que a mudança nacional que o Chega tem verificado se faça sentir nestes concelhos”, afirmou, orgulhosa de apresentarem candidatos a todas as Câmaras do distrito de Aveiro.
Pedro Alves, presidente da distrital do Chega de Aveiro, afirmou que as três bandeiras do Chega para as autárquicas são: “ser do povo e para o povo, transparência e combate à corrupção”. Como crítica ao atual executivo, perguntou onde estava o investimento de 12 anos, afirmando não estar à vista de quem passa pelo concelho.
O presidente da distrital criticou igualmente o “jogo de cadeiras” do partido que se encontra no poder, referindo-se à candidatura de Carlos Coelho, atual presidente da Junta de Freguesia Branca à Câmara Municipal; e a de António Loureiro à Assembleia Municipal.
Acompanhando Maria José, Pedro Alves afirmou que, “apesar do Chega ser um partido com 6 anos e 79 mil militantes, é difícil trazer candidatos para as listas, porque são ameaçados todos os dias pelos partidos do poder”, acusou.
“Temos de ter coragem para normalizar o Chega porque nós somos um partido de pessoas normais, de pessoas do povo”, reforçou, dando o exemplo do próprio, que não começou na política em nenhuma Juventude Partidária e decidiu estrear-se de ouvir André Ventura discursar na televisão.
Pedro Alves, numa nota final, fez notar o crescimento do Chega nas últimas eleições: 25 votos nas autárquicas de 2021 [resultados à Câmara Municipal]; 12 assentos no Parlamento nas legislativas de 2022 e 446 votos nas últimas eleições legislativas só na freguesia de São João de Loure e Frossos.