Carlos Linhares luta contra freguesia “dormitório” e quer terra dinâmica para se fazer vida

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Uma agenda programática para o Centro Cultural de São João de Loure, uma praia à beira Vouga, um Espaço Cidadão na freguesia e a valorização do Turismo histórico e natural de Frossos são algumas das propostas de Carlos Linhares, candidato pela coligação PSD/IL à Junta de S. J. de Loure e Frossos.

A apresentação da candidatura de Carlos Linhares, às eleições autárquicas marcadas para dia 12 de outubro, começou com elogios à campanha de rua que o jovem tem feito nos últimos dias. O candidato à Junta de Freguesia de São João de Loure e Frossos pela coligação ‘Albergaria em Primeiro’ – PSD/IL foi descrito como “uma pessoa muito serena, que ouve, anota e sente os problemas das pessoas”, nas palavras de José Pedro, candidato à Assembleia Municipal de Albergaria pela mesma força política.

“Há uma ligação muito forte de Frossos ao rio e à zona marítima. O Carlos e a sua equipa estão atentos a essas possibilidades e condições excecionais. Ele pode fazer a diferença e colocar São João de Loure e Frossos no rumo da vitória, num rumo diferente daquele que tem seguido até agora”, reforçou José Pedro. A apresentação da candidatura decorreu na noite passada, dia 19, no Pelourinho de Frossos.

O candidato lembrou que o plano de Carlos Linhares para a freguesia faz parte de um projeto maior para todos os territórios do concelho, liderado por Sara Vinga da Quinta, candidata à Câmara Municipal de Albergaria, em quem reforçou a confiança. “É a pessoa indicada e chefia uma equipa competente, com juventude, capacidade e conhecimentos para fazer diferente”, frisou.

Freguesias por igual

José Pedro afirmou que um dos desígnios do órgão local a que se candidata será lutar por maior igualdade territorial. “Uma das bandeiras da Assembleia Municipal será fazer com que todas as freguesias sejam tratadas de forma igual, dentro das suas diferenças”, considerando elementos como a densidade populacional e área geográfica.

“Não pode acontecer o que tem acontecido até aqui: algumas freguesias têm tudo e até mais do que precisam; e as outras ficam com as migalhas do que sobra”, criticou, num comentário recebido com largos aplausos. O candidato quer ainda aproximar a Assembleia das crianças e jovens, para travar “o divórcio” e desconhecimento que sente desta faixa etária em relação à política e órgãos locais, impedindo que a apatia se estenda para a idade adulta.

Esta proximidade, como prometeu José Pedro, irá traduzir-se igualmente num compromisso com a transparência e comunicação aberta sobre “todos os investimentos e grandes ações municipais; sejam desportivos, culturais ou de qualquer tipo”, acerca dos quais “as pessoas serão sempre ouvidas”.

José Pedro frisou que o ‘Albergaria em Primeiro’ não é um projeto de continuidade, mas sim uma alternativa para quem quer mudança. “A política em Albergaria não pode ser uma dança de cadeiras – onde dançam sempre os mesmos e apenas mudam as cadeiras onde se sentam para manter o poder”, acusou o candidato.

Cultura como trunfo

Carlos Linhares apresentou-se como filho da terra – nascido, criado e com os primeiros nove anos de educação feitos em São João. “Era um tempo onde havia tanta coisa que agora já não existe. Agora, ouço dizer, como ouvi uma professora na Assembleia de março, que a Escola Básica da freguesia tem 120 alunos. Isso choca-me. Não há iniciativas que procurem chamar e fixar aqui famílias”, lamentou o candidato.

Como solução, propõe tornar o território mais atrativo através de uma oferta cultural forte e distinta, com aposta no “turismo natural, com elementos como a Pateira de Frossos; e o turismo histórico, em sítios como o Pelourinho de Frossos”. A criação de uma agenda programática para o Centro Cultural de São João de Loure, à semelhança do que acontece no Cineteatro Alba, foi outra das propostas apresentadas no sentido de dar mais vida à freguesia.

O espaço cultural seria dinamizado em parceria com as associações da freguesia, que são atualmente protagonistas dos pontuais espetáculos apresentados no equipamento. Esta seria, em simultâneo, uma forma de apoiar as 12 coletividades da freguesia, bem como a criação do ‘folhetim da Junta’. O documento, a ser distribuído pelas casas dos habitantes da freguesia, contará com a divulgação de eventos organizados pela Junta e encontros dinamizados pelas associações.

“As associações são órgãos dinamizadores da comunidade e é assim que temos de olhar para elas. São conjuntos de pessoas que, de forma gratuita, gostam do fazem e não se importam de perder noites a trabalhar para a terra. As associações precisam de apoio monetário, mas também de uma Junta e Câmara ativas que procurem saber quais são as suas dificuldades”, defendeu Carlos Linhares.

Um dos encontros a juntar impulso à história e cultura locais, será a comemoração bienal do Foral de Frossos. Esta dinamização visa também combater a transformação de Frossos e da freguesia em geral num dormitório. O candidato quer que as pessoas tenham a alternativa de passar os fins-de-semana na terra, ao invés de ir para Aveiro, como lhe foi relatado acontecer na campanha porta-a-porta.

Praia e ‘campos’

A criação de um Espaço Cidadão na freguesia, sobretudo para servir a população sénior no momento de aceder aos serviços digitalizados do Estado, processos para os quais tendem a precisar de auxílio, é outra das propostas de Carlos Linhares. Os mais velhos foram referidos pelo candidato como os mais afetados pela retirada do centro de Saúde da freguesia. “Temos de cuidar dos nossos idosos. São eles que guardam a nossa memória, a nossa génese”, enfatizou.

O candidato definiu a reparação e manutenção dos caminhos do campo como prioridade. “Devemos olhar os caminhos, a Pateira, a parte rural e florestal da nossa freguesia como uma Zona Industrial. É daqui que vem o ganha-pão de muita gente e de onde saem produtos de São João de Loure e Frossos”, advogou o candidato. Mais do que uma área de produção, o candidato propõe um olhar para os caminhos do campo junto à zona ribeirinha como um pequeno Parque Verde, onde haverá espaço e condições para trabalhadores e transeuntes que ali passeiem a pé ou de bicicleta.

Para a beira-rio, Carlos Linhares quer aproveitar o Vouga para uma praia fluvial. “Com pouco investimento, conseguimos trazer para aqui o turismo de praia, além do rural”, defendeu. Sobre o Parque do Agro, o “centro da freguesia”, afirmou ter sido “dotado ao abandono nos últimos 10 anos” e acusou a recente colocação de mesas no espaço de uma ação eleitoralista. “Foi ali tanto investimento feito e, neste momento, não tem dinâmica nenhuma. São coisas que já existem e precisam de proximidade, cuidado e que se ouçam as pessoas”, afirmou.

Frossos na primeira pessoa

Carlos Linhares, antes de apresentar o programa, deu a palavra a António Baeta, cidadão de Frossos, que se queixou “do abandono a que Frossos foi deixado, pelo menos, nos últimos oito anos”.

O membro da lista à Assembleia de Freguesia, liderada por Linhares, a quem se juntou pelas “boas ideias apresentadas”, deixou críticas à falta de: limpeza e arranjo dos caminhos do campo, recolha de lixo frequente, reparação da Rua Comendador Augusto Martins Pereira, manutenção e limpeza do cemitério e sinalização vertical com indicação de localidades próximas.

O conterrâneo, “peixeiro de Frossos”, como foi apresentado, lembrou ainda a importância da requalificação do Caminho da Tomada, “essencial para as pessoas fugirem em caso de cheias”; e pediu o alcatroamento da Rua da Carvalha tal como foi feito na Rua do Ribeiro, onde passa o mesmo rego de água que dizem, segundo o próprio, ser argumento para não intervir na da Carvalha.

António Baeta deixou igualmente críticas ao tratamento da população idosa de Frossos, afetada pela perda do estabelecimento de Saúde local, tendo de se deslocar a Angeja ou Alquerubim para serviços médicos. Para além disso, o membro da lista chamou à atenção para o problema do isolamento social dos seniores. “Faz falta um sítio em Frossos onde se possa estar a ler o jornal ou a jogar uma cartada”, propôs como parte da solução. “O povo de Frossos não merece ser esquecido”, reforçou.

Sara Vinga da Quinta lembrou que o serviço ‘Saúde à Porta’ que quer levar ao domicílio cuidados médicos, ajuda para marcar consultas, transporte para estabelecimentos de Saúde e apoio com obtenção de receitas médicas, será para todo o concelho, feito em parceria com as IPSS locais e autarquia.

“São cuidados de saúde e apoio social para todas as freguesias. Vamos ter equipas multidisciplinares com médicos, enfermeiros, terapeutas, assistentes sociais, fisioterapeutas, terapeutas da fala, entre outros, para apoiar a nossa comunidade. Sem filas, sem burocracias, sem deslocações desnecessárias”, detalhou a candidata à presidência da Câmara.

Pela desagregação

Para António Baeta, a união de freguesias de São João de Loure e Frossos deve ser revertida, como defende o candidato à presidência da Junta e como ficou decidido em Assembleia de Freguesia de fevereiro de 2023. “Fomos obrigados a ir para uma situação que não queríamos. Nessa maldita Assembleia deu-me raiva ver o que fizeram a Frossos”, lembrou o conterrâneo.

Sara Vinga concordou com a urgência do pedido e acusou o atual executivo de não ter enviado o pedido de desagregação a tempo de tornar possível a separação já para estas eleições, algo que teria sido possível através do regime simplificado da Lei que reverteria as alterações de 2013. A candidata assegurou que a coligação vai “trabalhar pelas oito freguesias”, lembrando que são a única força partidária com candidatos a todos os órgãos de poder local.

Na altura, o Jornal de Albergaria questionou a Assembleia de Freguesia sobre o assunto e a resposta foi de que todos os documentos haviam sido entregues consoante o que foi sendo solicitado, como noticiado na edição de papel da segunda quinzena de março desta ano. Pode ler mais sobre o tema aqui.

Sara Vinga reforçou a importância de resolver todos os problemas listados por António Baeta, no sentido de solucionar “o básico” para poder dedicar tempo e recursos ao resto. Como candidata à Câmara, apontou para a freguesia medidas como a melhoria da Rua Comendador Martins Pereira, potenciar o Parque da Boca do Carreiro, apoiar empresários agrícolas e ajudar as associações.

Neste último tópico, Sara Vinga referiu a criação do Gabinete das Associações, que visa apoiar os grupos na busca por apoios estatais e europeus. O instrumento irá prestar ajuda a navegar a burocracia inerente às candidaturas a este tipo de financiamento, providenciando “apoio logístico e jurídico”. Neste campo, a candidata à Câmara acrescentou avançar com a revisão do atual regulamento de apoio às associações, sem revisão desde 2002, segundo disse.

“Este não é um projeto de continuidade, é de mudança. É um programa que quer devolver às pessoas a confiança numa gestão mais próxima, clara, transparente e preparada para os desafios do futuro”, sintetizou a líder da coligação.