O relatório 2022 da DEKRA, a maior entidade independente na prestação de serviços de consultoria e gestão para o setor automóvel, faz um retrato da condução e sinistralidade do ano, com foco nos condutores mais jovens.
A 15º edição do estudo internacional Road Safety Report, relatório de Segurança Rodoviária promovido pela DEKRA, dedicado à Mobilidade dos Jovens, conclui que, em Portugal, apesar da evolução positiva desde 2010 – com uma queda de 34% das mortes no geral e um decréscimo de 25% nas mortes de pessoas entre os 18 e 24 anos – os mais vulneráveis na estrada continuam a ser os mais jovens (15 aos 24 anos) e os mais idosos (maiores de 60 anos).
Em relação à sinistralidade, este ano, em Portugal, a DEKRA registou 626 mortos dos quais 74 eram jovens (12%) e 315 jovens gravemente feridos, num global de 2,168 feridos graves (15%). Considerando as 626 mortes, o relatório detalha que cerca de 53% destas ocorreram em zona urbanizadas, 19% eram jovens que conduziam motorizadas e 45% eram ocupantes de automóveis.
O estudo conclui ainda que, segundo dados recolhidos sobre a Alemanha pelo Serviço Federal de Estatística, em sinistros que envolveram jovens, 65% das vezes os jovens condutores foram a principal causa do acidente. Para além da ação do condutor, as maiores causas de acidente são: velocidade excessiva, distância de segurança insuficiente e desrespeito pelas regras de cedência de passagem.
Porquê os jovens?
Os motivos apontados pelo estudo para um maior risco nos condutores mais jovens passam por duas vertentes: a falta de experiência na estrada e a propensão para comportamentos de maior risco, ambas, por vezes, aliadas à distração por telemóvel e/ou consumo de álcool ou drogas. O excesso de confiança pode igualmente ser um dos fatores de risco – um inquérito da Forsa, encomendado pela DEKRA, conclui que 54% de condutores jovens homens se considera melhor condutor que a média.
As novas tecnologias surgem igualmente em foco no relatório, sendo a utilização do telemóvel ao volante um fator que aumenta o risco de acidente em 7 vezes, afirmam citando uma análise da Universidade de Haifa (2018) e o estudo Transportation Research Part F (2020). Os principais momentos de distração com tecnologia no automóvel passam por: pesquisar música ou mudar de faixa (65%), ler/escrever mensagens de texto (61%), interação com mensagens de voz (52%) e fazer chamadas (36%), concluem com base nos estudos acima citados.
A nível mundial, considerando os países analisados pelo relatório, morreram aproximadamente 1,300,000 pessoas em acidentes rodoviários, das quais 80% eram homens e 175 000 eram jovens. No entanto, desde 2010 que todos os países verificaram uma queda no número global de mortes na estrada e nas mortes jovens – exceto os Estados Unidos que registaram um aumento de 9% nas mortes em geral e o Chile nas mortes de jovens (0,34%).