Os maiores escaravelhos de Portugal andam à solta

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Associação Bioliving pede a ajuda de todos para os conservar.

Projeto VACALOURA.pt necessita do apoio de todos os cidadãos para conser­var os maiores escaravelhos da fauna portuguesa. A vaca-loura (Lucanus cer­vus) e a vaca-ruiva (Lucanus barbarossa) andam “lá fora”, principalmente nas noi­tes quentes, e cientistas de diversas or­ganizações querem saber onde estão. Se vir um, tire uma fotografia e ajude este projeto, visitando o site www.vacaloura. pt e registando o seu avistamento.

Segundo avança um comunicado feito pela Associação Bioliving a vaca-loura tem mais de 8 centímetros de comprimento e “é essencial no ciclo de nutrientes das florestas por decompor madeira morta, é uma espé­cie protegida por leis comunitárias e as suas populações encontram-se em declínio um pouco por toda a Europa, estando assim quase em risco de extinção. Em Portugal pouco se sabe sobre esta espécie, no entanto, desde 2016 que se tem feito um esforço cole­tivo com o objetivo de aumentar o conheci­mento sobre este escaravelho”.
Os esforços voluntários para melhorar o conhecimento e, consequentemente, o estado de conservação da vaca-loura têm crescido em Portugal com o surgimento do Projeto VACALOURA.pt – Rede Portu­guesa de Monitorização da vaca-loura.
Este projeto, coordenado pela Associa­ção Bioliving em parceria mais de 20 orga­nizações nacionais, tem promovido, numa estratégia multidisciplinar, a conservação dos maiores escaravelhos da nossa fauna, especialmente da vaca-loura e dos seus fa­miliares, utilizando esta como um chama­riz para a conservação de habitats e proces­sos naturais por vezes negligenciados na gestão dos espaços florestais e do patrimó­nio arbóreo, como por exemplo a madeira morta e a sua natural decomposição.

Vamos (também) procurar a vaca-ruiva?!

A Bioliving esclarece que a vaca-ruiva é um escaravelho com populações muito localizadas e que pode ser avistado na sua fase adulta apenas entre julho e setembro. Esta espécie apresenta tons muito escuros, mede entre 3 e 4,5 cm e apenas ocorre na Península Ibérica, sul de França e norte de África, ao contrário da vaca-loura que ocorre em toda a Europa. O facto de ter uma distribuição muito mais reduzida leva a que o conheci­mento sobre a espécie seja mui­to reduzido, inclusive se está ou não em risco de extinção. Por forma a mudar este paradigma é pretendido compilar o maior número possível de registos so­bre a espécie em Portugal, uma medida extremamente impor­tante para avaliar o seu risco de extinção. Segundo a Bioliving, “ambas as espécies podem ser agora, em julho, observadas”.

Voluntários colaboraram na conservação da vaca-loura

Pelo segundo ano consecutivo, houve um fim-de-semana dedicado à conserva­ção da vaca-loura em Portugal. A Bioliving organizou no primeiro fim de semana deste mês uma ação que tinha como ob­jetivo alertar a população para as ameaças que esta espécie enfrenta e incentivar para que todos ajudem a conservar esta espécie nas suas localidades. Foram dinamizadas 15 atividades de educação e sensibilização ambiental, na qual estiveram presentes quase 177 participantes, que encontraram 251 escaravelhos de 8 espécies de médio/ grande porte nas suas ações, incluindo 123 vacas-louras e 36 longicórnios-dos-carva­lhos (Cerambyx cerdo) uma outra espécie protegida por leis comunitárias, tal como a vaca-loura.