Margarida ‘dos Turcos’ com voto de pesar aprovado por unanimidade em Assembleia de Freguesia

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Foi ainda aprovado um voto de felicitação pelos 100 Anos dos Bombeiros de Albergaria-a-Velha. As obras na ecopista Albergaria-Valmaior continuam a levantar questões. Para recuperação dos incêndios foram aprovados pela CCDR Centro 55 mil euros, mas estão parados, entre burocracias e instabilidade política, sem poderem ser utilizados.

Na primeira Assembleia de Freguesia de Albergaria-a-Velha e Valmaior do ano, que decorreu na tarde de quinta-feira, dia 10, foram largos os elogios ao executivo, por parte dos membros eleitos pelo CDS-PP e oposição.

Rui Santos começou por louvar o sucesso da Caminhada dos Reis. “Parece que já foi há muito tempo, mas marcou. É de destacar a envolvência das coletividades locais neste evento, faz a diferença. Juntámos muitos e saímos daqui felizes”, frisou o membro da Assembleia.

Jorge Lemos, presidente da Junta de Freguesia, reforçou o feito. “Não existe nada parecido no concelho e arredores. Foi um marco que deixámos. Se quiserem continuar, que continuem”, disse, sendo este o último mandato do autarca. Ainda em relação à época natalícia, foi distinguido o trabalho a ACR Sobreirense pelo regresso do Presépio Vivo. “Foi um trabalho magnífico, voltaram com uma força inacreditável”, reforçou Rui Santos, elogiando a oportunidade de visitar gratuitamente o feito no âmbito da Caminhada dos Reis.

Foi igualmente elogiada a participação da freguesia na Rota dos Moinhos, a decorrer este fim de semana. com o emblemático pão com chouriço feito em Mouquim, no Moinho do Chão do Ribeiro, e a enchente que se espera no Passeio Anual d’Os 100 Gota, grupo motard da UDCM – União Desportiva e Cultural de Mouquim.

Pesar, felicitação e louvor

Na sessão, foi aprovado por unanimidade um voto de pesar por Margarida da Silva Marques Ferreira Coutinho, emblemática confecionadora de ‘turcos’, famosos biscoitos locais. A conterrânea faleceu no final de fevereiro, com 80 anos, e foi lembrada pela vida dedicada “à tradição familiar da arte doceira”. Margarida recebeu a Medalha de Grau Cobre da autarquia e foi, na Assembleia em questão, reconhecida publicamente pelo contributo que deu à tradição gastronómica local.

Margarida Coutinho deu continuidade à herança da avó na confeção dos turcos, doces com uma história centenária e presentes na família de Margarida há cinco gerações. A avó, que partilhava o nome com a neta, começou o fabrico próprio em 1925, na Rua 1.º de Dezembro. Quando conversou com o JA, em 2021, Margarida Ferreira Coutinho contava, com sorriso humoroso, que, antigamente, os biscoitos eram acompanhados por um copo de vinho – não pelo chá a que estão hoje tendencialmente associados.

No campo da felicitação, foi aprovado um voto pelo 100º Aniversário da Associação Humanitária dos Bombeiros de Albergaria-a-Velha, por “toda a dedicação, empenho e compromisso sobre-humanos, um motivo de orgulho para a nossa comunidade”. Os soldados da paz foram descritos, em tom de agradecimento, como “guardiões dos albergarienses, sempre presentes e sem baixar a guarda”. Para o futuro, a Assembleia deseja-lhes “votos de muita coragem e força anímica para que continuem” a nobre missão de servir o outro.

A Associação Cultural ‘Carnaval de Albergaria’ recebeu um voto de louvor, também unanime, pela folia local que “subiu e cresceu com o tema livre”, como destacou João Salgueiro (PSD) referindo igualmente a participação dos Jardins de Infância no Desfile Infantil e destacando os grupos da freguesia que brilharam no corso Noturno.

Dúvidas e melhorias

Para preparar o Parque de Lazer de Valmaior para o Verão, tendo a relva já sido cortada, Rui Santos pediu “a intervenção da Junta” para que fossem colocadas as mesas no local, que “começa já a ser bastante visitado para miniférias, inclusive por autocaravanas”. Jorge Lemos informou que irá fazer o pedido à autarquia, mas lembrou que o parque é municipal e, por isso, da responsabilidade da Câmara.

Sobre melhorias nos parques, Jorge Lemos referiu a colocação de equipamentos geriátricos no Parque de Lazer do Estuval e no Parque do Espigueiro – este último, encontra-se em construção, a nascer do lado esquerdo das letras brancas que escrevem VALMAIOR, onde serão colocadas árvores e relva. “Era um monte de silvas. Conseguimos o terreno a um preço muito bom (5 mil euros) e vai ficar ali um espaço muito engraçado, à entrada de Valmaior”, detalhou Jorge Lemos.

O Parque do Estuval teve um prejuízo significativo após os danos provocados pela tempestade Martino, com a queda de um cedro no baloiço e na calçada, para além de algumas árvores caídas. Jorge Lemos, no âmbito da melhoria de espaços, referiu a intervenção no ossário do cemitério de Valmaior, “uma obra muito digna”.

Ruben Coelho (PSD) perguntou, novamente, pela ecopista Albergaria – Valmaior, especificamente sobre se a empreitada a decorrer comtempla a reparação de taludes. Jorge Lemos respondeu que, segundo informação da Câmara Municipal, sabe apenas que a obra está dividida por fases, cada uma atribuída a um empreiteiro diferente.

Dinheiro parado

Para os danos provocados pelo incêndio de setembro de 2024, a Junta de Freguesia recebeu 55 mil euros do Fundo de Emergência Municipal. Mas, não pode usá-lo já. Paula Paralta, técnica da Junta de Freguesia, acrescentou que existe uma dúvida generalizada sobre para que categoria das finanças locais deve ir este valor.

A ANAFRE e a CCDR não souberam ajudar. Apesar de “o valor estar atribuído e a candidatura aprovada”, a Junta ainda aguarda autorização para utilizar o dinheiro, fruto da atual instabilidade política nacional e necessidade de pedidos de aprovação a terceiros para projetos específicos.  

Face à imprevisibilidade a nível local, nacional e internacional, Ruben Coelho elogiou a gestão de contas por parte do executivo “num grande respeito pelo equilíbrio orçamental, sem uma atitude despesista em relação às contas”. O social-democrata acrescentou que, apesar de não ser negativo ter “uma gestão conversadora” no geral, em momentos de maior necessidade deve apostar-se na comunidade e setor social.

Jorge Lemos reforçou que a gestão da Junta era conservadora, “não haja dúvidas disso”, e assim se manteria, sobretudo face a apoios que, mesmo aprovados, não chegam logo, sendo necessária margem para agir enquanto se aguarda. “Se não tenho para gastar, não gasto. Na vida e aqui na Junta. Fiz o que pude e o que me deixaram, a mais não sou obrigado”, acrescentou o presidente.