Os sobreiros em risco, no Parque da Senhora das Dores, em Paus, as obras na antiga escola primária de Fontes e o mau estado de certas ruas foram alguns dos assuntos em debate na Assembleia Freguesia de Alquerubim. O Orçamento para 2024, no valor de 227.068, foi aprovado por maioria, com a abstenção dos quatro eleitos pelo PSD. A sessão terminou em volta de uma mesa com bolo-rei e Vinho do Porto, para, num espírito de confraternização democrática, brindarem juntos ao Natal e Novo Ano.
O Orçamento e Plano de Atividades da Junta de Freguesia (JF) de Alquerubim para 2024 foram ontem aprovados por maioria, com cinco votos a favor dos eleitos pelo CDS, e quatro abstenções do PSD. Assumindo que a Junta tem pouco dinheiro e não se encontra numa boa situação financeira, o presidente, António Duarte, informou que as coletividades não receberam subsídios em 2023, os quais serão pagos a dobrar (dois anos juntos) em 2024.
Pela mesma razão, o trator tem estado parado, pois “fica caro pagar ao manobrador”, explicou António Duarte, em resposta a uma pergunta de Miguel Sousa (PSD).
A problemática dos sobreiros centenários, em risco de serem abatidos no Parque da Senhora das Dores, em Paus, foi introduzida na sessão, por Miguel Sousa, o qual recordou a resposta que lhe foi dada pelo presidente da Câmara Municipal, na última Assembleia Municipal: o abate só será concretizado se for essa a única solução, estando o Município a aguardar um parecer fitossanitário.
O presidente da Junta, embora aguardando as conclusões desse parecer, adiantou que, o mais certo é que “pelo menos três árvores tenham que ser abatidas”, pois “praticamente só se mantêm seguras pela cortiça”, estando interiormente debilitadas. “Sou contra o abate, mas ainda sou mais contra uma desgraça que possa haver, se uma árvore cair em cima de um carro ou de uma pessoa. Aí, vão logo dizer que a responsabilidade é da Junta de Freguesia”, declarou.
António Duarte avançou com a possibilidade de, caso os abates venham a concretizar-se, serem colocados novos sobreiros, nas covas deixadas pelos anteriores, de forma a que continue a haver ali um sobreiral.
Liliana Videira, inconformada com a iminente perda de um património natural muito valioso – com mais de 200 anos, segundo disse –, sugeriu que os troncos sejam aproveitados, por exemplo, para equipamentos infantis ou outros possibilidades, para lhes dar uma utilidade e preservar a memória das velhas árvores.
Tinta já a descascar na Escola de Fontes
Ainda pela voz de Liliana Videira, o PSD perguntou se a requalificação da Escola Primária de Fontes já se encontra concluída, e alertou para o facto de haver “tinta já a descascar, na fachada lateral, do lado do cemitério”, situação que, defendeu, tem de ser corrigida, impedindo que se propague. Miguel Sousa considerou que deviam ter sido usadas argamassas e tintas especiais contra a humidade. O presidente da Junta disse que a obra ainda não está concluída e que já falou como empreiteiro sobre os problemas em causa. De resto, ainda falta o saneamento, a eletricidade e melhoramentos a nível da ventilação do ar, informou.
Quando, em 2024, os trabalhos estiverem finalizados, a escola irá acolher workshops, para divulgação de artes, ofícios e tradições de Alquerubim, entre outras atividades, como consta no plano de atividades da JF.
Paragem de autocarro incompleta
Avelino Miranda (PSD) chamou a atenção para a paragem de autocarro em Calvães, que só tem a cobertura, faltando-lhe as partes laterais e os bancos, além do chão não estar devidamente arranjado, situação que se mantém há mais de um ano. A necessitar de intervenção urgente está, também, segundo o mesmo interveniente, a Rua Dr.ª Domitília Miranda de Carvalho, na curva no sentido Norte/Sul (Estrada 16-2), cujo mau estado representa um perigo para a circulação. António Duarte disse não ser da competência da Junta, mas sim da Direção de Estradas, reparar a via em causa, e ficou de insistir junto desta entidade para que a reparação seja feita. Sobre a paragem de autocarro, reconheceu desconhecer a situação, pensando que a obra estava pronta.
Muitos outros temas vieram a debate, nem sempre para apontar aspetos negativos. A oposição deu os parabéns à JF, pela cedência de salas para as aulas de Zumba e para consultas de Terapia da Fala, e pela participação em diversas atividades.
Cátia Duarte, eleita pelo PSD, colocou várias perguntas sobre verbas contempladas no Orçamento, como os 12.209 euros para pagar às coletividades, respeitantes a dois anos (2023 e 2024), os 10 mil euros para manutenção e obras no cemitério, e os 9 mil euros para lavadouros, dois dos quais, esclareceu a JF, “estão muito danificados”.
PSD critica fraco investimento do Município
Analisando de uma forma geral a intervenções que o Município pretende fazer no concelho, em 2024, Miguel Sousa considerou que há “freguesias, sobretudo as mais a Norte, com um forte investimento”. Afirmou não ter nada contra essas freguesias, mas “fico triste quando vejo que, na nossa freguesia, apenas será dada continuação às obras do Parque do Passal e será colocado piso sintético no campo do Centro Escolar”, lamentou. O presidente da JF esclareceu que esta obra, na ordem dos 50 mil euros, inclui um sistema de iluminação e vedação, para proteger os alunos do Centro Escolar.
No final da sessão, António Duarte desejou a todos um Bom Natal e convidou a uma fatia de bolo-rei e a um brinde coletivo em espírito natalício. Pelo PSD, falou Miguel Sousa, retribuindo as palavras do presidente da Junta e afirmando que, mesmo discordando em alguns pontos, todos estão ali para defender o interesse da freguesia. O presidente da mesa, António Frutuoso, também expressou os votos de uma boa quadra festiva e desejou um bom reencontro no próximo ano, em futuras assembleias, nas quais, independentemente das divergências partidárias, há uma grande amizade que os une.