Vejo-te sorrir, como se conseguisses analisar as minhas feições, mesmo de olhos fechados. E mesmo de olhos fechados, o brilho do teu olhar está lá. Um brilho que também me ilumina.
Contorno-te os lábios, com a mesma subtileza de sempre. Quero demorar-me enquanto passeio os meus dedos por eles. Suaves. Quentes. Apetecíveis. Sim… Quero-te… Aqui… Agora…
Sorrio. Continuas a sentir-me. A tua expressão faz-me lembrar o menino que habita em ti. Reflexo do menino que foste e que serás a Vida toda, mesmo por detrás do Homem que te tornaste. Tenho orgulho em ti.
Aqui estou eu. Aconchegada em ti. Contornando o teu rosto, os teus lábios. Acariciando o teu peito depilado, macio. Pouso a minha mão no teu peito para sentir o bater do teu coração, bem como a Vida que nele pulsa. Tenho o meu braço apoiado no teu ombro. O rosto apoiado na palma da mão.
Aqui. Só nós dois. Longe de tudo. Longe de todos. E nada mais importa. Sim… Quero-te… Aqui… Agora…
Continuo a contemplar-te, ao mesmo tempo que sinto o bater sereno do teu coração. A mesma serenidade da tua respiração. Ambos sabíamos que esse sincronismo se iria manter, mas de forma mais arrebatadora, tal como o tinha sido momentos antes. O aconchego do teu colo é revigorante. Levo os meus dedos a passear do teu peito para o braço que tenho diante de mim. O teu outro braço aconchega-me ainda mais no teu colo. E que bom é…
Continuo a passear os meus dedos pelo teu braço, até tocar a tua mão. Entrelaço os meus dedos nos teus. Sinto o aperto sedento da tua mão. Vejo-te abrir os olhos. Agora és tu que me contemplas. Estás a sorrir. O teu olhar brilha. Adoro a cor dos teus olhos. Adoro tudo aquilo que o teu olhar diz no silêncio. Continuo a sorrir(-te). Solto a tua mão e com os meus dedos percorro os teus. Sigo pela tua mão e vou subindo até ao teu ombro. Detenho-me propositadamente.
Continuas com o teu olhar fixo no meu. Retribuis o meu sorriso. Passeio os meus dedos pelo teu ombro e pela tua omoplata. Sinto a excitação que os meus dedos te provocam. Sinto a tua respiração a acelerar. Sinto o teu corpo a pedir o meu. Deslizo os meus dedos para o teu pescoço e percorro-o num movimento suave e ascendente. Vejo-te fechar novamente os olhos. Acaricio-te o queixo. Contorno, novamente, os teus lábios.
Movo-me do colo que me aconchega. Movo-me para outro aconchego. Sinto a tua respiração a acelerar ainda mais. Os meus lábios procuram os teus. A minha língua procura a tua. Retribuis. Saboreamos o beijo que tão bem conhecemos. Demorado. Intenso. Tornamo-nos um só, permitindo que os corpos dancem ao ritmo do êxtase que o momento pede.
QUERO(-TE)… Aqui… Agora… Longe de tudo. Longe de todos. Como se não houvesse amanhã…