Oito distritos podem ficar sem imprensa escrita a partir de 2026. Os diretores dos maiores jornais do país alertam para um cenário inédito.
Os diretores dos principais jornais e revistas portugueses assinaram um manifesto conjunto onde alertam para o “risco sério” de vastas áreas do país ficarem sem acesso à imprensa escrita já no início de 2026. A crise na indústria de impressão, aliada à “asfixia das cadeias de distribuição”, está a empurrar várias publicações para gráficas espanholas, num cenário que os responsáveis classificam como “insustentável e prejudicial para a economia nacional”.
A preocupação adensa-se com o aviso lançado pela VASP, a única distribuidora de imprensa em Portugal, que admite deixar de entregar jornais diários em oito distritos — Beja, Évora, Portalegre, Castelo Branco, Guarda, Viseu, Vila Real e Bragança — devido a “uma situação financeira particularmente exigente”, marcada pela quebra contínua das vendas e pela subida dos custos operacionais.
“Esta decisão terá como consequência a limitação do acesso regular à imprensa em parte do território nacional, afetando um direito consagrado na Constituição da República Portuguesa e um pilar essencial da democracia”; pode ler-se no comunicado enviado pela VASP – Distribuição e Logística, S.A.
No manifesto, os diretores afirmam não poder assistir “em silêncio” a este possível corte, que deixaria milhares de pessoas sem acesso a notícias nacionais. Alertam ainda para o impacto na democracia, lembrando que o desaparecimento da imprensa escrita facilitaria a propagação de desinformação e colocaria em risco milhares de postos de trabalho no setor.
Apesar de existir um plano do Governo com 30 medidas para apoiar a imprensa, grande parte continua por implementar. O ministro da Presidência, Leitão Amaro, desvaloriza o cenário, afirmando que “não passa cheques a nenhuma empresa em concreto” por não querer criar um “instrumento de dependência”, enquanto a Associação Portuguesa de Imprensa classificou o aviso da VASP como um “ultimato”.
O manifesto é subscrito por Filipe Alves (Diário de Notícias), Rafael Barbosa (Jornal de Notícias), Inês Cardoso (Notícias Ilimitadas), Pedro Ivo Carvalho (Volta ao Mundo), Luís Pedro Ferreira (A Bola), Rui Tavares Guedes (Visão), João Vieira Pereira (Expresso), David Pontes (Público), Mário Ramires (Nascer do SOL), Diana Ramos (Negócios), Bernardo Ribeiro (Record), Carlos Rodrigues (Correio da Manhã, Sábado e Sábado Viajante) e Nuno Vieira (O Jogo).





