Terminado mais um dia, esta Caderneta de Cromos viu a grande desilusão até agora neste campeonato do mundo. Além do continente norte-americano, a Oceânia também fica representada na próxima fase.
Desilusão nórdica e dissabor francês
O grupo D conheceu hoje o seu derradeiro destino. Enquanto a França já estava apurada, as outras três seleções procuravam garantir a segunda vaga do grupo nos oitavos. A campeã mundial mudou nove jogadores para este jogo “a feijões” e deu-se mal contra a Tunísia. Os africanos fizeram o que lhes competia e jogaram para a vitória. Se o resultado no outro jogo desse empate, os tunisinos acompanhavam os franceses.
A Tunísia venceu mesmo o jogo, numa partida em que só nos últimos minutos é que Didier Deschamps foi ao banco buscar pesos pesados para reverter a derrota. Apesar de um tento ao cair do pano por parte de Griezmann, o golo foi invalidado e a França perdia assim o jogo, que ainda assim lhe garantiu o primeiro lugar do grupo.

No outro jogo, que opunha a Dinamarca à Austrália viu os ‘socceroos’ serem melhores a imporem uma derrota algo escandalosa para os nórdicos europeus. Semifinalistas do Euro 2020, a Dinamarca chegava pálida a este campeonato do mundo. O grupo era mais do que acessível, mas os dinamarqueses fizeram uma fraca prestação no Qatar.
Quem gostou muito da estadia no golfo pérsico foram mesmo os australianos. Gostaram tanto que ficam para, pelo menos, mais um jogo. O golo solitário de Leckie aos 60’ colocou todo o país australiano em festa, mesmo que o fuso horário local assinalasse a madrugada. Esta é a segunda vez que a Austrália ultrapassa a primeira fase em mundiais.

Resultado amigável e mexicanos em choque
À partida para a última jornada, o grupo C estava completamente em aberto. Qualquer uma das quatro equipas podia ser eliminado ou passar em primeiro lugar.
A Argentina, frente à Polónia, fez finalmente o seu melhor jogo nesta fase de grupos. A entrada de Enzo Fernandez e o protagonismo assumido pelo setor mediano foram a chave para um bom resultado e uma boa exibição. Leo Messi falhou um penalti na primeira parte, mas nem por isso a equipa deixou de baixar no terreno. Mac Allister inaugurou o marcador logo a abrir o segundo tempo e Julian Alvarez fechou a contagem a vinte minutos do fim. O resultado, porém, permitiu a passagem da Argentina, em primeiro lugar, e a Polónia, apesar desta derrota.

O outro resultado da noite colocou todo o povo mexicano em sobressalto. O México tentava, frente à Arábia Saudita, o golpe de sorte. E por momentos esteve muito perto de o conseguir. A precisar de vencer, pela mesma margem da Argentina (porque precisava de um triunfo argentino ou de um empate), os mexicanos foram superiores aos sauditas que começaram bem o mundial, mas foram traídos pela frieza dos polacos e caíram de forma inglória nesta última partida. Aos 52 minutos, o México vencia por 2-0, insuficiente, no entanto, para a passagem em segundo lugar, devido ao critério de desempate por cartões amarelos (México e Polónia estavam empatados em todos os outros parâmetros). Depois do segundo tento, foi um autêntico festival de desperdício. Aos 95’, o dissabor para o povo mexicano. Al Dawsari fazia o 2-1 que já tirava todas as esperanças do México na passagem aos oitavos.

Era uma vez… o Mundial | O triunfo da Argentina no primeiro Mundial da vergonha
O Mundial de 1978 foi marcado por muita controvérsia. A Argentina organizava a prova em pleno regime ditatorial. Há quem assemelhe o mundial argentino ao mundial em Itália, de 1934, feito para provar a força dos regimes e dos líderes políticos.
A ditadura dos Generais, que vigorava desde 1966 e terminaria apenas em 1981, acolheu o mundial em pleno escândalo. A FIFA, mesmo sabendo do que estaria a passar naquele país, fechou os olhos e permitiu que a competição decorresse.
Algumas seleções recusaram participar no torneio e outras, como o Uruguai, a Inglaterra ou a campeã europeia da altura, Checoslováquia, falharam o apuramento. A própria “Holanda”, que viria a chegar à final teve a sua maior estrela, Johan Cruyff, a não comparecer, alegadamente por questões pessoais, como garantiu mais tarde o ex-jogador.
A Argentina passou a primeira fase em segundo lugar, atrás da Itália, o que colocou os argentinos no mesmo grupo do Brasil na segunda fase do torneio. Outro escândalo estava prestes a acontecer. Após o empate entre Argentina e Brasil, na última jornada a Argentina precisava de vencer o Perú por quatro golos de diferença. Após saber o resultado do Brasil x Polónia, fala-se que responsáveis argentinos terão subornado os peruanos a combinar o resultado em 6-0, para que a Argentina alcançasse a final do seu mundial.

O jogo final opôs os anfitriões à Laranja Mecânica, vice-campeã mundial. Num jogo marcado pela “chuva” de ‘papelitos’ o ambiente no Estádio Monumental de Buenos Aires era fantástico. A Argentina de Kempes, a figura e o artilheiro da competição, foi superior e bateu os neerlandeses no prolongamento.
Ficava para a história o primeiro triunfo argentino, que oito anos depois viria a conquistar o segundo troféu mundial, dessa vez com Diego ‘El Pibe’ Maradona.