Bombeiros de Albergaria sem ambulância do INEM. Veículo tem mais de 1 milhão de quilómetros – um recorde nacional

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A ambulância é a que tem mais quilómetros de todo o país e está de serviço há 14 anos. Após ter chumbado na inspeção do INEM, está inoperacional. Albano Ferreira, comandante dos Bombeiros Voluntários de Albergaria, garante que os serviços de socorro, em situação normal, não estão comprometidos.

A ambulância cedida pelo INEM aos Bombeiros Voluntários (BV) de Albergaria foi chumbada na inspeção feita pelo próprio INEM – que trata de todas as inspeções de transporte de doentes urgentes e emergentes, quer a ambulância seja dos bombeiros, quer seja do INEM. Este chumbo significa que a ambulância não pode ser utilizada para serviços de socorro.

“O chumbo prende-se, no fundo, com o tempo da ambulância – tem um milhão e 120 mil quilómetros e 14 anos. Tem o desgaste normal do uso e umas questões com a célula sanitária”, explica Albano Ferreira, comandante dos BV de Albergaria.

José Ricardo Bismarck, presidente da Associação Humanitária dos BV de Albergaria, alerta que o serviço de socorro apenas está garantido se nada de inesperado acontecer. “É preciso lembrar que cada veículo só pode transportar um sinistrado. Numa situação hipotética em que ocorre um acidente rodoviário que envolve quatro pessoas, Albergaria fica sem ambulâncias. Nesses casos, recorre-se às de concelhos limítrofes, havendo um cálculo oficial para quantas ambulâncias deve ter cada município”, esclarece.

O veículo em questão é uma de um total de cinco ambulâncias que os BV têm para garantir auxílio à população. “Não deixa de haver prestação de socorro por a ambulância do INEM estar parada”, reforça o comandante Albano Ferreira.

José Bismark e Albano Ferreira confirmam que a substituição da ambulância chumbada já deveria ter ocorrido há pelo menos seis anos, considerando que estas devem ser trocadas a cada oito anos.

“A Liga dos Bombeiros Portugueses está a fazer pressão sobre o INEM para substituir estas ambulâncias e a de Albergaria é dos casos mais flagrantes. É a que tem mais quilómetros de todo o país”, conta o comandante. Por sua vez, o presidente acrescenta que “o INEM tem obrigação legal, já não falo moral, de trocar estas ambulâncias” e indica não ter qualquer explicação por a troca ainda não ter sido feita.

A hierarquia de saída das ambulâncias é outra problemática levantada pelo presidente. “A ambulância do INEM tem sempre de ser a primeira a sair. Como esta está inoperacional, sai uma ambulância nossa, mas estas são sempre de reserva e não são comparticipadas pelo INEM, são pela Associação dos BV, que vai tentando arranjar fundos para tal”, explica José Bismarck.

Embora a situação de Albergaria-a-Velha seja a mais extrema, existem cerca de 70 ambulâncias, em todo o território nacional, que já deviam ter sido trocadas devido aos anos de serviço, segundo a Liga dos Bombeiros Portugueses.

Apesar de várias tentativas, até ao momento de publicação desta notícia, não foi possível contactar com alguém do INEM capaz de esclarecer o motivo de atraso na troca de ambulâncias.

Texto redigido por Beatriz Ribeiro