O apelo feito pelos Bombeiros de Albergaria vem num momento de especial aperto, sobretudo provocado pelo aumento do preço dos combustíveis, mas marcado pelo normal estado de dificuldade financeira da Associação. Pode ajudar a Associação Humanitária dos Bombeiros de Albergaria através do IBAN PT50 0045 3310 4011 0164 3874 6.
A Associação Humanitária dos Bombeiros Voluntários de Albergaria-a-Velha lançou, em finais de outubro, um comunicado destinado ao tecido empresarial albergariense e à população em geral a apelar à “generosidade” dos destinatários para ajudarem os Bombeiros a colmatar as “dificuldades de vária ordem, sobretudo do setor financeiro”, lê-se.
José Ricardo Bismarck, presidente da Associação Humanitária dos BV de Albergaria, detalha ao Jornal de Albergaria (JA) que, no atual panorama de crise energética, a principal dificuldade dos Bombeiros é o preço do combustível.
“Estamos a falar de 1,80-1,90€/litro de combustível, numa frota de ambulâncias já antiga que gasta à volta de 14-16 litros a cada 100km. Estes veículos servem para prestação de serviços de saúde não urgente, mas imprescindíveis – levar pessoas a tratamentos oncológicos, fisioterapias ou hemodiálises – e querendo fazer uma viagem o mais confortável possível optamos pela autoestrada, o que implica portagens. Isto faz com que um serviço essencial, como é o transporte de doentes, se transforme forçosamente num serviço de prejuízo”, explica o presidente.
Bismarck avança ao JA que a solução pretendida é reformular a frota de ambulâncias de serviço não urgente, adquirindo veículos novos que consumam menos combustível e incluir veículos elétricos que serão carregados no quartel através de energia gerada por painéis solares. Uma ambulância elétrica custa cerca de 55 mil euros e 70 mil quando adaptada a cadeira de rodas. O presidente acrescenta que das nove ambulâncias que compõe esta frota, oito estão “em decrepitude”, num parque de ambulâncias que faz 500 mil quilómetros por ano.
“A Associação movimenta cerca de 1 milhão de euros por ano e a falta de financiamento é um problema crónico. Neste sentido, apelamos ao tecido empresarial e à população em geral que faça donativos à Associação, na medidas das suas possibilidades”, pede o presidente.
Problemas velhos sem soluções novas
No comunicado dos Bombeiros lê-se que as ajudas do Estado à Associação “além de tardias, são manifestamente insuficientes”. Bismarck explica que “este não é um problema novo” e que, à luz do aumento dos combustíveis, se materializa numa ajuda de “0,51€ por quilómetro quando o transporte é credenciado para prestar socorro, o que não é comportável e chega a vir com 3 a 5 meses de atraso”.
Por outro lado, Bismarck conta ao JA que o aumento de cinco operacionais, com a criação da terceira equipa de intervenção permanente, que respondem a emergências, será totalmente financiado – 50% pela Autoridade Nacional de Proteção Civil e 50% pelo Município de Albergaria-a-Velha.
O comandante dos BV de Albergaria, Albano Ferreira, aponta precisamente a remuneração justa como um dos maiores desafios para os Bombeiros. “Temos dificuldade na contratação de voluntários e em dar uma remuneração justa aos profissionais, adequada à vocação e formação”, relata. Bismarck concorda que a remuneração justa nem sempre é fácil.
Albano Ferreira conta ao JA que existem bombeiros voluntários com capacidade e motivação para se tornarem profissionais, mas não o fazem por incompatibilidade do custo de vida com a remuneração de um bombeiro. “Aos Bombeiros de Albergaria não lhes falta motivação, falta é este equilíbrio. Os Bombeiros salvam vidas, têm formação contínua e servem a população. Investir nos Bombeiros é investir na segurança e no futuro”, acrescenta o comandante.