As duas décadas de “qualificação e humanização dos serviços” da APPACDM de Albergaria festejaram-se junto dos 350 membros da comunidade albergariense e regional, entre sócios, amigos da causa e inúmeras Associações locais. Isabel Fonseca, presidente da APPACDM, aproveita a ocasião para adiantar novidades relativas aos dois novos projetos sociais da aniversariante.
A APPACDM assinalou o 20° aniversário com um jantar que reuniu cerca de 350 pessoas, entre sócios e amigos da causa, na noite de sábado, dia 27, no Pavilhão da Unimadeiras. As fotografias dos utentes, projetadas na parede, de momentos bem passados, da praia ao Oceanário, acompanhadas de música ambiente, davam as boas-vindas aos convidados.
“São 20 anos de qualificação e humanização dos serviços, promovendo sempre a igualdade e inclusão sociais. Não foi um caminho fácil, mas olhando para trás, valeu a pena ter sido percorrido”, começava Isabel Fonseca, presidente da APPACDM de Albergaria, frisando que a Associação serve, atualmente, 47 utentes, em três respostas sociais: Centro de Atividades Ocupacionais, Lar Residencial e Serviço de Apoio Domiciliário.
O jantar abriu, antes dos discursos de agradecimento, ao som dos cavaquinhos da Educalba – Universidade Sénior de Albergaria, que trouxeram temas populares como A Mulher Gorda, com letra adaptada à Universidade, na qual cantavam “na nossa escola, aprender não tem idade”.
Novos projetos para “futuro próximo”
Isabel Fonseca chamou ao palco os representantes das entidades que receberam os primeiros agradecimentos da noite: António Loureio, presidente da Câmara Municipal; Carlos Coelho, presidente da Junta de Freguesia da Branca; Mário Branco, presidente da Assembleia Municipal de Albergaria; Helena Albuquerque, presidente da Humanitas – Federação Portuguesa para a Deficiência Mental; Benjamim Bastos, representante do Centro Distrital da Segurança Social; Carlos Nunes, presidente da Assembleia Geral da APPACDM de Albergaria; e António Dias, presidente da APPACDM de Aveiro.
“Um grande obrigado aos colaboradores da APPACDM e anteriores dirigentes sem os quais não estaríamos hoje aqui a planear um futuro próximo”, nota a presidente, louvando o trabalho do núcleo aveirense, que em tudo colaborou para a origem da APPACDM de Albergaria, e que concretiza “uma batalha diária de prestação de serviço que a todos orgulha”.
Isabel Fonseca recorda que, em 2008, com o início das obras do Lar Renascer, pronto em 2011, foi graças “à solidariedade das pessoas e empenho dos jovens de então na angariação de fundos” que conseguiram “completar a obra e prontamente selar as dívidas”.
Para o futuro, como falado em entrevista ao Jornal de Albergaria (edição 108), a presidente confirmou que o projeto de ampliação do Lar e novo Centro de Atividades já se encontra em concurso público e conta que as obras se iniciem “no final deste ano ou no início do próximo”.
A intervenção no Lar Residencial resultará no aumento da capacidade deste de 12 para 30 utentes e o novo Centro de Atividades, para onde serão transferidos os atuais utentes, conseguirá incluir mais 15 pessoas, resultando num total de 30 beneficiários. Os dois projetos sociais resultam num investimento total de 2,8€ milhões, sendo 1,2M€ comparticipados pelo Plano Recuperação e Resiliência (PRR) e PARES – Programa de Alargamento da Rede de Equipamentos Sociais. “A diferença será suportada pela Câmara Municipal, Junta de Freguesia e por aqueles que nunca nos negam o apoio”, agradece.
Dar a voz
“Os problemas da APPACDM são os problemas das autarquias, das freguesias, do Estado, da sociedade civil… São os nossos problemas porque o trabalho que é realizado junto de uma população tão marginalizada contribui para uma melhor sociedade para todos. É uma zona na qual o Estado é completamente cinzento e as Associação avançam e respondem à altura”, parabeniza Mário Branco.
As palavras de Helena Albuquerque, com base na experiência vivida, focam-se na particularidade do trabalho social com pessoas portadoras de deficiência intelectual. “Eu sei como o trabalho é difícil, mas recompensador, e são pessoas como a Isabel que fazem a diferença. É uma área na qual tentamos dar voz a quem não consegue dizer o que quer, quais os seus sonhos e desejos. A maior parte das pessoas consegue expressar-se e isso cria algum distanciamento e falta de empatia para com quem não consegue”, explica, e louva: “É um orgulho tê-la como Associação Social, obrigada por existirem”.
António Loureiro começa por pedir “uma primeira saudação para os utentes” e uma grande salva de palmas para a APPACDM pela “entrega, disponibilidade e por viver os problemas com os utentes e ultrapassá-los, 365 dias por ano”. O presidente da Câmara relembra os eventos anuais, como o Carnaval ou o Desporto Adaptado, nos quais “vemos os utentes envolvidos, um símbolo de verdadeira inclusão, que representa uma cultura que existe em Albergaria de incluir o ser humano na sociedade”.
O edil apela a uma alteração da Lei para que os apoios camarários passem a ser considerados um investimento e não uma despesa corrente, “porque o maior investimento que nós temos é nas pessoas e não podemos considerar isso despesa”. António Loureiro reforça que há trabalhos que não têm preço: “Se uma Câmara, ou país, alguma vez tivesse de pagar o valor justo pelo trabalho feito por estas Associações, não haveria dinheiro que chegasse”.
Associações unidas
No jantar estiveram presentes, na pessoa dos seus dirigentes ou membros do grupo, uma multiplicidade de Associações locais, entre as quais: Associação de Solidariedade Social de Alquerubim, Creche Associação de Infância Dona Teresa, Misericórdia, Clube de Albergaria, Bombeiros Voluntários, BioLiving, Universidade Sénior, Centro Social Paroquial de Santa Eulália de Vale Maior, Centro Social Paroquial de São Vicente da Branca, ARMAB – Associação Recreativa e Musical Amigos da Branca, GDR de Soutelo, Agrupamento de Escolas da Branca, Rotary Clube, Associação de Carnaval, UDC de Mouquim, Clássicos do Soutelo e Avilar.
Isabel Fonseca agradeceu a presença de todos e louvou o trabalho que fazem pela comunidade, deixando igualmente uma palavra de gratidão às empresas locais presentes e à Unimadeiras pela cedência do espaço.
As velas sopraram-se com aplausos e entusiasmo, por Isabel Fonseca e as entidades que chamara a palco, e pela voz das centenas de apoiantes que responderam ao convite de aniversário. A presidente despede-se com gratidão e abre o palco aos Cavaquinhos, a quem agradece “pela animação da noite”. Os últimos acordes são acompanhados de poemas cantados, escritos pelo estudante sénior Manuel Murça, que ensinam “aos nossos netos como se faz o pão”, numa ode aos moinhos do concelho, e agradecem com um “Hino à Sra. do Socorro”.