O Jantar de Ano Novo do PS albergariense fez-se de elogios à ação concelhia do partido, críticas ao Presidente da República e otimismo em relação aos resultados das eleições que se avizinham – legislativas em março e autárquicas em 2025.
O Partido Socialista (PS) de Albergaria-a-Velha juntou-se para o tradicional jantar de Ano Novo, na noite de sexta-feira, dia 12, reunindo um total de cerca de quatro dezenas de militantes. “É um orgulho olhar para esta sala e ver que, a cada jantar, ela se encontra sempre com mais mesas e cadeiras”, agradecia Firmino Ruas Mendes, presidente da Comissão Política da Concelhia (CPC), no discurso que abriu o encontro.
O presidente alertou para a importância do voto nas legislativas antecipadas para 10 de março, momento decisivo para “o nosso destino coletivo, a curto, médio ou longo prazo”, defendendo que não sejam feitas “promessas vãs e irrealistas que são o escape para que os partidos de extrema-direita as usem em proveito próprio”.
Num apelo mais direto ao voto, Firmino Mendes descreve ficar em casa em dia de eleições como “abrir o caminho ao Diabo, sim, agora pode mesmo vir o Diabo, mas se ele chegar, tem como origem o concubinato entre Passos Coelho e Ventura”. O presidente da CPC reforça a necessidade de “debater tudo, de fazer escolhas, de discordar, mas sempre no respeito pelos valores democráticos”.
Firmino Mendes pede que os socialistas “permaneçam firmes, com os pés bem assentes na terra, com coragem, visão, esforço e mobilização para os combates que vamos travar” para construir a estrada que permitirá “deixar aos nossos filhos e netos uma vida plena e sem espinhos”.
Albergariense no plano nacional
O encontro contou com a presença de todos os membros da CPC; Jorge Sequeira, presidente da Federação do PS do distrito de Aveiro e os deputados distritais em funções Filipe Neto Brandão e Bruno Aragão. O ex-deputado José Valente, a quem Firmino Mendes agradeceu pelo apoio dado ao PS de Albergaria, esteve igualmente presente.
A noite de convívio destacou o papel de militantes locais, como o “nosso camarada Jesus Vidinha”, presidente da Assembleia Geral da CPC de Albergaria, “pelo cargo que vai ocupar nos órgãos do nosso partido”, como parabenizava Firmino Mendes, referindo-se à presidência do gabinete de Estudos da Federação do PS e ao papel ativo que terá na elaboração do programa legislativo do partido a ir a votos em março, como teve já em 2019.
Jorge Sequeira lembrou que “o partido a nível local atravessa um momento histórico no plano nacional, com um deputado da Federação de Aveiro como secretário-geral. Pedro Nuno Santos é alguém de quem, sem bairrismos e com a moderação republicana que marca o PS, podemos estar orgulhosos. Temos de ser exigentes com ele e dar-lhe o nosso apoio”.
O presidente da Federação deixou elogios à concelhia albergariense pela “gestão da vida interna do partido e pelo importante passo que deram com a abertura da sede, lugar por excelência de reunião e encontro de socialistas, um momento celebrado com alegria e música de Abril”, recordou. “O PS em Albergaria está vivo e recomenda-se, e a fazer o que é necessário para ganhar as eleições autárquicas”, acrescentou.
“Arregaçar as mangas” contra a extrema-direita
Apesar do otimismo, Ruas Mendes lembrou o “quão difíceis têm sido os últimos meses neste mundo de injustiças, de incertezas e de desigualdades quando no princípio da democracia impera o respeito pela dignidade da pessoa humana”. E agradeceu às “qualidades do nosso camarada António Costa, ainda primeiro-ministro (PM)” por ter tido a “sagacidade de resgatar a esperança perdida, abrindo portas para que possamos ter um futuro risonho”.
No campo das críticas, para além do grande alvo que foi a ameaça da extrema-direita no próximo Governo, Jorge Sequeira criticou Marcelo Rebelo de Sousa, Presidente da República, por ter feito “uma revisão constitucional encapotada, uma subversão das regras” quando optou pela dissolução do Parlamento e eleições antecipadas ao invés da nomeação de um novo PM.
“O PS não foi derrubado pelo povo. Esperavam que o PS caísse, mas em vez de um cadáver, viram um renascimento”, reforça, elogiando o processo de eleições internas, rico “em debate e contraditório”. O presidente da Federação aveirense demonstra-se confiante na vitória do partido, convicto de que “olhar para Pedro Nuno Santos e Luís Montenegro é como olhar para o dia e para a noite”.
A confiança no líder do partido não demoveu Jorge Sequeira de apelar à necessidade de “arregaçar as mangas e ir para a rua, nesta que pode ser a última oportunidade de impedir que a extrema-direita chegue ao poder”. Uma mensagem igualmente central nas palavras de Firmino Mendes: “No ano em que celebramos meio século de Liberdade há que relembrar que por muito que uma ditadura seja apelativa ela jamais substituirá a democracia mesmo que imperfeita”.
Fotografias: Beatriz Quaresma