A celebração concelhia do 104º aniversário do Partido Comunista Português foi o momento escolhido para avançar com os candidatos da CDU, propostos pelo PCP, para as Autárquicas de 2025 à Câmara Municipal, Assembleia Municipal e quatro Juntas de Freguesia.
“Albergaria-a-Velha é dos concelhos do país que mais precisa de uma voz autárquica do PCP e isso ficou bem visível em alguns acontecimentos recentes, como os incêndios de setembro. Foram prometidos apoios às pessoas afetadas, que ainda não viram um tostão”, começou José Freitas, militante do Partido Comunista Português há quase cinco décadas e membro da concelhia, no primeiro discurso do 104º aniversário do PCP, que juntou cerca de 50 pessoas, no Sobreiro, na noite de sábado.
A ocasião serviu para apresentar a maioria dos candidatos às eleições autárquicas de 2025, agendadas para setembro/outubro. Libânia Pires apresenta-se à Câmara Municipal e João Portugal à Assembleia Municipal.
Rodrigo Lourenço é candidato à Junta de Freguesia de Albergaria-a-Velha e Valmaior, Patrícia Ferreira a Angeja, Adelino Nunes à Branca e Carla Fragão a São João de Loure e Frossos. Irá igualmente ser apresentado um candidato à Junta de Freguesia de Ribeira de Fráguas.
Conheça os candidatos
Libânia Ribeiro Pires tem 42 anos, é natural de Ovar e residente em São João de Loure. Licenciada em Educação de Infância, pela Universidade de Aveiro e Mestre em Gestão da Formação e Administração Educacional – Organizações Educativas e Gestão Escolar, pela Universidade de Coimbra, é atualmente Educadora de Infância, no Jardim de Infância dos Areais, no Agrupamento de Escolas José Estevão, em Aveiro.
Foi Educadora de Infância durante 20 anos na Fundação Creche Helena de Albuquerque Quadros, em Angeja. É membro do Núcleo de Aveiro, do Movimento Democrático de Mulheres e foi coordenadora do Núcleo de Aveiro da Rede ex_aequo – Associação de jovens, lésbicas, gays, bissexuais, trans, intersexo.
João Portugal tem 48 anos, é natural e residente em Albergaria-a-Velha. É empregado de balcão de profissão e membro da Comissão Concelhia de Albergaria-a-Velha do PCP.
Rodrigo Lourenço, 57 anos, natural e residente em Albergaria-a-Velha, é operário metalúrgico, membro da direção e do Executivo do SITE-Centro Norte, da direção da FIEQUIMETAL, e direção da Comissão Executiva da União dos Sindicatos de Aveiro. É vogal da direção do Sport Clube Alba e membro da concelhia do PCP.
Patrícia Ferreira tem 44 anos e é natural e residente na freguesia de Angeja. É operária metalúrgica e militante do PCP.
Adelino Nunes, atual representante da concelhia do PCP de Albergaria, tem 62 anos e é operário metalúrgico. Natural e residente na freguesia da Branca, é presidente da Assembleia Geral do SITE – Centro Norte, do Conselho Fiscalizador da FIEQUIMETAL; coordenador da União dos Sindicatos de Aveiro e membro da Comissão Executiva da CGTP-IN. É igualmente membro da direção e executivo da Organização Regional de Aveiro e do Comité Central.
Carla Fragão, 42 anos, é natural da Figueira da Foz e residente em São João de Loure. É administrativa na Câmara Municipal de Albergaria-a-Velha, cargo que já desempenhou em Faro e na sua terra natal. É membro do Núcleo de Aveiro do Movimento Democrático de Mulheres e foi dirigente sindical do STAL – Sindicato dos trabalhadores da Administração Local. Foi membro da Comissão Executiva da União dos Sindicatos da Figueira da Foz e integrou o executivo da respetiva concelhia.
“Voz a todos”
A candidata à presidência da Câmara Municipal afirmou ser com “honra e orgulho” que se apresenta às eleições de setembro/outubro, lembrando o ato eleitoral de 18 de maio como consequência das ações “dos que não souberam primar pelo rigor e ética que os portugueses merecem”, como disse.
Libânia Pires reforçou que as candidaturas apresentadas pela CDU, propostas pelo PCP, são feitas de “pessoas que têm por objetivo servir o concelho e dar voz a todos”, com um projeto de “ambição e desenvolvimento” para o território que, a seu ver, “está estagnado pela falta de soluções apresentadas pelos sucessivos executivos CDS-PSD”.
A militante está confiante de que “muitos que nunca votaram no PCP irão fazê-lo pela primeira vez” e que a candidatura a São João de Loure e Frossos “diz muito sobre o reforço interno” da força política a nível local. Libânia Pires assegura que a CDU será a “voz da população” na corrida.
Educação, Saúde, Transportes Públicos e Desenvolvimento Social e Económico foram apresentados como eixos centrais da campanha autárquica. Para o primeiro, o PCP quer reforçar os recursos humanos nos estabelecimentos de ensino e assegurar-lhes “contratos dignos”, bem como tornar os ambientes escolares mais seguros. Como “projeto ambicioso” visam construir, em parceria com a Universidade de Aveiro, um polo académico no concelho dedicado às ciências agrárias e florestais.
No campo dos Transportes Públicos, o partido compromete-se a “reformular o Albus de modo a responder às necessidades de todos, sobretudo dos mais velhos, tornado os horários menos dispares”. A criação de focos habitacionais a custos controlados para que quem trabalha no concelho não tenha de viver fora dele foi a medida apresentada no campo da Habitação.
O Desenvolvimento Social e Económico “não aparece desligado de todos estes avanços” e inclui projetos de lazer como “uma praia fluvial no concelho, aproveitando o Vouga” e a reabilitação das estradas que ligam o centro da cidade às freguesias “cujo estado atual torna quase impossível conduzir durante a noite”, criticou a candidata. O reforço de apoio às associações e coletividades locais foi igualmente referido como prioritário.
Libânia Pires sintetiza os planos para o concelho como “uma candidatura de vontade, visão e coragem para fazer diferente”. O partido assegurou que ouvir a população e incorporar as suas preocupações no trabalho a desenvolver será parte da campanha autárquica da CDU.
Críticas ao país e ao mundo
A noite fechou com a intervenção de Manuel Rodrigues, natural de Oliveira de Frades, diretor do jornal Avante! e membro da Comissão Política do Comité Central. O militante começou por lembrar o papel do PCP no 25 de Abril de 1974 e os membros do partido que foram “assassinados, torturados e presos, na construção do caminho contra a ditadura”.
“Somos um partido que, em 104 anos, nunca teve uma vida fácil. Sempre lutámos contra a corrente”, afirmou Manuel Rodrigues. Numa análise do estado do mundo e do país, o elemento do Comité Central destacou o “complexo processo de reorganização da Ordem Mundial, com a perda de hegemonia dos EUA”, como disse, reformando que o poder militar de que dispõem continua a representar “um potencial perigo”.
Manuel Rodrigues descreveu o presidente Donald Trump como o culminar da regra ao invés da exceção, como personificação “das principais tendências que estão a marcar a atualidade” e do “capitalismo e imperialismo intrínsecos à natureza” do país – pelo que, considera outros candidatos, como Joe Biden, “farinha do mesmo saco”, com a diferença de que um atacava a Rússia e o outro ataca a China.
Sobre a Ucrânia, acusou “o poder instalado de continuar a enviar a população para a guerra como carne para canhão” e atribui responsabilidade pelo início de tudo aos EUA, União Europeia e NATO pelo alargamento a Leste, com a conclusão de que “é urgente pôr fim à guerra e traçar caminhos para a paz”. Manuel Rodrigues manifestou igualmente a solidariedade do partido para com o povo palestiniano e contra as sanções dos EUA contra Cuba.
Numa ponte para a realidade nacional, o militante afirmou que o primeiro-ministro Luís Montenegro “quer aumentar a comparticipação de Portugal no reforço militar da União Europeia”, dinheiro que prevê que irá sair “dos salários, pensões, SNS, segurança social e Escola Pública”. Manuel Rodrigues criticou o atual Governo pelas “legítimas dúvidas que deixou aos portugueses sobre a compatibilidade das funções empresariais e políticas do primeiro-ministro”.
A nível local, lembrou o contributo do PCP na Assembleia da República na votação favorável à desagregação de freguesias e o fim das portagens na A25, “uma questão pela qual temos de continuar a lutar para que fique totalmente resolvida”, afirmou, em relação aos polémicos pórticos.







