AD ouve setor social, industrial e florestal de Albergaria

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A Aliança Democrática, em campanha para as Legislativas ’24, veio medir o pulso a Albergaria, com passagem por setores essenciais no concelho. Ao JA, Emídio Sousa, cabeça de lista por Aveiro, respondeu sobre a descentralização e a polémica Linha de Alta Velocidade. A estação da LAV em Albergaria como medida compensatória foi afastada pelo autarca.  

Foto: AD

A AD – Aliança Democrática (PSD/CDS-PP/PPM) passou, esta manhã, por Albergaria-a-Velha, para melhor conhecer a realidade local e ouvir as necessidades de setores centrais para o concelho – o social, o empresarial e o florestal.

A comitiva composta por dezenas de membros e apoiantes da coligação, guiada por Emídio Sousa, cabeça de lista pelo círculo eleitoral de Aveiro e presidente da Câmara Municipal de Santa Maria da Feira, começou por uma visita ao Mercado Municipal de Albergaria, em contacto informal com os eleitores. A Misericórdia de Albergaria foi visitada e ouvida em representação do setor social e a empresa Metalusa foi a escolhida para uma paragem na Zona Industrial de Albergaria.

Por fim, após declarações à imprensa local, a AD reuniu com a Associação Florestal do Baixo Vouga (AFBV), setor eleito como central pelo peso da atividade florestal no concelho. António Loureiro, presidente da Câmara Municipal de Albergaria, à entrada da sede da AFBV, considerou este “o setor mais democrático que pode existir, não há outro que redistribua mais riqueza”. O edil lembrou que 80% da população albergariense tem como complemento ao rendimento a venda de produtos florestais.

A manhã de campanha eleitoral contou igualmente com a participação dos candidatos albergarienses que integram a lista da AD pelo distrito de Aveiro – Henrique Caetano (CDS) e Sara Vinga da Quinta (PSD) – António Loureiro, que lidera um executivo CDS-PP; Sandra Almeida, vereadora municipal, e Pedro Pintor, vereador do PSD na Câmara Municipal.

Albergaria sem estação LAV

Em declarações à comunicação social – neste caso, apenas ao Jornal de Albergaria – Emídio Sousa foi questionado sobre a Linha de Alta Velocidade (LAV), projeto polémico no concelho, onde foi tema em Assembleia Municipal e motivou sessões de esclarecimentos em Albergaria, Branca, Angeja e São João de Loure e Frossos, zonas onde compromete casas e terrenos. A fase 1 da LAV (Porto-Soure) passa pelo distrito de Aveiro e deverá estar concluída até 2028.

“Obviamente tem um impacto ambiental e constitui uma barreira significativa pelo sítios onde passa – também passa no meu concelho – mas nós temos aqui um bem maior que é necessário: a mobilidade é fundamental. Portugal fez muito mal em abandonar a ferrovia. Nós hoje vamos a qualquer cidade europeia e existe ferrovia em todo o lado”, disse.

Aos eleitores que mais vão sofrer com a LAV, Emídio Sousa lembrou que, apesar de não serem impeditivas para o projeto avançar, foram feitas as devidas reclamações e manifestadas discórdias. “Temos de tentar minimizar o impacto, seja com atravessamentos ou medidas mitigadoras de ruído. As pessoas que não beneficiam diretamente da LAV vão sempre beneficiar com menos carros nas ruas e usos pontuais da linha. O país não pode adiar mais o investimento na ferrovia”, advogou.

No campo das medidas mitigadoras, em Albergaria, na Assembleia Municipal de 16/6/2023 falou-se de uma estação da LAV no concelho, defendida por intervenientes do PSD e CDS e em posição conjunta do PSD Albergaria. O JA questionou se a medida era realista, dirigindo-se a Emídio Sousa, acompanhado por António Loureiro. “Não será. O senhor presidente depois dirá, mas, para mim, a LAV já tem paragens a mais. Corre o risco de deixar de ser de Alta Velocidade. Ou queremos Porto-Lisboa numa 1h15 ou queremos em 2h30 e aí temos o Alfa que faz o mesmo. Já há uma estação Aveiro, muito próxima daqui”, defendeu.

Descentralizar “com envelope financeiro”

A AD defende “aprofundar o processo de descentralização” dotando os órgãos locais e intermunicipais de “competências relevantes”, como escrevem no programa eleitoral. “É preciso corrigir a grande falha do Estado Central que foi a descentralização de competências sem o envelope financeiro associado. No caso da Saúde, só nos transferiu os edifícios, a despesa e os porteiros e seguranças”, criticou Emídio Sousa, em declarações ao JA.

O representante da AD por Aveiro, conciliando as propostas eleitorais do partido e o que ouviu ao longo da manhã pelo concelho, considera que a área que exige fundamental e urgente descentralização em Albergaria é a Saúde. “Não há médicos de família para todos. O nosso país, e a nossa região não escapa a isso, tem uma população muito envelhecida e não ter médico de família é estar fora do SNS. Há aqui uma grande necessidade de aprofundar a descentralização”, defendeu.

O social-democrata apontou para uma articulação entre o setor social, como disse durante a visita à Misericórdia, e como defendeu o opositor Pedro Nuno Santos em alguns debates televisivos – por exemplo, frente a Mariana Mortágua. “O PS tem uma posição muito curiosa porque já vai no nono ano de governação, com uma maioria absoluta e uma coligação maioritária, e não conseguiram resolver isto. Agora é que é? Eu estive 10 anos numa Câmara e tinha um projeto de desenvolvimento, crescimento e emprego – e está feito. Se em 10 anos não fizermos nada, é melhor ficar em casa à lareira”, rematou.

Ainda na Saúde, o presidente da Câmara de Santa Maria da Feira acrescentou que o privado deve fazer parte da solução. “O país tem de se deixar de dogmas. No centro da ação política devem estar as pessoas, não as ideologias. Temos é de ter mecanismos para garantir que não existem abusos”, defendeu, e notou a ausência de Pedro Nuno Santos no distrito, sendo o secretário-geral do PS também cabeça de lista dos socialistas por Aveiro.

Emídio Sousa avançou com a ideia de descentralizar competências para obras em edifícios das forças de segurança. “No distrito de Aveiro, as forças policiais e da guarda estão sempre em edifícios degradados e a precisar de obras, é uma das queixas recorrentes destes profissionais. Deixo aqui a sugestão para descentralizar esta componente para as autarquias. Muitas já o fazem sem ter essa responsabilidade, porque não passar a fazê-lo com a contrapartida financeira associada?”, lançou.

Na área da Educação, apesar do diagnóstico positivo, Emídio Sousa quer mais. “Temos de dar autonomia às escolas. A falta de professores é um drama, nós temos milhares e milhares de alunos sem professores. Eu tenho a certeza de que no dia em que as Câmaras Municipais puderem ter competências no recrutamento e fixação de professores que vamos ter respostas muito melhor. A Educação é o principal recurso de um país e o mais importante investimento público. Ninguém escolher onde nasce e cabe ao Estado minorar estas diferenças”, defendeu.

Fotografias: AD