“55 Mil km” – o total percorrido à volta do mundo, por migrantes e refugiados que deram o seu testemunho de luta pela sobrevivência – é o título da exposição que motivou uma conversa sobre diversidade linguística e multiculturalidade, hoje, na Escola Secundária de Albergaria. “Somos todos Migrantes” é o mote desta ação de sensibilização, promovida juntamente com o CLAIM.
Relatos de migrantes e refugiados que viveram o horror da guerra nos seus países de origem, deram origem à exposição de ilustração “55 Mil km”, iniciativa do CLAIM Aveiro, que está patente na Biblioteca da Escola Secundária de Albergaria, até 6 de outubro. Hoje, a mostra, inaugurada a pretexto do Dia Europeu Das Línguas (26 de setembro), deu azo a uma sessão informativa e de sensibilização, dirigida aos alunos, promovida em colaboração com o CLAIM – Centro Local de Apoio à Integração de Migrantes, de Albergaria.
“É uma oportunidade para falarmos sobre a diversidade linguística e sobre a multiculturalidade”, disse Ana Bernardete Mesquita, coordenadora do Departamento de Línguas. “Nesta escola, temos alunos de vários pontos do mundo – Venezuela, Brasil, India, Ucrânia, Moldávia -, alguns já cá nascidos mas de pais imigrantes. E em horário noturno, há uma turma de Português Língua de Acolhimento, para adultos”, informa a professora.
História interminável
“55 Mil km” – os quilómetros percorridos, no total, pelas pessoas que deram o seu testemunho, é também o título de um livro que reúne as ilustrações e parte dos depoimentos que serviram de inspiração para os trabalho expostos, cujo último quadro, não por acaso, se designa “História Interminável”.
Pedro Wadt, um dos ilustradores, participou na sessão, e recordou algumas das histórias em que se baseou. Entre elas, a de um jovem que fugiu com sua família da guerra do Sri Lanka, o qual contou que seus pais deixaram de viajar juntos para terem mais probabilidades de um deles sobreviver, durante o tempo em que permaneceram no país em guerra.
Num auditório repleto de alunos, ouviu-se também o testemunho de Ludomila Vernigor, ucraniana, que lembrou com emoção o primeiro dia de guerra (24 de Fevereiro 2022). Acordou com o barulho das bombas, mas não acreditou que fosse verdade. Não esquece o pânico sentido pelos seus dois filhos. Decidiu vir para Albergaria, onde tinha pessoas conhecidas. Na Ucrânia era enfermeira; hoje trabalha numa fábrica como operadora de máquinas, mas sente-se em paz e diz ser feliz. Embora já saiba muito de português, fez o seu depoimento em ucraniano e foi traduzida por Valeri, aluno da escola, também de origens ucranianas, a viver em Albergaria há cinco anos, e que fala fluentemente a língua portuguesa.
Cursos de Português Língua de Acolhimento
A sessão contou ainda com Cindy Gomes, do CLAIM de Albergaria, que informou sobre os objetivos do centro, criado há dois anos, na Incubadora de Empresas, para apoiar os migrantes e refugiados no acesso ao trabalho, à saúde e nos processos de legalização, entre outras funções.
O CLAIM promove “cursos não formais para quem acaba de chegar, com a finalidade prática de ensinar a falar no dia-a-dia”, e organiza, em articulação com o Centro Qualifica, cursos formais de PLA – Português Língua de Acolhimento, em horário pós-laboral. A primeira turma desde ano letivo, está em formação desde o dia 25 de setembro, prevendo-se, em breve, mais duas turmas.