Ter mais dinheiro não custa nada

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Não sabe para onde vai o seu dinheiro? Este voa ou evapora-se? Então, “tome-lhe as rédeas”. Pedro Andersson, jornalista do programa Contas Poupança, da SIC, veio a Albergaria-a-Velha ensinar “Como superar a inflação”, num workshop que quase encheu o Cineteatro Alba.

A adesão de mais de duas centenas de pessoas traduz o interesse dos cidadãos pelo tema em causa, embora alguns também tenham sido motivados pelo lado solidário da iniciativa que incluía, à chegada, a entrega de bens alimentares para a APPACDM de Albergaria-a-Velha.

Pedro Andersson, numa linguagem leve e acessível, mostrando os seus dotes de bom comunicador, começou por dizer que o dinheiro é tema tabu e que quando se fala dele é quase sempre por maus motivos, não raro, terminando em discussão, designadamente entre casais ou entre trabalhadores e entidades patronais.

Mas “não tem que ser assim”, afirmou, disposto a acabar com esse tabu, o qual resulta, em seu entender, do facto de, em Portugal, ninguém – família, escola e Estado – ensinar a lidar com o dinheiro, havendo, por isso, uma enorme iliteracia financeira e um sentimento de medo associado à economia e finanças, na generalidade dos cidadãos.

Antes de enumerar e explicar o conjunto de boas práticas que devem ser adotadas, o jornalista apontou o dedo a “outro drama” existente no nosso país: a tendência para vivermos em comparação com os outros, em vez de vivermos a nossa própria vida. “É bom que cada um de nós saiba o que quer da vida e perceba quanto custa o seu sonho, em vez de viver a vida dos outros”, defendeu.

Pedro Andersson contou o seu caso pessoal, lembrando o tempo em que, apesar de ter um bom salário, chegava ao fim do mês sem possibilidade de pagar as contas, por não fazer uma gestão criteriosa do dinheiro. Foi essa experiência e a forma que encontrou para superar a sua própria crise, que o levou a criar o programa Contas Poupança.

“O que importa não é o que ganhamos, mas o que sobra depois de pagarmos todas as despesas – esse é que é o nosso salário verdadeiro”, declarou.

Ao longo do workshop, o orador foi sublinhando a ideia de que “ganhar, gastar e poupar” são verbos que implicam uma atitude proactiva, o que só se consegue colocando de lado a inércia e o medo, no sentido de sermos nós a “tomarmos as rédeas do nosso dinheiro”.

Ciente de que todos, independentemente do salário auferido, podemos melhorar a condição económica, Pedro Andersson apresentou uma espécie de receita, dividida em cinco etapas:

1 – Fazer um orçamento mensal. Comece por elaborar uma lista de todos os gastos, desde o café matinal até às prestações da casa ou do carro. Possivelmente ficará surpreendido ao ver que é nas pequenas coisas do dia-a-dia que desaparece a maior parte do seu capital.

2 – Cortar despesas. Certamente haverá gastos supérfluos que em nada contribuem para a sua felicidade ou os seus sonhos. Verifique se fez assinatura de serviços que praticamente não usa e reavalie a importância de cada uma das despesas na sua vida.

Pedro Andersson recomenda que se invista parte do tempo a contactar os prestadores de serviços (seguro, telecomunicações, instituições bancárias, etc.) para os pressionar a baixar o custo dos contratos. “Em todas as áreas da vida é possível pagar menos ou gastar menos”, frisou.

3 – Pague-se a si primeiro. Priorize as despesas essenciais e evite agir por impulso.

4 – Criar um fundo de emergência. Poderá não o conseguir de imediato, mas com o tempo, juntando pequenas poupanças, esse fundo, equivalente a seis meses de despesas mensais, passará a existir, qual reserva de oxigénio para sobreviver aos imprevistos da vida.

5 – Ter uma poupança para investir. No momento atual, os Certificados de Aforro são uma boa opção, mas poderá encontrar outras, falando com o seu gestor de conta e/ou mantendo-se informado sobre a evolução do mercado. Importa não gastar tudo o que poupou. Agir de forma irrefletida e insustentável sai caro.

O comunicador apresentou alguns números estatísticos (Intrum) segundo os quais 55% dos portugueses só têm 640 euros para imprevistos, 59% poupa 193 euros mês e 9% não sabe o que fazer com as poupanças. A iliteracia financeira revela-se ainda nas seguintes estatísticas (Deco): 30%  não faz orçamento mensal, 40% não poupa nada, 80% não sabe o que é o spread (lucro do banco quando concede empréstimo) e 40% não sabe calcular juros.

No final, Mónica Nicolau (April) e José Pereira (Conselhos do Consultor) juntaram-se para uma conversa com Pedro Andersson, aberta à participação e às perguntas do público.