Empresário da Palbit conta história de um sonho

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Tinha o sonho de ser empresário, mas não se atirou de cabeça na primeira oportunidade que lhe surgiu. Jorge Ferreira, CEO da Palbit, empresa de Albergaria-a-Velha, contou como foi o seu “caminho das pedras”, numa conversa promovida pela IERA Sharing e pelo Município de Albergaria, no âmbito da Semana do Empreendedorismo.

Perante uma plateia de jovens do Ensino Secundário, o empresário Jorge Ferreira, diretor executivo da Palbit, partilhou a sua história profissional, ao mesmo tempo que foi dando recomendações aos estudantes, no sentido de os sensibilizar para o mundo do empreendedorismo, com palavras motivadoras, sem ocultar as dificuldades e riscos.

O caminho do sucesso, qual “caminho das pedras”, não se faz num dia e requer muito trabalho e dedicação, como demonstrou o orador convidado, durante uma conversa, na Biblioteca Municipal de Albergaria, que começou pelas boas-vindas da vereadora da Educação, Catarina Mendes, e da representante da IERA – Incubadora de Empresas da Região de Aveiro.

Jorge Ferreira contou que seu pai, empresário, desejava que o filho lhe sucedesse na empresa, pelo que, mal chegou a hora, ofereceu-lhe trabalho e carro. Uma oferta tentadora, que muitos não teriam recusado. Porém, Jorge Ferreira, embora jovem, havia traçado outros planos para si mesmo: frequentar estudos superiores, investir na formação. Por isso, não aceitou o carro nem a proposta de emprego na empresa paterna.

Optou por um percurso mais difícil, mas que ia de encontro ao que havia sonhado. “Quando encaram um desafio, que seja com toda alma e coração”, aconselhou.

Concluída a formação académica, teve várias experiências de trabalho, até que entrou no Grupo Amorim. “Aprendi muito em todos os sítios onde estive”, afirmou, realçando, sobretudo, o muito que aprendeu com Américo Amorim. “Era muito exigente, mas liderava pelo exemplo. Trabalhava de forma intensa e tinha uma grande visão empresarial. Podia ser o homem mais rico do país, mas não usava o dinheiro em seu favor pessoal”, recordou, concluindo: “o dinheiro é importante porque permite investir e realizar projetos”.

“Não pensem só em vocês mesmos”

Após cinco anos no Grupo Amorim, onde tinha conquistado um sucesso profissional invejável, Jorge Ferreira deixou esse emprego para seguir o seu sonho: tornar-se empresário.

“Têm que saber qual é o vosso sonho. E se querem liderar pessoas, não se metam de cabeça sem o mínimo de experiência. Aprendam a trabalhar com os outros e não pensem só em vocês mesmos. Uma empresa é um conjunto de pessoas, é uma família”, foi dizendo, durante uma conversa em que deu resposta às muitas perguntas colocadas pelo público.

Quando tomou as rédeas da Palbit, em 2001, a empresa estava tecnicamente falida e o país em crise. “Comprámo-la porque mais ninguém a queria”. Jorge Ferreira passou a ganhar a terça parte do que ganhava antes, sabia que havia riscos, mas o otimismo nunca o abandonou. “Se forem pessimistas, não podem ser empresários”, avisou.

Entre 2001 e 2009, viveu o período difícil de tentar salvar a Palbit.

“Quando lá cheguei, constatei que a empresa não sabia vender os seus produtos, um problema transversal a muitas empresas portuguesas”, salientou.

Fez investimentos faseados, promoveu a marca, apostou na formação das equipas de trabalho, entre outras medidas. “Investimos muito nas pessoas. Temos uma taxa de retenção muito elevada e, no último inquérito, 98% dos trabalhadores declaram-se muito satisfeitos”, afirmou, referindo-se repetidamente à “Família Palbit”.

A empresa ultrapassou o seu período crítico e passou a conquistar o mercado internacional. Entre 2009-2015 consegue “mais rentabilidade e um desenvolvimento sustentado”, e, de 2016 até hoje, tem tido “uma aceleração tremenda”. Mesmo agora, em conjuntura de crise, “continuamos a investir, com as cautelas que o tempo exige, mas com a garantia de que o nosso sucesso é o nosso trabalho”, frisou.

“O meu dia de trabalho  começa às 7h30 e, por vezes, só termina à noite, ainda ontem cheguei a casa era quase meia-noite. Passo metade da semana fora de Portugal. Felizmente, tenho uma família compreensiva, que me apoia”.

“Câmara de Albergaria tem sido excecional”

A Palbit, empresa industrial especializada na produção de ferramentas, exporta mais de 90% para perto de 70 países e emprega 290 trabalhadores.

Jorge Ferreira salientou várias vezes o seu gosto em ser português. “Vivemos num país fabuloso e numa região ótima”, considerou, acrescentando que “a Câmara de Albergaria tem sido excecional”, pois “sempre que necessitamos de algo, dá-nos todo o apoio”.

As suas palavras finais foram para desejar “boa sorte e sucesso” a todos os jovens presentes na assistência.