Portugal saiu de cena precocemente. Com uma equipa recheada de talento, seria de esperar que atingisse, pelo menos, as meias finais, mas Marrocos tinha outros planos. No outro jogo, a França tornou-se a primeira campeã em título, desde 1998, a atingir as meias-finais em dois mundiais seguidos.
O final inglório de um grande
A eliminação de Portugal contrasta simultaneamente com o último jogo de Cristiano Ronaldo em mundiais. Foram cinco campeonatos do mundo que o capitão da seleção nacional disputou, o único jogador a marcar em cinco torneios mundiais de seleções.
Portugal caiu ingloriamente, num jogo em que não merecia. É certo que começou mal, a jogar muito lento, à espera de um adversário que claramente tinha outros planos em mente. Tal como com o Gana, Portugal demorou a ligar a ficha. Mas desta vez já a ligou demasiado tarde. En Nesyri fez o único golo do jogo, numa jogada caída do céu, perto do intervalo.
Na segunda parte, Fernando Santos arriscou tudo, mas mesmo assim não conseguiu um golo que fosse para a equipa das quinas. Um jogo em que Portugal foi melhor, fez mais do que o adversário, porém perdeu 1-0, fruto de um golo obtido por facilitismos por parte de Rúben Dias e Diogo Costa.
A imagem de um Cristiano Ronaldo a sair de campo em lágrimas, sozinho, é uma imagem que pode descrever o sentimento de um país que, mais uma vez, viu uma geração de ouro falhar a prata.

Ingleses ladram, franceses mordem
Provavelmente o melhor jogo ou dos melhores jogos deste campeão do mundo. As duas equipas e o contexto do jogo também fazia antever tal acontecimento. França e Inglaterra disputavam entre si o acesso às meias finais do campeonato do mundo.
Ambas as equipas assumiam-se candidatas ao título mundial e, por isso, demonstraram todos os seus argumentos para isso. Tchouameni, médio do Real Madrid, fez a primeira vítima aos 15 minutos, num remate fortíssimo de fora de área. Os ingleses tentaram responder, mas Lloris defendia tudo o que lhe aparecia à frente.
A abrir a segunda parte, Saka é derrubado na área francesa, Kane é chamado a bater o penalti e igualdade no marcador. Os britânicos foram melhores a partir daí, a criar várias situações para chegar à vantagem. Porém, seria num remate esquisito que Giroud voltaria a colocar a França na meia-final. Perto do final, os ingleses dispuseram de nova grande penalidade, mas desta vez Kane enviou a bola para fora do estádio.

Era uma vez… o Mundial | O bis francês em solo russo
Chega ao fim a viagem pelos mundiais de futebol. De 1930 até 2018, este percurso trouxe jogos épicos, polémica, insólitos. Tudo aquilo que o futebol pode oferecer.
O mundial da Rússia não foi dos mais memoráveis. Aliás, foi há quatro anos e é difícil para muitos lembrarem-se de jogos emocionantes. A França sacou a taça num campeonato do mundo quase perfeito pelos franceses.
Em três jogos na fase de grupos venceu dois e empatou diante da Dinamarca, o que lhe valeu, ainda assim, a passagem em primeiro lugar do grupo. A seguir veio a Argentina, que teve muita dificuldade na fase de grupos e chegou-se a pensar que iriam embora na primeira fase, mas conseguiu passar à última da hora. O França x Argentina tornou-se um dos melhores jogos deste mundial. Golos para todos os gostos, incluindo a bomba de Pavard que carimbou a passagem dos franceses para a fase seguinte. Essa vitória acabou por moralizar a equipa francesa para a conquista do troféu. Seguiu-se o Uruguai, carrasco de Portugal nos oitavos, e a Bélgica, que eliminou o Brasil nos quartos. A Croácia foi a equipa sensação deste mundial ao atingir a final, mas não conseguiu passar pela excelente geração de jogadores franceses.

Portugal fez uma caminhada à portuguesa, com calculadora na mão. Num grupo difícil, mas acessível, discutiu o acesso até ao último minuto com a Espanha. Aliás, o Espanha x Portugal da fase de grupos foi mesmo o jogo mais memorável de todo o mundial. Um escaldante e emocionante empate a três bolas, uma das melhores exibições pela seleção de Cristiano Ronaldo, que marcou todos os golos portugueses nesse jogo. O último é um hino ao futebol. Um livre direto como nos tempos do Manchester United (a primeira passagem): remate forte e tenso, e bola lá dentro antes que o guarda-redes se esticasse para a tentar apanhar.
A anfitriã Rússia apresentou-se com uma boa geração de jogadores e protagonizou uma das maiores surpresas desse torneio. Os russos passaram a fase de grupos e disputaram os oitavos de final com a Espanha. A anfitriã levou o jogo até ao desempate por grandes penalidades e eliminou os espanhóis, que ficaram muito aquém, apesar de muita polémica mesmo antes de iniciar a sua campanha no mundial, com a dispensa do técnico, Lopetegui, a dois dias do primeiro jogo frente a Portugal.
A Croácia mostrou ser osso duro de roer, ao ultrapassar todas as fases a eliminar até à final através de prolongamento e penaltis. Apenas a Inglaterra caiu sem precisar de se jogar a “sorte” dos pontapés de 11 metros.
Fotos: DR