A melhoria de acessibilidades e o finalizado “jardim didático” foram as prendas que o Centro de Interpretação da Pateira de Frossos deu à comunidade no 2º aniversário do próprio. Autarcas, membros de associações locais e visitantes não hesitaram em arregaçar as calças e andar de pé descalço pelo trilho sensorial, que replica o chão natural da Pateira.
Aprender com os antigos e de mãos na terra tem sido pauta do Centro de Interpretação da Pateira de Frossos (CIPF) e o dia do 2º aniversário não foi diferente. O equipamento municipal dedicado à sensibilização e educação ambiental convidou a comunidade a experimentar e explorar todos os cantos e detalhes do agora completo “jardim didático”. O espaço de aprendizagem inclui o trilho sensorial que convida a sentir na pele o diverso solo da Pateira de Frossos, o viveiro com sementeiras de espécies autóctones, um charco, hotel de insetos, horta biológica, compostor, jardim de borboletas e zona de jardinagem com flores e ervas aromáticas, como detalha Gonçalo Abreu, responsável pelo Centro, ao Jornal de Albergaria.
“São projetos que nos permitem mostrar aos mais novos que, por exemplo, no caso da sementeira, as árvores vêm das sementes e demoram tempo a crescer; que não aparecem como as vemos na natureza e que a mesma espécie tem diferentes ritmos de crescimento”, explica, apontando para os vasos em plástico de onde brotam já pequenas folhas. Gonçalo acrescenta que criaram também um comedouro “feito de madeiras de móveis usados” e um abrigo para ouriços e sapos para os acolher “caso eles quiserem para lá ir, claro”.
Ao som dos cavaquinhos da Universidade Sénior de Albergaria, autarcas locais, visitantes e membros de associações da freguesia e do concelho experimentaram o trilho sensorial, de calças arregaçadas e pés descalços, encaminhados pelo tambor do sr. Cascais, do grupo que deu música à festa e cantou os parabéns ao CIPF.
“Obrigado a todos os que nos apoiaram ao longo destes anos. Queremos continuar a trabalhar no nosso objetivo de incentivar os mais novos ao contacto com a natureza e aprendizagem sobre a Pateira”, dizia Gonçalo Abreu, responsável pelo Centro, com um agradecimento especial a Porfíria Pereira pelo trabalho feito na jardinagem e agricultura do espaço.
Gentes “proativas e humildes”
Num terraço finalizado com mesas de madeira, bancos de jardim e peças decorativas em pedra – como uma caixa de correio e a cabeça de boi que guarda o charco – António Loureiro, presidente da Câmara Municipal, louvou “o dia feliz” de celebração de um espaço diferenciador no concelho, que fez questão de mostrar ao Departamento Financeiro da autarquia, igualmente presente, defendendo que “há despesas que não são despesa, são investimento”.
Sandra Figueiredo, técnica municipal do Departamento de Turismo, reforçou a mensagem e lembrou que continua em marcha o projeto para construir uma residência que permita a fixação de voluntários durante as ações. Ao longo dos últimos dois anos, o CIPF realizou 62 sessões de voluntariado, 112 workshops com um total de dois mil participantes e contou com 150 visitas espontâneas, ao longo destes dois anos.
Sandra Almeida, vereadora do Ambiente e natural de Frossos, elogiou as gentes da terra por serem “proativas e humildes”, uma generosidade materializada na doação de património e terrenos, como foi a Casa do Professor onde o CIPF mora há dois anos, um lugar que “já foi Câmara Municipal, cadeia e registo civil porque Frossos já foi sede de concelho”, apontou Delfim Bismarck, vice-presidente e vereador da Cultura.
Sandra Almeida avançou que a via ciclável de Angeja a Frossos será estendida até Loure igualmente graças à doação de terrenos por parte de locais. “É a freguesia mais pequena do concelho e a que mais faz doações de terrenos ao município”, reforçou António Loureiro. Augusto Paiva, secretário da Junta de Freguesia de São João de Loure e Frossos, garante que os genes generosos de Frossos “ainda continuam e vão continuar” e parabeniza o espaço por ser “uma mais-valia para a freguesia, concelho e país”.
O corte do bolo e brinde com espumante foi feito à sombra criada sob uma mesa de madeira, uma das adições ao espaço que está agora decorado com materiais doados e reaproveitados, numa tentativa de minimizar o impacto ambiental associado ao crescimento de um novo local.
O momento de celebração contou com a presença da APPACDM de Albergaria, visitantes assíduos do Centro; elementos da BioLiving, associação parceira do CIPF na maioria das atividades; membros do Grupo de Teatro ‘A Bateira’; Hélder Brandão, presidente da Junta de Angeja, freguesia vizinha; e Carlos Coelho, presidente da Junta de Freguesia da Branca.
Antes das entidades oficiais e visitantes, coube aos alunos do Jardim de Infância do Sobreiro, logo pela manhã, testar o completo jardim didático na sua plenitude; onde experimentaram o trilho e participaram em jogos tradicionais, como o desafio de pontaria ‘da argola’, corrida de sacos e jogo da corda, onde cada um puxa para seu lado.